Tarifas dos EUA para Canadá, México e China: o que esperar e como agir agora
Trump eleva taxas sobre produtos do Canadá e do México em 25% e da China, em 10%. Entenda os impactos na economia e nos seus investimentos

No sábado, dia 1º de feveiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de tarifas sobre as importações de três dos principais parceiros comerciais do país: 25% sobre importações do México e Canadá (embora apenas 10% sobre produtos energéticos canadenses) e 10% sobre importações da China no que ele descreveu como retribuição pelo fluxo de migrantes e drogas para os EUA.
Logo após a assinatura da ordem que confirmou a imposição de tarifas sobre importações canadenses, mexicanas e chinesas para os Estados Unidos, os governos de Justin Trudeau (Canadá) e Claudia Sheinbaum (México) se pronunciaram prometendo responder com taxas próprias.
O que são tarifas?
As tarifas são impostos cobrados sobre produtos estrangeiros importados por um país, o que significa que empresas nos EUA devem pagar uma taxa ao governo americano ao adquirir mercadorias fabricadas no exterior.
Como foram colocadas em vigor tão rapidamente?
Para implementar essas tarifas, Trump assinou três ordens executivas com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacionais, de 1977, que permite ao presidente bloquear e congelar transações em resposta a ameaças incomuns e extraordinárias contra os Estados Unidos, declarando assim uma emergência econômica.
Qual foi o argumento para justificar as novas tarifas?
Em postagens do Truth Social, Trump disse que, embora as tarifas "talvez" causem alguma dor aos americanos, elas eram necessárias para afastar o Canadá dos "subsídios" americanos e pressioná-lo a se tornar o 51º estado dos EUA.
Em relação ao México, afirmou que os traficantes de drogas e o governo têm “uma aliança intolerável” que coloca em risco a segurança nacional americana.
A ordem executiva sobre a China diz que o país representa refúgio seguro para organizações criminosas lavarem a receita da produção, envio e venda de opioides sintéticos.
China anuncia tarifas sobre produtos americanos
Em resposta às tarifas de 10% impostas pelo governo de Donald Trump, a China impôs uma taxa de 15% sobre menos de US$ 5 bilhões em importações de energia dos EUA e uma alíquota moderada de 10% sobre o petróleo e equipamentos agrícolas. A medida de Pequim busca equilibrar os impactos econômicos e enviar um recado ao mercado global sobre sua posição firme diante das ações de Washington.

Trump adia tarifas contra Canadá e México
Trump anunciou um acordo para adiar por um mês a aplicação das tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá. A decisão faz parte de uma negociação que envolve segurança nas fronteiras e relações comerciais entre as três nações da América do Norte.
Impactos das tarifas de Trump para os consumidores
As novas tarifas podem resultar em aumentos de preços para diversos produtos importados, afetando diretamente o bolso dos consumidores. Itens como automóveis, eletrônicos e alimentos provenientes desses países podem sofrer elevações de custo, refletindo nas prateleiras dos supermercados e lojas nos Estados Unidos.
Curva de juros americana reage às tarifas de Trump
Com os possíveis efeitos sobre a inflação causados pelas tarifas, as taxas das treasuries de curto prazo, ou seja, os juros futuros de curto prazo, podem ser pressionados, a depender da intensidade desse impacto inflacionário.
Para as taxas das treasuries de longo prazo, no entanto, o ponto mais relevante é o cenário fiscal. Caso o déficit nominal diminua dos 7% atuais, diante de um comprometimento do governo com as contas públicas, podemos ver quedas dos juros longos (marcação a mercado positiva para quem estiver comprado nas treasuries). Por outro lado, caso o cenário fiscal piore, teremos aumento dos juros futuros de longo prazo. Ou seja, o acompanhamento do fiscal é crucial.
Setores mais afetados pelas tarifas
O setor automotivo é um dos mais vulneráveis, já que muitos veículos e peças são importados do México e do Canadá. Além disso, produtos eletrônicos e eletrodomésticos, frequentemente fabricados na China, podem ter seus preços elevados devido às novas tarifas. setor alimentício também pode ser impactado, especialmente em relação a frutas e legumes importados do México.
Guerra comercial e possíveis respostas dos países afetados
O cenário de guerra comercial eleva o temor de uma desaceleração econômica global, pressionando commodities e setores dependentes do comércio internacional. Investidores aguardam novos desdobramentos quanto à aplicação e efeitos do tarifaço.
