Ação da Raízen (RAIZ4) recua 5% após prejuízo de R$ 2,3 bi

Raízen (RAIZ4) reporta prejuízo de R$ 2,3 bi no 2T da safra 25/26 e ações recuam. Veja se vale a pena investir agora nas ações RAIZ4.

Nord Research 17/11/2025 10:47 5 min Atualizado em: 17/11/2025 16:55
Ação da Raízen (RAIZ4) recua 5% após prejuízo de R$ 2,3 bi

As ações da Raízen (RAIZ4) operam em queda de -5,75% por volta de 10h25 desta segunda-feira, 17. Na última sexta-feira, 14, a empresa reportou resultados abaixo do consenso de mercado, com um prejuízo de R$ 2,3 bilhões no segundo trimestre da safra 2025/2026 (2T26).

Principais destaques do balanço da Raízen no 2° tri da safra 2025/26

A Raízen reportou uma receita líquida de R$ 59,9 bilhões no 2T 25/26, recuo de -17,8% na comparação anual. O Ebitda ajustado foi de R$ 3,3 bilhões, -12,8% menor comparado ao mesmo período da safra anterior (2024/25). A companhia teve prejuízo líquido de R$ 2,3 bilhões no 2T 25/26.

 Destaques financeiros do trimestre. Fonte: Raízen RI

Vale ressaltar que a Raízen segue o calendário do ano-safra, de modo que seu exercício social compreende o dia 1° de abril de cada ano, até o dia 31 de março do ano seguinte.

EAB: menor produtividade ainda pressiona

No segmento EAB (Etanol, Açúcar e Bioenergia), a companhia observou alguns sinais de recuperação, acelerando a colheita e recuperando o ritmo de moagem. Contudo, a produtividade ainda segue pressionada pelas queimadas na safra anterior, o baixo volume de chuvas na entressafra e a geada neste ano safra.

Diante desses fatores, observamos menores volumes no etanol e açúcar, refletindo em uma receita da EAB de R$ 16,4 bilhões, uma queda de -24% versus o 2T 24/25. 

Paralelamente, observamos uma queda de -19% a/a do custo total, pressionado pela menor produtividade e diluição dos custos fixos.

A companhia entregou redução das despesas com vendas, gerais e administrativas, em função dos ganhos de eficiência, menor provisão de perdas e gastos com logística.

Dessa forma, o Ebitda ajustado da EAB totalizou R$ 1,8, queda de -26% a/a. 

Diesel e gasolina mantêm o ritmo da operação

Na operação de Distribuição de Combustíveis Brasil, a Raízen apresentou aumento de +6% a/a do volume de vendas, reflexo dos maiores volumes das duas principais linhas: (i) Diesel teve um crescimento de +11% a/a, ampliando o atendimento B2B; e (ii) Ciclo Otto (gasolina+etanol) teve um avanço de +2% a/a, com a maior competitividade da gasolina.

Mesmo com o aumento das vendas, a receita líquida da Distribuição BR totalizou R$ 39,9 bilhões (-10% a/a). Contudo, com a maior redução dos custos e despesas no período, o Ebitda do segmento totalizou de R$ 1,3 bilhão (+25% a/a). 

Já no segmento de Distribuição de Combustíveis Argentina, em dólar americano, reportou uma alta de +9,6% no volume de vendas. Entretanto, o Ebitda da unidade apresentou um recuo de -25% a/a, pressionado pelas menores margens de comercialização, pela desvalorização do peso argentino e a inflação. 

Refletindo o desempenho da EAB e de Distribuição de Combustíveis, a receita líquida consolidada da Raízen totalizou R$ 59,9 bilhões no 2T 25/26, um recuo de -17,8%.

Raízen registra prejuízo no 2° tri da safra 2025/26

As dificuldades enfrentadas no EAB e na Distribuição da Argentina foram parcialmente compensadas pela performance positiva da Distribuição do Brasil. Isso, somado, principalmente, aos ganhos de eficiência que a Raízen vem executando, refletiu um Ebitda ajustado de R$  R$ 3,3 bilhões (-13% a/a).

O resultado financeiro do período foi negativo em R$ 2,7 bilhões (+61% a/a), impulsionado pelo elevado endividamento da companhia e da taxa de juros.

Assim, o prejuízo líquido da Raízen totalizou R$ 2,3 bilhões no 2T 25/26.

Alavancagem sobe para 4,5x Ebitda

Em relação à estrutura de capital da Raízen, a companhia reportou no 2T25/26 uma dívida bruta de R$ 68,6 bilhões e um caixa de R$ 18,6 bilhões, representando uma dívida líquida de R$ 53,4 bilhões, +9% maior que o reportado no trimestre anterior.

Assim, a Raízen atingiu uma alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda) de 5,1x Ebitda no período, contra 4,5x o reportado no último trimestre, um patamar bastante elevado.

Por fim, mas não menos importante, a Raízen entregou um fluxo de caixa operacional negativo de R$ 900 milhões no 2T25/26, ainda refletindo os desafios que a companhia vem enfrentando operacionalmente. Mesmo com o resultado negativo, observamos uma evolução refletindo a melhor gestão do capital de giro.

Mesmo com a redução de -28% do Capex e a venda de ativos, o fluxo de caixa livre ficou negativo em R$ 1,6 bilhão.

Quais as perspectivas para a Raízen? 

O destaque positivo do trimestre continua sendo a postura e os esforços da Raízen para reduzir seu endividamento, ganhos de eficiência e desinvestimentos.

A combinação de um forte ciclo de expansão com juros elevados, eventos climáticos e incertezas macroeconômicas criou um cenário bastante desafiador para a Raízen nos últimos anos.

Convivendo com uma estrutura de capital delicada, a companhia agora está focada na sua reestruturação.

Além de cortar pela metade o Capex de expansão, a Raízen vem evoluindo no desinvestimento de ativos, acumulando cerca de R$ 4 bilhões, que devem entrar no balanço nos próximos trimestres.

A companhia também reforçou que suas controladoras, Cosan e Shell Brazil, estão avaliando alternativas para acelerar a reestruturação da Raízen.

E esse movimento pode evoluir, principalmente agora, com o follow-on da Cosan, que levantou R$ 10 bilhões.

Vale comprar Raízen (RAIZ4) agora?

Diante dos riscos em relação à estrutura de capital e reestruturação, não temos recomendação de compra para as ações da Raízen. Nossa preferência recai sobre as ações da Cosan (CSAN3), sua controladora.

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