Raízen (RAIZ4) vira penny stock: entenda o risco

RAIZ4 cai abaixo de R$1 e entra na zona de risco. Veja o que está por trás da queda e se ainda vale a pena investir nas ações da Raízen

Fabiano Vaz 23/10/2025 18:29 4 min
Raízen (RAIZ4) vira penny stock: entenda o risco

A Raízen (RAIZ4), uma das principais empresas do setor de energia e biocombustíveis no Brasil, entrou em uma fase delicada no mercado financeiro. Suas ações preferenciais estão sendo negociadas abaixo de R$ 1,00, patamar que define o que o mercado chama de "penny stock". 

Esse nível de cotação é o mais baixo das ações da Raízen desde a abertura de capital da empresa, ocorrida em agosto de 2021. 

A situação acendeu um alerta para investidores, analistas e para a própria companhia, que já registra prejuízos e passa por pressões sobre sua estrutura de capital. Entenda o que pode acontecer com a ação.

O que houve com a Raízen?

A cotação da RAIZ4 chegou a R$ 0,92 no início desta semana e opera em R$ 0,97 nesta quinta-feira, 23/10, acumulando uma queda de quase 70% em 2025. Esse movimento ocorre em meio a crescentes preocupações do mercado sobre o nível de endividamento da empresa.

 Cotação da Raízen nesta quinta-feira, 23. Fonte: Google Finance

Endividamento e prejuízo crescente acendeu um alerta

Após um forte ciclo de expansão em um ambiente de juros elevados, a dívida líquida da Raízen atingiu R$ 49,2 bilhões e a alavancagem 4,5x Ebitda no primeiro trimestre da safra 2025/2026. Isso, somado aos impactos de eventos climáticos (estiagem e queimadas) e um cenário macro pouco favorável, refletiu em resultados negativos, com a companhia reportando queima de caixa nos últimos trimestres.

Os títulos de dívida (bonds) da companhia também vêm se desvalorizando, o que indica perda de confiança na sua saúde financeira.

Riscos e impactos para investidores

O status de penny stock pode trazer uma série de implicações. Além da percepção de maior risco e volatilidade, existe o risco de exclusão de índices relevantes da bolsa ou diminuição da cobertura por analistas e fundos institucionais. Isso pode reduzir ainda mais a liquidez do papel. 

Medidas tomadas pela empresa 

Diante do momento desafiador, a Raízen, em linha com a Cosan (controladora), iniciou um plano de reestruturação no final de 2024. As medidas incluem a revisão da estratégia de investimentos, tendo iniciado um programa de desinvestimentos e executando cortes de custos (eficiência). 

Desde então, a companhia já avançou na venda de ativos, que somam mais de R$ 3,5 bilhões até o momento.

Além disso, existe a possibilidade de uma futura injeção de capital por parte das controladoras (Cosan e Shell), ainda não confirmada, mas que pode ocorrer após a conclusão do follow-on da Cosan.

Vale a pena investir em RAIZ4 agora?

Do lado operacional, superando os impactos dos eventos climáticos dos últimos dois anos e com os ganhos de eficiência, devemos observar uma recuperação dos resultados da Raízen e a reversão da queima de caixa em 2027.

Conforme mencionado anteriormente, essa recuperação pode ser acelerada com a venda de ativos relevantes, como a operação na Argentina, e a injeção de capital.

Apesar da Raízen negociar a múltiplos baixos (5x Ebitda), ficamos desconfortáveis com a sua sensibilidade a fatores macroeconômicos e sua alavancagem elevada. 

Desta forma, não temos recomendação de compra para as ações da Raízen. 

Nossa preferência recai sobre as ações da Cosan (CSAN3), que atualmente negociam com um desconto superior a 30%, considerando o nível de endividamento registrado no 2T25. Além disso, o investimento via holding ajuda a diluir os riscos.

Já para os investidores posicionados em RAIZ4, é fundamental acompanhar de perto os próximos passos da Raízen — especialmente a evolução da sua dívida e os resultados financeiros trimestrais.

Esses fatores serão cruciais para avaliar se a companhia conseguirá sair da zona de risco e reconquistar a confiança do mercado.

Veja as 13 ações abaixo de R$ 1,00 negociadas na B3, em 22 de outubro:

A Raízen não está sozinha. Segundo levantamento da Nord Investimentos, outras 12 empresas valem menos de R$ 1,00 na B3. A GOL Linhas Aéreas (GOLL54) tem hoje a ação mais barata da B3, e por isso recebeu prazo da bolsa para elevar a cotação acima de R$ 1. 

Veja a lista completa:

  • Padtec (PDTC3): R$ 0,98;
  • Raízen (RAIZ4): R$ 0,97;
  • Grupo Toky (TOKY3): R$ 0,90;
  • Enjoei (ENJU3): R$ 0,88;
  • Coteminas (CTNM4): R$ 0,86;
  • Viver Incorporadora (VIVR3): R$ 0,82;
  • PPLA Participations (PPLA11): R$ 0,81;
  • Azevedo & Travassos (AZEV4): R$ 0,39;
  • Azevedo & Travassos (AZEV3): R$ 0,38;
  • Azevedo e Travassos Energia (AZTE3): R$ 0,40;
  • Oi (OIBR3): R$ 0,37;
  • Infracommerce (IFCM3): R$ 0,12;
  • PDG Realty (PDGR3): R$ 0,10;
Compartilhar

Receba conteúdos e recomendações de investimento gratuitamente

Obrigado pelo seu cadastro!

Acompanhe nossos conteúdos por e-mail para ficar por dentro das novidades.