MILS3: A small cap resiliente que pode dobrar de valor
Ações da MILS3 podem dobrar de valor com foco em Pesados e Intralogística. Conheça a small cap que sobreviveu à Lava Jato e está barata na Bolsa

Não há dúvidas de que o Brasil é um ambiente altamente hostil para empreendedores e empresas.
Crescemos menos do que a média dos países emergentes e nossas crises são mais longas e profundas do que as da maioria.
Nossas políticas econômicas premiam os perdedores e punem os vencedores.

Mas é justamente nesse ambiente hostil que surgem as empresas realmente vencedoras.
E poucas empresas representam tão bem essa resiliência quanto a Mills (MILS3) — uma small cap que viveu os extremos: do céu ao inferno e, agora, um novo ciclo de ascensão.
O ambiente hostil que forjou a Mills
Quem não se lembra da famosa capa da revista The Economist, de 2009, com o Cristo Redentor decolando sob a manchete “Brazil takes off” (Brasil decola)?
Esse período representa muito bem uma parte importante da história da Mills.
Auge no ciclo de commodities e PACs
O Brasil estava voando, surfando o superciclo das commodities no começo dos anos 2000.
Líder no mercado, seu principal negócio era a locação de formas e escoramentos — peças-chave em projetos de engenharia de infraestrutura, residencial, energia etc.
Durante os anos dourados de Programas de Aceleração do Crescimento (PACs), Copa do Mundo e Olimpíadas, onde havia obras, havia Mills. O dinheiro jorrava: BNDES, bancos e campeãs nacionais eram a locomotiva dos investimentos.

A Mills nunca cresceu tanto quanto nesse período. Entre 2003 e 2013, a companhia multiplicou em cerca de 10 vezes a sua receita líquida.

A crise e a virada de chave
Até que o Brasil desandou. A política econômica não se sustentou e o país entrou na pior crise da sua história.
Os investimentos foram paralisados, o Brasil entrou em recessão e a Lava Jato investigava as grandes empreiteiras: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht — justamente os principais clientes da Mills.
A Mills passou ilesa pela Lava Jato, mas não pela crise.
Com formas e escoramentos representando mais da metade da receita total, essa dependência foi colocada à prova.
O ambiente era altamente hostil para a Mills, com as obras paralisadas, recessão, juros elevados e clientes investigados.
Reestruturação a partir de 2015
Mas as crises forjam campeões. A Mills entendeu que não poderia mais depender de obras de grande porte e redesenhou seu negócio.
Em 2015, iniciou uma reestruturação profunda, com foco no segmento de Rental, a locação de plataformas elevatórias.
Com um plano definido, a Mills iniciou sua reestruturação em 2015.

Com a reestruturação bem executada, a Mills se consolidou como líder no mercado de locação de plataformas elevatórias (cerca de 30% de market share).
A Nova Mills e sua estratégia de crescimento
Com a operação ajustada e os resultados em recuperação, a empresa entendeu que, no Brasil, acomodação é sinônimo de risco.
Em 2021, iniciou o planejamento da Nova Mills: crescer, mas com consistência, rentabilidade e estrutura de capital saudável.
O primeiro passo veio em 2022 com a aquisição da Triengel, que marcou a entrada no mercado de Pesados — locação de máquinas da linha amarela, como escavadeiras e retroescavadeiras.
Em 2024, comprou a JM Empilhadeiras, ingressando no segmento de Intralogística, com soluções de empilhadeiras, rebocadores e trilaterais para o setor industrial e logístico.

O objetivo da Mills é claro:
- Diversificar ainda mais a sua receita;
- Aumentar a previsibilidade da receita com contratos de longo prazo;
- Crescer em dois mercados, que, juntos, são 15 vezes maiores que o de plataformas elevatórias.
Resultados e diferenciais competitivos
Os avanços foram significativos nos últimos anos, com a receita líquida de Pesados e Intralogística alcançando quase 30% da receita total no 2T25, contra 25% no 4T24.
E os contratos de longo prazo já representam metade da receita de locação, ante 45% reportado no final do ano passado.
Mas as cicatrizes da crise de 2014 não trouxeram aprendizado apenas para a estratégia de negócio da Mills. O perfil mais conservador em relação à estrutura de capital também é um reflexo desse período.
Por que MILS3 pode dobrar de tamanho
Entendendo como operar no Brasil, a Mills renuncia a um crescimento muito maior para manter uma alavancagem controlada (1,4x Ebitda no 2T25) e um patamar elevado de rentabilidade (ROIC de 20%).

O custo do crescimento acelerado, como o de seus pares Vamos (VAMO3) e Armac (ARML3), é alto ao se tratar de um país instável como o nosso.
A disciplina atual da Mills é reflexo das cicatrizes do passado — e uma vantagem competitiva para um Brasil tão imprevisível.
O ambiente hostil que quase a derrubou no passado, hoje serve como combustível para que a Mills cresça de forma consistente e rentável.
Uma small cap que tem tudo para ser grande
Pioneira e líder do mercado de locação de plataformas elevatórias, a Mills quer dobrar de tamanho aproveitando todo o potencial em Pesados e Intralogística.
Para se ter uma ideia, o mercado endereçável de Pesados e Intralogística é de mais de R$ 54 bilhões — 15 vezes maior que o de plataformas elevatórias.
O ambiente hostil e os desafios da crise foram fundamentais para forjar a Nova Mills.
As cicatrizes se transformaram em diferenciais e vantagens competitivas, permitindo à empresa superar os desafios e aproveitar as oportunidades que o Brasil proporciona.
Diante desses aspectos, vemos uma empresa com capacidade de entregar resultados em qualquer cenário. Desde a nossa primeira recomendação no Nord Deep Value, em maio de 2022, MILS3 acumula +97% de alta.
Entregando resultados crescentes, rentabilidade elevada, baixa alavancagem, potencial de dobrar os resultados nos próximos anos e negociando a 9x lucros e 5x Ebitda, a assimetria continua bastante favorável.
Com potencial de consolidação em dois mercados gigantes, alta previsibilidade de receita e uma gestão que sabe navegar o caos brasileiro, a Mills é hoje uma das small caps mais promissoras da Bolsa.