URPR11 reduz dividendos e cotas caem mais de 3% na bolsa: entenda o cenário do fundo imobiliário

Fundo URPR11 reduz dividendos pelo segundo mês seguido e preocupa investidores com queda nas cotas e inadimplência de CRIs

Otmar Schneider 04/08/2025 09:52 3 min
URPR11 reduz dividendos e cotas caem mais de 3% na bolsa: entenda o cenário do fundo imobiliário

O fundo imobiliário URPR11 voltou a reduzir seus dividendos, gerando mais uma rodada de queda nas cotas negociadas na Bolsa. Neste mês, o pagamento anunciado foi de R$ 0,40 por cota, abaixo dos R$ 0,45 pagos em julho, mantendo a tendência de recuo que se intensificou ao longo do ano.

Evolução dos dividendos do URPR11

Essa redução se soma a uma sequência de distribuições menores, sendo que os proventos atuais são os mais baixos desde abril de 2020. O fundo, que já distribuiu rendimentos da ordem de R$ 2,00 por cota em anos passados, hoje sofre com a redução dos rendimentos por conta da pressão por caixa para terminar obras, além de inadimplências em CRIs.

A figura abaixo mostra a redução dos rendimentos nos últimos 18 meses:

 Evolução dos dividendos do URPR11. Fonte: Mais Retorno

Retenção de lucros para financiar obras

A decisão da gestão está diretamente ligada à estratégia de reter lucros para financiar obras em andamento, que somam cerca de R$ 85 milhões em investimentos. Apenas em março, por exemplo, R$ 4,24 milhões foram destinados a esse fim, comprometendo parte significativa dos rendimentos distribuídos aos cotistas.

Impacto no valor das cotas

A reação do mercado foi imediata. Em junho, após o primeiro anúncio de corte, as cotas do URPR11 recuaram -7,40% em um único pregão. Já em agosto, com o novo corte confirmado, houve queda adicional superior a -3%, com os papéis sendo negociados ao redor de R$ 35,34. Na semana, a perda no valor da cota na Bolsa chegou a -9,54%

URPR11 registra forte queda na semana. Fonte: Google Finance

Os fundos imobiliários são muito sensíveis à questão do dividendo distribuído, já que são um ativo com vocação para a geração de renda mensal. Queda na distribuição geralmente é seguida por queda nos preços das cotas dos fundos.

Inadimplência de CRIs pressiona resultados

Outro fator que tem pressionado o desempenho do fundo é a inadimplência de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) em sua carteira. Com a taxa Selic a 15% ao ano, diversos devedores acabam por ter problemas financeiros e deixam de pagar a PMT (prestação do financiamento). 

A gestão, por sua vez, optou por renegociar alguns desses pagamentos e adiar o recebimento de juros em alguns casos, o que também afeta negativamente o volume disponível para distribuição aos investidores.

Dividend yield atrativo, mas cenário exige cautela

No acumulado dos últimos 12 meses, o URPR11 distribuiu aproximadamente R$ 9,00 por cota, o que equivale a um dividend yield de cerca de 24% aos preços atuais. Apesar desse retorno expressivo, o fundo amarga uma desvalorização de -52% apenas no último ano.

Mesmo diante das turbulências, a gestão segue otimista quanto ao potencial de valorização futura. A expectativa é de que, com a conclusão das obras financiadas e a normalização dos CRIs inadimplentes, os dividendos voltem a crescer. A estimativa é de um retorno mínimo de R$ 1,05 por cota em breve, incluindo os efeitos de correção monetária e ajustes pontuais.

A situação do URPR11 mostra como decisões estratégicas e riscos de crédito podem impactar diretamente a distribuição de rendimentos e a confiança dos investidores. O fundo continua em observação por parte do mercado, que espera sinais mais claros de recuperação nos próximos meses.

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