Como um fundo multimercado atua em crise: entrevista com sócio da Legacy Capital
Entrevista com fundador da Legacy Capital explica como um fundo multimercado ajusta posições em momentos de volatilidade e preserva capital
Nesta entrevista com Pedro Jobim, sócio-fundador da Legacy Capital, ele compartilha sua trajetória no mercado financeiro e revela como um fundo multimercado ajusta a gestão diante de crises. Abordamos estratégias, riscos, alocação e visão para o cenário econômico atual.
A trajetória e a formação da Legacy Capital
Pedro explica que a Legacy foi estruturada após deixar o Santander, junto com Gustavo e Felipe, com quem trabalhava por cerca de 10 anos.
Eles começaram a operar em julho de 2018, mas já tinham longa experiência anterior em outras instituições. Ele possui doutorado em economia pela Universidade de Chicago e mestrado pela PUC.
Diagnóstico: quando notaram mudança de cenário
Eles mantinham uma postura otimista em Brasil, alavancada em reformas e expectativas de retomada. Mas, conforme sinais de dificuldade operacional começaram a surgir, gradualmente reduziram posições em renda variável já no fim de 2019 e início de 2020.
Quando veio a volatilidade intensa a partir de fevereiro, o fundo diminuiu significativamente exposição em ativos mais sensíveis — mesmo em posições de renda fixa longa no Brasil e México que pareciam promissoras.
Como funciona a gestão de risco em um fundo multimercado
- A dimensão das posições precisa se ajustar: se o tamanho continuasse o mesmo, a volatilidade explodiria.
- Não operam com stop fixo: a decisão é discricionária, baseada no cenário vigente.
- Quando perdas se aproximam de níveis críticos, reduzem posições. Depois, reconstruem gradualmente de acordo com o novo padrão de mercado.
Avaliação das medidas fiscais e monetárias adotadas
Segundo Pedro, o pacote de estímulos no Brasil é comparável ao que governos centrais fazem: foco em renda emergencial, crédito subsidiado e fortalecimento do BNDES.
Ele acredita que essas medidas são necessárias, mas não suficientes para reverter totalmente os efeitos da recessão já em curso. A grande incógnita agora é: quanto tempo durará essa paralisação econômica?
Expectativas para taxas de juros e inflação
O fundo aposta em queda de juros em vários países, inclusive Brasil e México. Eles alimentam posições nessas curvas e também veem papel para o ouro como reserva de valor em ambiente de políticas monetárias agressivas. No entanto, alertam que haverá pressão sobre inflação no horizonte de médio prazo e que o juro baixo precisa ser credibilizado para surtir efeito real no crédito.
Estratégia em Bolsa e alocação internacional
Hoje a exposição a ações nos EUA e ouro ocupa cerca de um terço da capacidade do fundo. Eles preferem não assumir grandes apostas imediatas diante da incerteza elevada, mas acreditam que a economia americana tem mais chances de recuperação rápida comparada a outros mercados emergentes.
Para voltar a olhar para a bolsa brasileira, eles esperam maior clareza política e compromisso fiscal do Congresso com agenda de médio prazo.
Comportamento dos investidores e captações
Pedro afirma que, no fundo deles, houve pouca correção forçada ou pânico: apenas 4–5% de saída provocada por fundos de fundos. Houve demanda percebida para novas entradas, mas tudo manejado com cautela.
O papel do gestor e mensagem para investidores iniciantes
- A relação de confiança com o gestor precisa ser construída antes de crises.
- Evite pânico e decisões impulsivas nos momentos críticos.
- Invista em horizontes compatíveis com o seu risco: se busca retorno em 3 a 6 meses, o fundo pode oscilar muito.
- O recurso investido deve ser algo que você não precisa resgatar no curto prazo.
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