Se Lula for eleito: como o mercado deve reagir?

Bolsas internacionais recuam na manhã desta quarta-feira, 5, após dias de rally de alta nos EUA

Nord Research 05/10/2022 13:21 7 min
Se Lula for eleito: como o mercado deve reagir?

Nord Insider

Nesta quarta-feira, 5, os índices futuros de Nova York operam em baixa, pondo um fim ao intenso rally de alta do início do mês. A cautela dos investidores ocorre antes da divulgação dos dados do mercado de trabalho americano, o ADP de setembro.

Na agenda econômica, saem os dados de produção industrial do Brasil de agosto e os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) de serviços e composto referentes a setembro. Nos Estados Unidos, será divulgada a variação de empregos privados ADP, a balança comercial referente a agosto e o PMI ISM não-manufatura referente a setembro.

Principais assuntos de hoje

  • Se Lula for eleito;
  • Crise da Credit Suisse e riscos para os FIIs;
  • O grande desafio do varejo no segundo trimestre.

Como o mercado deve reagir se Lula for eleito no 2º turno

Após uma sessão de fortes ganhos na segunda-feira, 3, os ativos brasileiros passaram por uma correção na terça-feira, 4.

Depois de subir quase +2% ao longo da sessão, o Ibovespa perdeu força e fechou em leve alta de +0,08%, aos 116.230 pontos, pressionado pela queda de blue chips como Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).

As duas estatais foram beneficiadas pelo otimismo do mercado com o cenário político no primeiro turno.

A distância entre Lula e Bolsonaro acabou sendo bem mais estreita do que o esperado, alimentando a expectativa de que os candidatos busquem o centro para conquistar votos.

As respostas do mercado


Suponhamos que Lula ganhe. Nesse cenário, o temor do mercado é que a gestão petista intervenha nas estatais.

"Em caso de vitória de Lula no 2º turno, poderíamos ter alguma alteração de política dos preços dos combustíveis. É importante notar que essa variável é de grande relevância no resultado final da empresa. No entanto, para haver uma mudança efetiva, precisaria alterar a Lei das Estatais [o que não é fácil de se fazer]”, avalia Bruce Barbosa, analista e sócio-fundador da Nord Research.

Para o analista, o risco de interferência política nas empresas estatais não compensa e reitera sua preferência em Prio (PRIO3), que negocia a menos de 6 vezes Ebitda, e BTG Pactual (BPAC11), a 11 vezes lucros. “Estamos comprados no crescimento”, disse.

No mercado doméstico, o risco fiscal também levanta preocupações.

Em entrevista para o Estadão, Guilherme Mello, economista do PT, afirmou que, em eventual novo governo Lula, vão “revogar teto e criar um novo arcabouço fiscal”. O presidente atual, Jair Bolsonaro, também mencionou alterações no teto caso seja reeleito.

Marilia Fontes, analista e sócia-fundadora da Nord Research, vê que a expansão de gastos teria impacto sobre os juros. “Assim sendo, se aumentassem gastos, o mercado reagiria imediatamente aumentando os juros. Mas para a nova gestão, de fato, furar o teto, precisaria do aval do Congresso, o que agora ficou mais difícil”, diz.

Isso porque, com o resultado das eleições no primeiro turno, partidos de direita têm 249 votos na Câmara, enquanto para barrar qualquer mudança à Constituição precisaria de 206 votos.

Já no Senado, a direita tem 36 votos, enquanto para barrar qualquer mudança à Constituição precisaria de 33.

Lula x Bolsonaro: o que esperar da bolsa no 2º turno e como agir?

A disputa do 2º turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) promete  continuar pesando sobre a bolsa.

Nesta quarta-feira, 5, às 12h, os nossos fundadores Marilia Fontes, Bruce Barbosa e Renato Breia farão uma LIVE para falar sobre as eleições, com a participação do cientista político Luciano Dias.

Saiba como os fundadores avaliam os resultados, os impactos no mercado financeiro e como agir.

A transmissão é exclusiva para assinantes da Nord Research. Em poucos minutos, você já começa a fazer parte a partir de R$ 5,00.

Crise da Credit Suisse: Os Fundos Imobiliários da gestora estão em risco?

Fachada Credit Suisse.
Cotistas querem saber se estão em risco com a crise do Credit Suisse. Fonte: Bloomberg Línea/Reprodução

Com mais de R$ 10 bilhões sob gestão, a Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) é a quinta maior gestora do mercado de Fundos Imobiliários (FIIs).

Com a crise do Credit Suisse no exterior, os cotistas dos FIIs, geridos pela gestora no Brasil, querem saber se há riscos para os fundos.

O analista Marx Gonçalves, especialista em Fundos Imobiliários da Nord Research, disse que não há riscos de perda patrimonial para os cotistas dos fundos da gestora, como é o caso do HGLG11, HGRU11, HGRE11, HGPO11, HGFF11, HGRI11, entre outros.

