Acionista da Vivara (VIVA3) digere mal troca de CEO
Troca de CEO levanta risco de governança e ação da Vivara desaba 14%; entenda
Na última sexta-feira, 15, a Vivara (VIVA3) anunciou a renúncia de Paulo Kruglensky como CEO e a eleição de Nelson Kaufman, fundador e maior acionista da companhia, como novo diretor presidente, 13 anos após deixar o cargo.
A aprovação dividiu o conselho da empresa, formado em sua maioria por membros independentes e duas conselheiras, Tarsilia Ursini e Anna Chaia, que votaram contra a volta do fundador.
Joia da B3 despenca -14%
As ações abriram a semana caindo -8% e após a empresa realizar uma reunião com o mercado para apresentar o Nelson como novo CEO, as ações acentuaram a queda e terminaram o dia em -14%.
A mudança inesperada causou um grande ruído em uma das empresas de melhor execução na bolsa nos últimos anos, levantando questões envolvendo sua governança corporativa.
Também contribuiu para a queda das ações o fato de o mercado não estar familiarizado com Kaufman, uma vez que, na época do IPO, era seu filho quem administrava a companhia. Nelson não tinha posições nem no conselho.
Diante disso, surge a seguinte dúvida:
Estamos diante de um sinal para ficar longe da ação ou uma oportunidade de compra?
Por que o fundador está voltando
Este tipo de movimento costuma acontecer quando uma empresa não está com um bom desempenho, mas a Vivara estava indo bem, com a acertada expansão da marca Life e o sucesso de sua estratégia omnichannel.
Segundo entrevistas concedidas por Kaufman, o novo objetivo da companhia será a sua internacionalização.
“O Brasil tem 2% do mercado de joias do mundo, tem espaço para crescer aqui, mas tem muito espaço lá fora também. A Vivara é uma empresa verticalizada, uma marca forte no Brasil que criou o luxo acessível, a democratização da joia, e tenho esse desejo de expandir para outros mercados, internacionalizar”, disse Kaufman em entrevista ao Pipeline.
Durante a teleconferência realizada com o mercado, Kaufman passou a mensagem de que pretende melhorar a companhia em todos os aspectos e acelerar principalmente o crescimento. Mas sem apresentar um plano concreto para nada, vale ressaltar.
“Uma coisa é uma empresa que está navegando bem a 20 km por hora. Outra é uma empresa que acelera até atingir uma velocidade de 50 km por hora. Com o meu conhecimento, consigo apressar esse crescimento”, disse Kaufman em entrevista, desta vez, ao Exame Insight.
Kaufman chegou a citar que a marca Life pode ter entre 500 e 600 lojas, número que chama a atenção tendo em vista que a meta da empresa é alcançar 540 lojas totais em 2026.
Da renúncia de Paulo a volta de Nelson
Desde que Paulo assumiu como CEO, em fevereiro de 2021, na contramão de anos desafiadores para o varejo, a Vivara viu sua receita saltar +96%, seu Ebitda +111% e seu lucro +161%.
Neste período, o market share da Vivara saltou de 13% para 19%, dominando completamente seu mercado, que ainda é extremamente pulverizado.
Apesar de não ser conhecido por ter o dom da fala, Paulo entregou (e muito). Apenas no ano passado, as ações da Vivara subiram +55%.
A inesperada troca de CEO coloca em xeque a tese de que a Vivara é uma empresa com execução superior e que merece negociar com um prêmio.
Contudo, até que a nova gestão prove sua capacidade, pode ser que a ação deixe de ser negociada com este prêmio.
É hora de comprar ou vender VIVA3?
Mesmo depois da forte queda do papel na sessão de ontem, 18, VIVA3 ainda negocia a 12x Ebitda, o que não é um múltiplo baixo em um mundo onde varejistas conceituadas como Lojas Renner negociam a menos de 8x Ebitda.
Nesta quinta-feira, 21, Kaufman vai voltar a falar em nome da empresa, desta vez, apresentando os resultados da companhia na teleconferência do 4T23.
Vemos como mais uma oportunidade que o mercado terá para questionar e tentar entender um pouco melhor os planos da nova gestão.
As ações da Vivara fazem parte da carteira do NORD 10X.
Estamos acompanhando de perto as mudanças e em breve iremos orientar os nossos assinantes sobre o que fazer com as ações.
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