Debêntures Petrobras 2025: análise completa – Nord Investimentos

Saiba tudo sobre a nova emissão de debêntures PETR4. Veja taxas, prazos, riscos e descubra se vale a pena investir neste título

Malu Paolantoni 21/06/2025 07:50 7 min
Debêntures Petrobras 2025: análise completa – Nord Investimentos

A Petrobras (PETR4) anunciou sua 8ª emissão de debêntures incentivadas. A debênture é classificada como simples, quirografária (sem garantias específicas) e não conversível em ações, com garantia firme de colocação no valor total de R$ 3 bilhões.

Entenda tudo sobre a nova emissão de debêntures da Petrobras.

Características da 8ª emissão de debêntures da Petrobras

Destinada a investidores em geral, a nova emissão conta com isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e é composta por três séries distintas:

  • Primeira série: possui vencimento em 15 de junho de 2035 e duration estimada em 7,6 anos. A remuneração teto oferecida é de IPCA + 6,85% ao ano ou NTN-B 2035 menos 0,40%, o que for maior.
  • Segunda série: possui vencimento em 15 de junho de 2040 e duration estimada em 9,4 anos. A remuneração teto oferecida é de IPCA + 6,90% ao ano ou NTN-B 2035 menos 0,35%, o que for maior.
  • Terceira série: possui vencimento em 15 de junho de 2045 e duration estimada em 11,1 anos. A remuneração teto oferecida é de IPCA + 6,95% ao ano ou NTN-B 2045 menos 0,30%, o que for maior.

Os juros das três séries serão pagos semestralmente, favorecendo a geração periódica de caixa para o investidor. A amortização do principal será integral no vencimento da primeira série, enquanto, para a segunda e a terceira séries, ocorrerá nos três últimos anos do prazo. O papel conta com classificação AAA.br pela Moody’s.

A estrutura da emissão prevê também a possibilidade de resgate antecipado facultativo por parte da Petrobras, com pagamento de prêmio ao investidor, conforme previsto na escritura. 

Como avaliar se uma debênture vale a pena?

Se você está começando a investir e se deparou com uma nova debênture da Petrobras, talvez tenha se perguntado: "Será que isso vale a pena pra mim?" Para responder a essa pergunta com mais confiança, o ideal é seguir dois passos: 

  • Entender o risco de crédito da empresa devedora;
  • Analisar a taxa de retorno oferecida. 

Começando pelo risco de crédito, o que você precisa avaliar aqui é: quão confiável é a empresa que está pegando seu dinheiro emprestado? Ou seja, possui uma boa saúde financeira? Tem histórico de honrar suas dívidas? Qual o grau de risco de ela não pagar?

No caso da Petrobras, essa é uma pergunta particularmente interessante, porque estamos falando de uma das maiores empresas do Brasil — e, nos próximos blocos, vamos te mostrar os principais dados financeiros da companhia.

Depois de entender o risco, vem a segunda etapa: avaliar a rentabilidade. As debêntures oferecem uma taxa de retorno — normalmente ligada a indicadores como IPCA ou CDI — e o investidor precisa entender se essa remuneração compensa o risco que está assumindo.

Por exemplo: se uma debênture paga IPCA + 6% ao ano, isso pode parecer atrativo. Mas será que está melhor que o Tesouro IPCA com liquidez diária? Será que está compatível com o risco da empresa? A comparação com alternativas de risco semelhante é fundamental para decidir.

E não se esqueça da liquidez: debêntures costumam ter prazos longos e nem sempre é fácil vender antes do vencimento. Ou seja, é um investimento que precisa combinar com seu momento de vida e seus planos futuros.

No próximo bloco, vamos olhar com mais calma para os números da Petrobras e entender melhor o risco envolvido.

Risco de crédito da Petrobras

A Petrobras fechou 2024 com uma receita líquida de R$ 491 bilhões e começou 2025 em alta: o primeiro trimestre registrou R$ 123 bilhões, crescimento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O plano estratégico da companhia para o período entre 2025 e 2029 mantém como prioridade o segmento de Exploração e Produção (core business), com foco nos investimentos no pré-sal.

Fonte: Petrobras. Elaboração Nord Research

O resultado líquido de 2024 foi impactado por variações cambiais relacionadas a dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior, além de um quarto trimestre marcado por menor produção e queda no preço do petróleo.

