Real é a moeda mais desvalorizada do G20 em 2024
O real brasileiro encerrou 2024 como a moeda com o pior desempenho entre as principais economias do G20. A desvalorização acumulada de mais de -22% em relação ao dólar refletiu desafios econômicos e políticos tanto no cenário doméstico quanto internacional.
Para 2025, esperamos uma política econômica ainda desafiadora, diante dos conflitos para conciliar os desafios domésticos, em especial custo de vida da população e competitividade do país no cenário global.
Por que o real desvalorizou tanto em 2024?
A desvalorização do real foi causada por uma combinação de fatores internos e externos que geraram instabilidade no mercado. Entre eles:
Fatores externos: influência dos Estados Unidos
- Política fiscal americana: as expectativas sobre o governo eleito nos EUA, com políticas fiscais expansionistas, atraíram investidores para ativos americanos. A política de Donald Trump é naturalmente geradora de inflação, o que também contribui para um período de expansão de negócios e investimentos, atraindo investidores ao mercado de capitais.
- Decisão do Federal Reserve: apesar dos cortes nas taxas de juros nos EUA, a perspectiva de inflação e endividamento elevou a atratividade do dólar.
- Fuga de capitais de mercados emergentes: investidores buscaram segurança no dólar, reduzindo fluxos para o Brasil.
Fatores internos: cenário fiscal brasileiro
- Déficit fiscal elevado: medidas insuficientes para conter os gastos públicos aumentaram a percepção de risco entre investidores.
- Incerteza econômica: mudanças no imposto de renda e dependência de emissão de títulos públicos contribuíram para uma percepção negativa.
- Desconfiança do mercado: a falta de políticas robustas de controle fiscal desestimulou investimentos estrangeiros.
Na ponderação, os fatores internos são responsáveis pela grande maioria dos efeitos no mercado capitais e na desvalorização cambial.
O que muda com o real desvalorizado?
A queda do real gerou reflexos significativos em diversos setores da economia brasileira:
- Inflação: a alta do dólar encareceu insumos e produtos importados, pressionando o custo de vida.
- Aumento de juros: o Banco Central elevou a Selic para 12,25% ao ano, encarecendo o crédito e dificultando investimentos.
- Custos de produção: empresas dependentes de insumos importados enfrentaram aumento nos custos, impactando preços ao consumidor.
Histórico de desvalorização do real
- Piores momentos: em 2022, o real já havia registrado uma queda de 34,33%, e 2024 se aproximou desse patamar.
- Melhores momentos: em 2009, o real se valorizou 34,22% contra o dólar, beneficiado por uma recuperação econômica global.
O que esperar do dólar x real em 2025?
A recuperação da moeda brasileira depende de:
- Ajustes fiscais: medidas mais concretas para reduzir o déficit público.
- Confiança do mercado: políticas econômicas que inspirem segurança nos investidores.
- Cenário externo: um possível alívio nas tensões globais pode favorecer a estabilidade cambial.