Estratégias de gestão de investimentos em crises: lições de mercado
Entenda como gestores experientes adaptam suas carteiras em momentos de crise e quais estratégias adotam para preservar capital e capturar oportunidades
Em um contexto de forte instabilidade nos mercados, conhecer como gestores experientes reagem e ajustam suas carteiras pode oferecer aprendizados essenciais. Neste texto, apresentamos um depoimento de gestores com décadas de atuação sobre a trajetória durante a crise, as escolhas feitas e visões para o futuro — tudo sob a ótica da gestão de investimentos em crises.
A trajetória profissional dos gestores
Marcelo atua desde 1989 no mercado financeiro, tendo passado por fases turbulentas nos anos 1990 e 2000. Ele se dedicou à gestão de fundos long‑short, atuando na análise de ações com foco macro.
Elson, por sua vez, ingressou no mercado em 2000 com foco macroeconômico e análise política. Ele também atuou em análise de ações e contribuiu para a arquitetura da estratégia usada na Safari.
Estrutura e princípio de investimento da Safari
Desde o início da Safari, a estratégia adotada foi equilibrar momentos de mercado bons e maus, com exposição maior nos bons ciclos e redução nos momentos adversos.
Em crises anteriores (2015–2018), eles implementaram defesas prudentes e aprendizado operacional, que ajudaram a resistir às turbulências.
A reação ao choque inesperado da crise (COVID‑19)
Os gestores destacam que a crise causada pela pandemia foi abrupta, não linear e com grande dificuldade de antecipação. Eles identificaram dois erros:
- subestimar o impacto inicial da pandemia fora da China
- não visualizar o grau de aceleração negativa nos mercados
Nesse cenário, foi necessário ajustar rapidamente a carteira, vendendo posições domésticas vulneráveis e se concentrando em ativos com melhor liquidez.
O processo de ajuste da carteira
- A exposição líquida foi reduzida gradualmente: de 100 % para cerca de 30 % em momentos de maior aversão.
- O posicionamento foi simplificado, com menor complexidade setorial e maior foco em setores menos dependentes da recuperação imediata.
- As vendas foram priorizadas sobre ações com riscos de solvência ou baixa liquidez.
Setores com melhor e pior desempenho esperado
Setores mais resistentes
- Concessionárias rodoviárias: não têm estoque e dependem de fluxo de veículos (que tende a retornar).
- Alimentos e frigoríficos: setor essencial, com demanda mais estável.
- Empresas globais/externas: menor dependência da dinâmica doméstica.
Setores mais vulneráveis
- Varejo físico: sofre com lockdown e menor circulação.
- Incorporadoras e construção: alta exposição a crédito, distratos e estoques não vendidos.
- Autopeças e veículos: baixo investimento em momentos de retração.
Caixa, exposição e decisões dinâmicas
Manter caixa reserva é essencial para aproveitar baixas subsequentes. Eles trabalham com indicadores como:
- evolução do fluxo de caixa das empresas
- resistência financeira (solvência)
- execução de políticas fiscais e monetárias
- tendência da epidemia e retomada econômica
Esses sinais indicam o momento certo para aumentar ou diminuir exposição à renda variável.
Lições aprendidas de crises passadas
- As crises recentes foram menos súbitas e mais antecipadas.
- Nesta crise, o choque foi rápido, sem sinais claros prévios — requerendo adaptação imediata.
- É importante reduzir a exposição logo no início quando o ambiente fica nebuloso.
- Ter liquidez e disciplina para reconstruir posições ao longo do tempo.
Mensagem final aos investidores
Mantenha a calma. Evite movimentos bruscos de resgate. Invista em ações apenas se tiver horizonte de médio a longo prazo. Procure empresas bem fundamentadas, com fluxo de caixa sólido. Voltar com convicção quando os indicadores confirmarem melhoria pode fazer diferença no resultado final.
Ajuste hoje mesmo sua carteira de ações para ganhar mais dinheiro.