IPO da Vivara: analistas conheça os riscos e expectativas
Confira os riscos e projeções do IPO da Vivara, incluindo lock-up, margens, concorrência e plano de expansão ambicioso
Durante a live, Bruce Barbosa, Carlos Herrera e Marilia Fontes discutiram o IPO da Vivara. A conversa abordou os detalhes da oferta, os argumentos a favor e contra o investimento, e as expectativas sobre o desempenho da empresa na bolsa. A seguir, estão os principais pontos do debate.
Como foi estruturado o IPO da Vivara
O IPO da Vivara foi precificado a R$ 24 por ação. Investidores que aceitaram o lock-up de 45 dias receberam cerca de 47% do valor reservado, enquanto os que recusaram o lock-up receberam apenas 3%.
Ainda havia dúvidas entre os participantes da live se o investidor que recusou o lock-up teria recebido esse percentual sobre o mínimo garantido ou apenas 3% do valor total solicitado.

Argumento contra: valuation elevado e riscos na execução
Carlos Herrera criticou fortemente o IPO, considerando-o “absurdo” e comparando-o a ofertas mal-sucedidas de 2007. Ele afirmou que, mesmo fazendo um modelo com premissas extremamente otimistas — crescimento elevado, margens no topo e sem obstáculos — o preço ainda parecia alto.
Segundo ele, o IPO implicava pagar múltiplos de 15 a 22 vezes o lucro projetado, com prêmio de até 100% em relação a outras joalherias globais. O plano de crescimento — abrir cerca de 200 lojas — exigiria execução impecável, algo que a empresa nunca demonstrou fazer em ritmo tão agressivo.
Argumento a favor: empresa resiliente e estratégia tática
Bruce Barbosa reconheceu que o IPO veio caro, mas defendeu a entrada com lock-up como uma estratégia pontual. O argumento é que a Vivara é uma empresa sólida, com margens altas e histórico consistente mesmo em momentos de crise econômica. A ideia não era carregar o papel no longo prazo, mas se beneficiar da forte demanda inicial e vender após o período de lock-up.
Plano de expansão ambicioso e riscos envolvidos
A Vivara planeja dobrar seu número de lojas, passando de 200 para 400 em poucos anos. O plano envolve abrir cerca de 50 lojas por ano, algo nunca feito nem mesmo no auge do crescimento, em 2007. Há preocupação com canibalização de vendas entre unidades, dificuldade de contratar e treinar vendedores, e desafios logísticos e operacionais.
Além disso, os analistas alertaram que margens elevadas podem não se manter durante o processo de expansão. Crescimento rápido normalmente pressiona os indicadores financeiros, e não foi demonstrado como a empresa manteria eficiência com essa velocidade de abertura.
Concorrência e percepção de marca
A Vivara concorre com marcas como Pandora e Morana. A Morana, voltada à classe C, possui cerca de 270 lojas e maior presença em shoppings populares, com maior reconhecimento de marca no público mais amplo. A Vivara, por outro lado, é vista como uma marca premium, com forte controle vertical: da produção ao ponto de venda.
Considerações finais
O debate deixou claro que há duas leituras possíveis: uma aposta de curto prazo baseada em demanda e liquidez, e uma visão de longo prazo mais crítica quanto ao preço e aos desafios de execução.
Os analistas reforçaram que investir é decidir qual risco o investidor está disposto a correr, e que mesmo opiniões técnicas podem divergir.