Já no primeiro trimestre de 2025, a companhia registrou lucro de R$ 35 bilhões — valor superior ao observado no mesmo período de 2024 (R$ 24 bilhões) e próximo ao lucro acumulado de todo o ano passado (R$ 37 bilhões), impulsionado por variações cambiais positivas. O Retorno sobre o Patrimônio (o conhecido ROE) anualizado atingiu 41%, um patamar bastante expressivo.

Após reduções em 2023 e 2024, o Ebitda apresentou um leve crescimento de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 62 bilhões, com uma margem ainda elevada, de 50,4%.

A dívida líquida recuou para R$ 322 bilhões, e a alavancagem (relação dívida/EBITDA) caiu de 1,51x para 1,45x, um nível saudável para empresas do porte da Petrobras.

Fonte: Petrobras. Elaboração Nord Research

Além disso, o perfil da dívida é considerado confortável, com a maior parte dos vencimentos concentrada a partir de 2030. 

A companhia conta com R$ 44 bilhões em caixa e aplicações financeiras, montante suficiente para cobrir obrigações até meados de 2027 — embora os recursos mais líquidos garantam cobertura apenas até meados de 2026, o que pressiona um pouco os indicadores de liquidez. Ainda assim, a nova emissão de dívida deve aliviar essa pressão e reforçar o caixa.

Como pontos de atenção, os resultados da Petrobras estão sujeitos às oscilações no preço do petróleo, às variações cambiais, ao nível de produção e aos riscos ambientais.

Em resumo, do ponto de vista de crédito, a Petrobras mostra-se resiliente e com perfil de baixo risco. Mas será que a taxa oferecida compensa? É isso que vamos ver a seguir.

Spread negativo: entenda e evite a armadilha

Depois de entender o risco de crédito da empresa, o próximo passo é olhar com calma para o quanto essa debênture vai pagar. E é aqui que vem a surpresa: a taxa oferecida não é tão atrativa quanto parece.

A remuneração está sendo definida em torno de Tesouro IPCA menos alguma coisa. Sim, isso mesmo: um rendimento abaixo do título público equivalente — o que chamamos de spread negativo.

Mas o que isso quer dizer, na prática?

Pense em duas opções de investimento:

  • Tesouro IPCA pagando IPCA + 7% ao ano, com liquidez diária e o menor risco da renda fixa brasileira;
  • Debênture da Petrobras pagando IPCA + 6,70% ao ano, com vencimento lá na frente e menor liquidez (ou seja, para sair é necessário recorrer ao mercado secundário).

Apesar da debênture ser isenta de imposto de renda, e por isso entregar uma rentabilidade líquida maior, é importante entender que essa isenção não deveria servir como “desculpa” para aceitar um spread negativo.

Na prática, o investidor está sendo remunerado apenas com o benefício fiscal, sem receber um prêmio adicional (spread positivo) pelos riscos extras que está assumindo — como a menor liquidez e as oscilações do setor de óleo e gás.

Em outras palavras: o retorno final pode até ser competitivo por causa da isenção, mas enxergamos que a estrutura da oferta não premia adequadamente o investidor pelos riscos envolvidos, como o risco de liquidez.

Debênture da Petrobras 2025: vale a pena?

A Petrobras é uma empresa sólida, com bons números e perfil de crédito robusto. Mas, para decidir investir em uma debênture, não se deve avaliá-la apenas pela qualidade do emissor.

É essencial olhar também para o preço do risco, ou seja, a taxa que você vai receber para abrir mão de liquidez e assumir incertezas adicionais.

No caso dessa emissão, a taxa está abaixo da oferecida por títulos públicos equivalentes — e, mesmo que a isenção de imposto de renda torne o retorno líquido atrativo, não vemos como uma boa justificativa para aceitar um spread negativo.

Investidores devem buscar ser bem pagos pelos riscos que assumem. E aqui, a estrutura da oferta inverte essa lógica: o investidor está aceitando que a empresa pague menos do que o Tesouro Direto, mesmo enfrentando menos flexibilidade.

Por isso, optamos por ficar de fora da oferta. Mesmo com a tributação, o Tesouro Direto segue como uma excelente alternativa: tem rendimento competitivo, liquidez diária e o menor risco de crédito do mercado.

Para a parcela atrelada à inflação, nossa preferência segue com o Tesouro IPCA 2040.

Na renda fixa, o segredo não está só em olhar a taxa final — mas em entender o que você está recebendo a mais por cada risco que escolhe correr.

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