Uma política monetária mais restritiva nos EUA nos próximos meses também seria negativa para a indústria de criptomoedas, que registrou fortes perdas nos últimos dois dias. Isso porque os juros em patamares elevados costumam direcionar o fluxo de capital dos investidores para ativos de menor risco, como os títulos públicos.
Neste cenário, apesar dos riscos, avaliamos as oportunidades em ações, renda fixa e cripto.
“Tarifaço“ de Trump cria oportunidades de investimento
Ações internacionais
Quando compramos ações, estamos alocando aquele capital que não será necessário no curto prazo. Estamos investindo com uma orientação de pelo menos cinco anos ou mais. Nesses prazos mais longos, as manchetes e narrativas macroeconômicas não resultam em impactos relevantes para as empresas. Especialmente se o filtro para investimentos for de negócios acima da média.
Dito isso, busque encontrar empresas que possuam previsibilidade em relação aos resultados futuros. Dando preferência àquelas que, além da previsibilidade, apresentem crescimento ou tenham a capacidade de repassar os custos da inflação aos seus clientes. Opte, também, por companhias com um histórico positivo de alocação de capital (use o ROIC para quantificar essa avaliação).
No Nord Global, identificamos essas qualidades em diversas posições de nosso portfólio. A TSMC (B3: TSMC34 | NYSE: TSM) e a Meta Platforms (B3: M1TA34 | Nasdaq: META), dona do Facebook, exemplificam essas características de forma clara. Naturalmente, ambas estão sujeitas a riscos inerentes às respectivas teses de investimento. No entanto, trata-se de empresas com alta previsibilidade de resultados e vantagens competitivas robustas e duradouras.
Renda fixa
O início do governo Trump vem sendo marcado por um tom mais brando do que se esperava anteriormente, especialmente ao levarmos em consideração as falas mais duras durante o período de campanha eleitoral.
Outro ponto de acompanhamento em relação ao novo governo é como será a abordagem para as contas públicas.
Do início da pandemia (março de 2020) até março de 2022, os EUA apresentaram um déficit nominal médio de 12,3%. Após esse período, houve redução, mas ainda em um patamar não condizente com o histórico do país. Atualmente, esse déficit vem rodando em torno de 7%.
Soma-se a isso o cenário de atividade aquecida e a inflação norte-americana ainda com desafios para desacelerar para a meta de 2,0%, o que justifica a postura mais cautelosa do Fed, o Banco Central dos EUA.
Esse cenário pode gerar volatilidade nas curvas de juros. Por outro lado, juros longos de 4,50% nos EUA representam um patamar elevado que pode trazer oportunidades em um contexto de correção, seja por meio das Treasuries (tesouro americano) ou por bonds (créditos corporativos), cujos spreads ainda oferecem oportunidades. No entanto, devemos acompanhar atentamente os dados de déficits e as próprias sinalizações de Trump sobre a política fiscal.
Criptomoedas
Na nossa perspectiva, tentar “pegar a faca caindo” é uma estratégia arriscada. Não há como prever se a desvalorização continuará ou se haverá uma recuperação significativa. Diante da imprevisibilidade do mercado, é prudente evitar especulações baseadas na tentativa de identificar o momento exato do fundo.
Para investidores de criptomoedas que consideram alocar todo o capital em altcoins, recomendamos cautela e paciência. Caso o mercado continue em queda, uma exposição excessiva pode representar um risco elevado, especialmente em ativos mais voláteis e sensíveis às oscilações do mercado.
Por outro lado, para aqueles que preferem evitar altcoins, este pode ser um momento oportuno para concentrar investimentos em ativos mais consolidados, como Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Solana (SOL). Essas criptomoedas estão em níveis estratégicos de compra e apresentam maior potencial de retorno com menor volatilidade em comparação às alternativas menos estabelecidas.
Trump considera tarifas contra União Europeia
O presidente Trump está considerando a imposição de uma tarifa de 10% sobre produtos importados da União Europeia (UE), medida que pode intensificar as tensões comerciais globais. Essa iniciativa visa equilibrar o déficit comercial dos EUA com a UE, incentivando o bloco europeu a aumentar a compra de petróleo e gás americanos. Indústrias como a automotiva, agrícola e de manufatura podem enfrentar desafios significativos devido ao aumento dos custos de importação e possíveis medidas retaliatórias.
Perspectivas futuras e considerações finais
As tarifas impostas pelo governo Trump representam uma mudança significativa na política comercial americana e podem ter consequências duradouras para a economia do país e para os consumidores. essencial acompanhar de perto os desdobramentos dessas medidas e avaliar suas implicações no mercado e no cotidiano da população.

