Risco fiscal nos EUA: dívida pública em alta preocupa mercado

Risco fiscal nos EUA, alta nas bolsas da China e inflação sob controle no Brasil. Entenda os impactos para seus investimentos

Christopher Gomes Galvão 05/10/2025 07:00 5 min
Risco fiscal nos EUA: dívida pública em alta preocupa mercado

Nesta edição da Nord News, você confere os principais gráficos e análises que podem influenciar sua estratégia de investimentos. Abordamos os riscos fiscais crescentes nos EUA, a surpreendente recuperação das bolsas chinesas, os dados positivos da inflação brasileira e os desafios do mercado europeu. 

Tudo direto ao ponto, com insights claros e objetivos para ajudar você a tomar decisões mais informadas. Boa leitura!

O Fed deve continuar cortando juros?

O mercado financeiro global segue de olho nos próximos passos do Federal Reserve (banco central dos EUA), em meio a sinais cada vez mais claros de desaceleração da economia americana

Apesar da ausência da divulgação do Payroll — por conta do shutdown —, tivemos o ADP de setembro, com queda de -32 mil empregos, resultado bem abaixo das expectativas do mercado, de alta de 51 mil. 

Dessa forma, o dado corrobora a dinâmica de desaceleração do mercado de trabalho americano que temos observado em outros indicadores, sustentando a retomada do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve.

 Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord Investimentos

No entanto, a taxa de desemprego continua baixa, em apenas 4,3%, e engana-se quem pensa que esse desemprego americano irá explodir nos próximos meses. 

Com o menor fluxo imigratório (ou seja, menor oferta de mão de obra), devemos observar números mais baixos na geração de empregos, mas com taxa de desemprego ainda na casa dos 4% a 5% por um bom tempo.

Apesar de a inflação estar desacelerando, ainda acumula 2,90% em 12 meses (dado do núcleo do PCE), acima da meta de 2%.

 Fonte: JP Morgan

Some-se a isso os impactos ainda por vir das tarifas de importação e da política fiscal expansionista do governo, que reduz a potência da política monetária restritiva.

Com o juro neutro (aquele que não aquece nem desaquece a economia) estimado em 3% e o juro atual na faixa de 4% a 4,25%, o Fed tem espaço para seguir cortando juros. 

Provavelmente a passos graduais de 0,25 ponto percentual, enquanto observa atentamente o desafio ainda existente para levar essa inflação à meta.

O risco fiscal dos EUA

Quando falamos em risco fiscal, o Brasil costuma ser o protagonista. Mas e se o mesmo alerta agora valesse também para os Estados Unidos? 

A maior economia do mundo tem apresentado déficits primários (gastos maiores que receitas) na ordem de 6,3%, patamar elevado para o país. 

A dívida líquida, como proporção do PIB, fechou o ano de 2024 em 97,8% e deve seguir em alta. Segundo projeções do Congressional Budget Office, esse número pode chegar a quase 120% até 2034.

Fonte: JP Morgan

As informações da imagem acima refletem o desafio dos EUA com suas contas públicas para os próximos anos. 

Não por acaso, os juros de longo prazo continuam elevados, com o rendimento dos títulos de 20 anos em 4,7%.

Você teria coragem de se posicionar em juros longos do Brasil diante do risco fiscal que já conhecemos? E nos EUA, agora que você sabe sobre o risco fiscal, teria coragem? 

Há gestores que enxergam oportunidades; outros, preferem cautela. Mas uma coisa é certa: esse será um tema que trará muita discussão nos EUA nos próximos anos.

Bolsas da China em alta

Em 2025, as Bolsas de Shenzhen e Shanghai apresentam altas de 29,88% e 15,84%, respectivamente. E o mais interessante: quase todo esse avanço ocorreu nos últimos três meses. Desde julho, os índices subiram 29,25% e 12,73%, nessa ordem.

 Fonte: Bloomberg

O que explica essa alta expressiva em tão pouco tempo?

Houve um fluxo de notícias positivas para o mercado acionário chinês: o governo elevou o limite de alocação das seguradoras locais em ações de 10% para 30%; dessa forma, do fluxo recente para a Bolsa, quase 80% veio de investidores institucionais. 

Além disso, temos observado uma consolidação da indústria avançada, aumento do investimento direto estrangeiro e fortalecimento do câmbio.

Como já destacamos em edições anteriores: a China está se transformando. Você vai ficar de fora?

Brasil: inflação melhor e mercado de trabalho aquecido

O último dado de inflação trouxe alívio. O IPCA-15 de setembro mostrou uma alta de 0,48%, abaixo das expectativas de 0,52%. Ainda mais relevante: a média dos principais núcleos caiu de 0,32% para 0,19%, e os serviços subjacentes tiveram uma forte desaceleração de 0,55% para 0,04%.

 Fonte: Fundo Versa

Boa notícia para o Banco Central. No entanto, ainda não é hora de baixar a guarda. A inflação não está resolvida, pois ainda há sinais de dinamismo na atividade econômica, mercado de trabalho, além do risco fiscal e expectativas desancoradas da meta.

O último dado do mercado de trabalho, inclusive, mostrou uma nova queda da taxa de desemprego, de 5,8% para 5,6%. Com o ajuste sazonal, o desemprego caiu de 5,9% para 5,8%, a menor da série histórica.

 Fonte: Fundo Versa

Com o mercado de trabalho aquecido e expectativas desancoradas da meta, a minha expectativa é de que devemos observar cortes da Selic somente no primeiro trimestre de 2026.

Bolsas na Europa ficam mais caras

Após as quedas do “Liberation Day” em abril, os mercados europeus voltaram a subir. No entanto, essas altas não estão sendo acompanhadas por avanços nos resultados das empresas. Sendo assim, temos visto múltiplos cada vez mais altos, o que significa que estão ficando mais caras.

 Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord Investimentos

Com a Europa apresentando crescimento modesto e o Banco Central Europeu mostrando que não tem muito espaço para novos cortes de juros (que já estão em 2%), não vejo muitas oportunidades no mercado de ações do continente. 

Será que esses preços fazem sentido para uma alocação? Na nossa visão, não.

Ainda assim, há gestores que seguem posicionados. 

Tópicos Relacionados
Compartilhar

Receba conteúdos e recomendações de investimento gratuitamente

Obrigado pelo seu cadastro!

Acompanhe nossos conteúdos por e-mail para ficar por dentro das novidades.