Por que os cotistas não precisam se preocupar?


Apesar da severa crise de confiança no Credit Suisse, os FIIs não serão impactados por terem seus patrimônios separados da tesouraria do banco.

“Os FIIs pertencem aos cotistas, e não à gestora, que é ‘apenas’ uma prestadora de serviços. Nesse sentido, o patrimônio líquido dos fundos é totalmente segregado do patrimônio do gestor/administrador, de modo a justamente evitar qualquer risco de contágio financeiro por problemas associados aos prestadores de serviços”, explica Gonçalves.

Risco é perder talentos e/ou troca de gestora

O analista acredita ainda que, apesar das incertezas relacionadas à saúde financeira da CSHG, não há risco de perda patrimonial para os cotistas dos FIIs da gestora.

“No pior cenário, o que poderia ocorrer com esses fundos em um caso limite seria uma eventual troca do time de gestão ou até mesmo da gestora, o que seria ruim, visto que o atual time do Credit Suisse entrega um ótimo trabalho”, avalia.

Ainda assim, o analista comenta que é precoce trabalhar com esse cenário no momento.

Entenda a crise do Credit Suisse


A crise de confiança sobre o Credit Suisse, segundo maior banco da Suíça, cresceu durante o final de semana.

Na segunda-feira, 3, a instituição financeira tentou amenizar os temores sobre a fase crítica em um memorando a funcionários.

É esperado que o banco precise de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões para conter problemas dentro do banco.

Ao que tudo indica, em 2021, dois escândalos causaram prejuízos bilionários para o Credit Suisse: o Archegos Capital Management e o Greensill.

Os analistas da Nord Research estão acompanhando a evolução dos acontecimentos envolvendo o Credit Suisse e atualizarão, com exclusividade, os assinantes.

Varejo aposta em Black Friday e Copa para impulsionar vendas no 4º tri


Mesmo com a perda no poder de compra do brasileiro, que viu sua renda cair e aumentar a informalidade, o comércio varejista está otimista para as vendas a serem fechadas no quarto trimestre.

Pela primeira vez, teremos Black Friday e Copa simultaneamente no mês de novembro.

A seleção brasileira de Neymar estreia contra a Sérvia, dia 24 de novembro, na véspera da Black Friday, dia 25 de novembro.

Cenário de pressão

Com um terceiro trimestre fraco em relação ao ritmo de vendas, a pressão recai sobre o desempenho a ser entregue no quarto trimestre.

"Ações de varejo e consumo foram muito penalizadas, principalmente no primeiro e segundo trimestre do ano, mas agora essas empresas voltaram a chamar a atenção do investidor diante de um possível fim da alta de juros e, quem sabe, uma reversão do ciclo em um futuro próximo”, segundo o analista da Nord Research, André Zonaro.

Em setembro, o Copom manteve a Selic em +13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de aperto das condições monetárias da sua história.

Expectativas do setor

Neste momento em que a inflação está perdendo força, com o cenário de deflação em várias categorias e a queda no desemprego, o varejo aponta suas expectativas para Copa e Black juntas.

“O segundo semestre é historicamente conhecido como um período de alta nas vendas, em especial no quarto trimestre por conta da Black e de datas comemorativas (Natal e Ano Novo)”, afirma Zonaro.

Gráfico: MGLU3; AMER3 e VIIA3: desempenho das vendas do 4T ante o 3T.

No entanto, o analista orienta ter cautela na hora de investir em ações de varejo, pois não sabemos se o setor vai terminar 2022 num ritmo mais positivo.

“Não temos histórico de vendas de dois eventos em um mesmo período. Mesmo sendo ano de Copa, é difícil afirmar que isso estimulará a demanda sem ofuscar a Black”, alerta o analista.

Ele ainda acrescenta que não é o momento de assumir tantos riscos. Isso porque, na visão dele, boa parte do consumo foi antecipado na pandemia [nos anos anteriores].

“Em 2021, as compras de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos dispararam. Com isso, é pouco provável que o consumidor troque a TV agora, por exemplo, a menos que ganhe mais cashback ou descontos”.

Afinal, o varejo está barato?

Sim. As ações de empresas de varejo estão baratas, porém o risco de investimento ainda é muito grande.

“Particularmente, na carteira Nord Small Caps, não recomendamos ações de varejo por entender que o risco-benefício ainda não é tão vantajoso. Entretanto, gostamos de acompanhar de fora empresas como a Vivara (VIVA3), que atua em um segmento do varejo de luxo e tende a performar melhor, uma vez que a companhia não briga por “preço”, como no varejo tradicional”.


Meme do dia

Fonte: Marcio Fontes via Twitter/ Reprodução

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