Tupy (TUPY3) reverte lucro e tem prejuízo no 1T25, com queda de volumes e impacto cambial

Apesar de crescimento em segmentos estratégicos, margens e resultado líquido foram pressionados por menores volumes de vendas e efeitos cambiais

Danielle Lopes 15/05/2025 11:54 5 min Atualizado em: 15/05/2025 14:06
Tupy (TUPY3) reverte lucro e tem prejuízo no 1T25, com queda de volumes e impacto cambial

A Tupy (TUYP3) reportou resultados abaixo do consenso de mercado, com uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões no 1T25, queda de -4,4%, um Ebitda de R$ 247 milhões, -19,7% de baixa e um prejuízo de R$ 12 milhões ante lucro de R$ 111 milhões. Todos os resultados foram comparados com o mesmo período em relação ao ano anterior.

Resultado financeiro foi o vilão do 1T25

A Tupy reportou resultados fracos no primeiro trimestre de 2025, marcados por uma queda na receita líquida, compressão de margens e prejuízo líquido, revertendo o lucro registrado no mesmo período do ano anterior. 

Destaques do 1T25. Fonte: Tupy RI

A receita líquida somou R$ 2,48 bilhões, o que representa uma retração de 4,4% em relação ao 1T24. Essa redução foi impulsionada principalmente pela queda nos volumes de vendas nos segmentos de veículos comerciais leves e pesados, especialmente nos mercados da América do Norte e Europa. Por outro lado, o desempenho das linhas de energia e reposição, além do efeito positivo do câmbio, ajudou a mitigar parcialmente essa queda.

O Ebitda ajustado foi de R$ 247 milhões no trimestre, com margem de 10%, abaixo dos R$ 308 milhões e margem de 11,9% reportados no 1T24. A retração de 19,7% está relacionada à menor diluição de custos fixos, dada a queda na produção, além da ausência de receitas extraordinárias que beneficiaram o resultado do 1T24, como o recebimento de indenização de sinistro no México e recomposição de preços, que somaram cerca de R$ 26 milhões no ano anterior. A unidade MWM apresentou margem próxima de 10%, mesmo com despesas relevantes em pesquisa e desenvolvimento.

O resultado financeiro foi um dos principais vilões do trimestre, com uma despesa líquida de R$ 103 milhões — quase o dobro do 1T24. Os principais impactos vieram das variações cambiais negativas nas contas patrimoniais em moeda estrangeira, que totalizaram R$ 62 milhões, e da apreciação do peso mexicano sobre a base tributária, gerando um efeito negativo adicional de R$ 33 milhões. Com isso, a Tupy fechou o trimestre com prejuízo líquido de R$ 12,2 milhões, revertendo o lucro de R$ 111,7 milhões registrado no 1T24.

No campo operacional, o segmento de reposição se destacou positivamente, com crescimento de 30% na comparação anual e o melhor mês de vendas da história da unidade em março. O segmento de energia e descarbonização também cresceu, com avanço de 25% nas vendas de grupos geradores, cuja margem Ebitda já supera os 10%. Já o segmento de distribuição, como um todo, cresceu 24,8% no mercado interno.

A companhia encerrou o trimestre com R$ 1,71 bilhão em caixa e equivalentes, frente a uma dívida líquida de R$ 2,5 bilhões. O indicador dívida líquida/Ebitda ajustado atingiu 2,03x, piorando frente ao 1T24 (1,87x). A gestão de capital de giro gerou efeitos positivos, com redução de 4 dias no ciclo de conversão de caixa, contribuindo para uma geração operacional de R$ 68 milhões no trimestre.

Tupy amplia atuação para mercado náutico

Para os próximos trimestres, a companhia espera retomada de volumes com o início de novos contratos de fornecimento no segundo semestre, especialmente no segmento de veículos comerciais pesados e motores para veículos leves. 

A Tupy aposta também no crescimento de soluções para o mercado de descarbonização, motores a gás e ampliação da atuação no setor marítimo. Esses segmentos já mostram sinais concretos de evolução: o faturamento com grupos geradores cresceu 25% no trimestre, com margem Ebitda já acima de 10%. Além disso, a empresa firmou contratos relevantes para fornecimento de motores marítimos ao Governo do Estado de SP e à SPTrans, com entregas previstas até o final de 2025.

O mercado náutico é apontado como um vetor relevante, com potencial endereçável estimado em R$ 21 bilhões. Embora a companhia não divulgue uma expectativa de incremento direto nos resultados por esses projetos, os efeitos esperados são positivos tanto para diversificação de receita quanto para recomposição de margens no médio prazo.

O que esperar da Tupy?

Entre os eventos relevantes do período, destaca-se o encerramento do programa de recompra de ações, com aquisição de 13,6 milhões de ações ao custo de R$ 299 milhões. O Conselho de Administração deliberou convocar uma Assembleia Geral Extraordinária para propor o cancelamento das ações em tesouraria.

Recentemente a companhia por mudanças relevantes em sua estrutura de governança durante o período. Em maio de 2025, a companhia promoveu a apresentação de seu novo Diretor Presidente, Rafael Lucchesi, que conduzirá a empresa em sua nova fase estratégica.

Vale destacar também a atuação do Conselho de Administração, que passou a contar, desde abril de 2024, com Mauro Cunha como conselheiro independente. Reconhecido por sua trajetória na promoção da governança corporativa no mercado brasileiro, sua presença tende a reforçar o alinhamento da Tupy com práticas mais robustas de transparência e disciplina na gestão do capital. Esse marco foi considerado uma vitório para os acionistas minoritários.

Diante das inúmeras movimentações de governança na companhia, entendemos que não há upside para justificar o investimento nas ações, diante dos resultados mais instáveis, ausência de visibilidade em novas vertentes, e apostas em nomes que não possuem experiência no segmento.

Por esses motivos, não recomendamos compra para as ações de Tupy. 

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