Produção da 3R (RRRP3) tem alta anual de 115% no 1T24
As ações da 3R Petroleum (RRRP3) despencam mais de -5% nesta quinta-feira, 9, com o mercado reagindo negativamente aos resultados do primeiro trimestre de 2024 (1T24) da companhia.
Veja a nossa visão para o papel.
Maior produção e melhores preços
A 3R encerrou o 1T24 com uma produção média diária de 44,4 mil barris de óleo equivalente, o que representa um incremento de +115% na comparação anual, com a produção de óleo subindo +153% e a produção de gás +42%. Agora, a produção de óleo representa 77% do portfólio da companhia, enquanto a produção de gás, os outros 23%.
Separando a produção por conjunto de ativos, o Complexo Potiguar foi, novamente, o propulsor de crescimento da 3R, com aumento de +335%, após a incorporação do Polo Potiguar e a alta de +80% no Polo Macau. O Complexo Recôncavo teve expansão de +32%. Já a produção do Complexo Offshore subiu +24%, mesmo com as novas intervenções no Polo Papa Terra.
No período, a petroleira realizou a venda de 3,3 milhões de barris de óleo, a um preço médio de US$ 75,60 (91% do Brent, +12 p.p.), e de 4,6 milhões de MMBTU de gás natural, a um preço médio de US$ 10,4/MMBTU (13% do Brent, +3 p.p.). Ainda, foram vendidos 3,1 mil barris de produtos derivados, alta de +180% pela retomada da refinaria e maior fator de utilização.
Prejuízo estragando a festa
Com o forte incremento de produção e melhores preços praticados (compensado o Brent em leve queda), a receita da 3R atingiu a marca de R$ 2 bilhões, alta de +250%. O lifting cost (custo de extração) foi de US$ 18,60, baixa de -17% na comparação anual, mas alta de +4% em relação ao 4T23, em função das intervenções e menor produção no Polo Papa Terra.
O aumento do lifting cost somado aos maiores custos com royalties e a retomada das operações em mid e downstream elevaram os custos totais em +267%. Porém, as despesas operacionais subiram apenas +10% no trimestre, contribuindo para que o Ebitda da companhia totalizasse R$ 725 milhões, o que representa um forte incremento de +364%.
Já o resultado financeiro foi negativo em R$ -765 milhões, devido ao aumento de despesas das dívidas contratadas, pela marcação a mercado de instrumentos de hedge (proteção) de Brent e pela atualização monetária de dívidas e parcelas referentes às aquisições. Assim, a 3R registrou prejuízo de R$ 230 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 16 milhões no 1T23.
Geração de caixa pressionada
O capex (investimento) ficou em R$ 457 milhões no trimestre, sendo destinado, principalmente, em atividades de melhorias e reativações de poços, além de revitalizações de ativos. A 3R gerou apenas R$ 114 milhões em caixa operacional, pelo maior estoque de óleo e derivados, além do não pagamento de obrigações de sua parceira e da Petrobras no Polo Papa Terra.
Com isso, a posição de caixa da companhia caiu para R$ 3,76 bilhões. A dívida bruta, já considerando as obrigações de portfólio, ficou em R$ 11,56 bilhões e, assim, a dívida líquida atingiu R$ 7,79 bilhões. Por fim, considerando o Ebitda proforma (considerando 12 meses de operação do Polo Potiguar), sua alavancagem (dívida líquida/Ebitda) foi de 2,8x.
Potencial está dado, basta executar
O prejuízo líquido e a menor geração de caixa (impactada por diversos fatores não recorrentes) contaminaram um resultado que tinha tudo para ser muito positivo. Contudo, daqui para frente, a tendência é que exista uma melhora, ao menos na geração de caixa e na retomada das quedas do custo de extração, após o fim das intervenções no Polo Papa Terra (ainda no 2T24).
Além disso, a 3R mantém sua projeção de atingir 58 mil a 60 mil barris diários de produção ao final de 2024, um crescimento em torno de +25%. Assim, podemos esperar bons números nos próximos trimestres, com sólida evolução de seu Ebitda (mesmo com o Brent estável) e assegurando sua alavancagem em patamares sustentáveis e mais próximos de 2x.
Fusão de Enauta e 3R
Sobre a fusão junto à Enauta, a companhia não trouxe novos detalhes, mas ambas as partes estão engajadas para estruturar as melhores condições para seus acionistas. Já sobre uma possível parceria nas operações de mid e downstream, a 3R não nega que uma possível transação com a PetroReconcavo seria o melhor caminho, dadas as potenciais sinergias.
Vale a pena investir nas ações da 3R Petroleum?
É inegável que a 3R precisa ser mais regular em seus números financeiros, assim como está se mostrando em suas operações. Porém, os ventos se mantêm favoráveis, ainda mais com a concretização das negociações em andamento. Só depende dela. Negociando a menos de 4x Ebitda para 2024, continuamos vendo RRRP3 com assimetria favorável no momento.
Mantemos recomendação de compra para as ações da 3R na carteira Nord Small Caps.