Spread bancário: o que é, como funciona e como afeta seus investimentos
Entenda o que é o spread bancário, como ele impacta o crédito, os juros e seus investimentos. Veja exemplos práticos e o que influencia esse custo

O spread bancário é um dos conceitos mais importantes do sistema financeiro — e também um dos que mais afetam seu bolso. Ele explica por que os juros que você paga em um empréstimo são muito mais altos do que os rendimentos que recebe em aplicações financeiras.
No Brasil, esse diferencial é um dos maiores do mundo, reflexo de riscos, custos e ineficiências estruturais. Entender como o spread funciona é essencial para quem deseja investir melhor, contratar crédito com consciência e interpretar a dinâmica da economia nacional.
Sumário
- Como funciona o spread bancário?
- Como é calculado o spread bancário?
- O que compõe o spread bancário?
- Por que o spread bancário é tão alto no Brasil?
- Qual o impacto do spread bancário nos investimentos?
- Como diminuir o impacto do spread nos seus investimentos
- Spread bancário e taxa Selic: qual a relação?
- Impacto do spread bancário na economia
Como funciona o spread bancário?
O spread bancário representa a diferença entre o que o banco cobra ao emprestar dinheiro e o que ele paga ao captar recursos. Em outras palavras, é a margem entre a taxa de juros cobrada dos clientes e a taxa paga aos investidores.
Para captar recursos, os bancos emitem produtos como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Quando você investe em um CDB, por exemplo, está emprestando dinheiro ao banco em troca de uma taxa de rendimento.
Esse dinheiro captado é, então, emprestado a pessoas físicas e empresas, por meio de empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e imóveis, crédito empresarial e cheque especial. A taxa cobrada para essas operações costuma ser muito superior à taxa paga no CDB.
Importante: o spread não representa apenas o lucro do banco. Ele também inclui custos operacionais, tributos, provisões para inadimplência e riscos associados à operação.
Imagine, por exemplo, que um banco capte dinheiro por meio de um CDB pagando 12% ao ano. Esse mesmo banco empresta esses recursos por meio de crédito pessoal a 36% ao ano. O spread nominal é de 24 pontos percentuais — mas boa parte disso é absorvida por impostos, custos administrativos e riscos de calote.
Já em outro caso, ao usar o cheque especial, um cliente pode pagar até 130% ao ano em juros, enquanto o banco pode ter captado o recurso com um CDB pagando 12%. O spread, nesse caso, ultrapassa 100 pontos percentuais, refletindo o alto risco de inadimplência associado a esse tipo de crédito.

Como é calculado o spread bancário?
A fórmula básica do spread bancário é:
Spread bancário = Taxa de empréstimo - Taxa de captação.
- Taxa de empréstimo: é a taxa que o banco cobra de seus clientes para conceder um empréstimo. Por exemplo, um empréstimo consignado pode ter uma taxa de 15% ao ano.
- Taxa de captação: é a taxa que o banco paga para captar recursos, como em uma aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB). Neste caso, o banco oferece uma aplicação com rendimento de 5% ao ano.
O que compõe o spread bancário?
Como mencionado, essa margem não representa apenas o ganho das instituições financeiras. O spread reflete:
- inadimplência: bancos precisam se proteger contra calotes. Quanto maior o risco de não pagamento, maior tende a ser o spread;
- tributos: operações financeiras são fortemente tributadas, como com o IOF;
- custos operacionais: despesas com folha, agências, tecnologia, compliance e atendimento ao cliente;
- lucro dos bancos: claro que há margem de lucro, mas ela é apenas uma parte do todo;
- depósitos compulsórios: porcentagem do dinheiro captado que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central, sem remuneração.
Por que o spread bancário é tão alto no Brasil?
O spread bancário no Brasil está entre os maiores do mundo devido a uma combinação de fatores históricos e estruturais.
O país enfrenta um risco de crédito elevado, resultado de índices altos de inadimplência e volatilidade econômica, o que obriga os bancos a cobrarem juros maiores para se protegerem. Além disso, a concentração do mercado em poucas instituições reduz a concorrência, limitando a pressão para a queda das taxas.
Outro ponto importante é a alta carga tributária e a burocracia que encarecem as operações financeiras, repassando custos ao consumidor. Essa combinação cria um ambiente onde o spread permanece alto, impactando diretamente o custo do crédito e, consequentemente, os investimentos.
Apesar de justificativas para um spread maior, esse cenário também revela ineficiências e falta de competitividade, prejudicando o acesso ao crédito e o crescimento econômico.
Qual o impacto do spread bancário nos investimentos?
O spread bancário influencia diretamente a rentabilidade dos investimentos, especialmente em produtos de crédito privado, como CDBs, LCIs, LCAs e fundos de crédito. Quando o spread é alto, significa que os bancos cobram juros elevados para emprestar dinheiro, o que pode elevar os retornos pagos aos investidores desses produtos.
No entanto, esse aumento nem sempre se traduz em ganhos líquidos melhores. Os custos embutidos no spread, como inadimplência e tributos, podem afetar a segurança e a previsibilidade desses investimentos. Além disso, em um cenário de spread elevado, a concorrência menor entre instituições financeiras pode limitar o surgimento de opções mais rentáveis e menos arriscadas.
Para o investidor, entender o impacto do spread ajuda a avaliar melhor a relação entre risco e retorno e a diversificar sua carteira, buscando alternativas que considerem esses custos e ofereçam rentabilidade ajustada.
Como diminuir o impacto do spread nos seus investimentos
Para não deixar o spread bancário corroer seus retornos, você pode:
- investir diretamente em títulos públicos ou privados, reduzindo intermediários e custos extras;
- optar por fundos de crédito privado com gestão ativa e controle rigoroso do risco, para buscar melhores rentabilidades ajustadas ao risco;
- diversificar sua carteira entre diferentes emissores e prazos, diluindo riscos e custos específicos;
- acompanhar de perto a inadimplência e a composição das carteiras dos fundos, para evitar surpresas que possam aumentar custos e reduzir ganhos.
Na Nord, analisamos detalhadamente os impactos do spread bancário nas principais alternativas de investimento. Com nossos relatórios e recomendações, você pode tomar decisões mais informadas e proteger seu patrimônio mesmo em cenários de juros elevados.
Spread bancário e taxa Selic: qual a relação?
A taxa Selic é a referência básica para os juros no Brasil, definida pelo Banco Central para controlar a economia. No entanto, o custo final do crédito para o consumidor vai além da Selic — é o spread bancário que realmente “encarece” o empréstimo.
Mesmo quando a Selic está baixa, os juros cobrados pelos bancos podem permanecer altos por causa do spread, que inclui custos, riscos e impostos que os bancos precisam cobrir. Ou seja, a Selic influencia o custo de captação, mas o spread adiciona uma margem extra para garantir a segurança e lucratividade da instituição.
Imagine que a Selic é o preço do combustível para um carro, e o spread é o valor da passagem de um táxi. Mesmo com o combustível mais barato, o táxi pode cobrar uma tarifa alta devido a outros custos, como manutenção, impostos e riscos. Assim, o preço final da corrida (juros ao consumidor) não cai na mesma proporção da queda do combustível (Selic).
Impacto do spread bancário na economia
O spread bancário elevado tem efeitos profundos na economia brasileira. Um dos principais impactos é o encarecimento do crédito, que dificulta o acesso de pessoas físicas e empresas a empréstimos e financiamentos. Isso limita o consumo, reduz o investimento em negócios e, consequentemente, afeta o crescimento econômico.
Quando o crédito é caro e de difícil acesso, as famílias tendem a reduzir o consumo, o que prejudica setores como comércio e serviços. Além disso, pequenas e médias empresas — que dependem de financiamentos para crescer ou mesmo manter suas operações — podem enfrentar grandes dificuldades financeiras.
A limitação no acesso ao crédito também impacta a inovação e o investimento em novos projetos, essenciais para o desenvolvimento econômico do país.
Por outro lado, o spread bancário elevado pode aumentar o risco de endividamento insustentável. Em um cenário de altas taxas de juros, até mesmo pequenas dívidas podem crescer rapidamente, levando a uma espiral de inadimplência que afeta tanto as finanças das famílias quanto a estabilidade do sistema financeiro.
Soluções sofisticadas não ignoram o básico: o custo do crédito. Avalie com quem entende como o spread afeta sua alocação.

