Petrobras (PETR4) registra lucro de US$ 6 bilhões no 3T25 e anuncia dividendos
Petrobras reporta lucro líquido de US$ 6 bi no 3T25 e distribui R$ 12 bi em proventos. Veja os destaques dos segmentos e projeções
A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou resultados acima do consenso de mercado. A receita líquida da estatal alcançou US$ 23,5 bilhões no terceiro trimestre de 2025, praticamente estável com um aumento de +0,5%. O Ebitda ajustado totalizou US$ 11,9 bilhões, representando uma leve alta de +2,9%.
O lucro líquido, por sua vez, totalizou US$ 6 bilhões, reportando um leve crescimento de +2,7% na comparação com o 3T24.

Exploração e produção (E&P)
No 3T25, o segmento de E&P registrou a marca de 3,14 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), uma expansão de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O avanço foi impulsionado, principalmente, pelo aumento da capacidade de novas plataformas, como o FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, e o FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero.
O aumento compensou parte da queda de -14% do preço médio do Brent no período.
Diante desse efeito, a receita líquida do segmento somou US$ 15,7 bilhões, reportando uma leve alta de +2,3% a/a.

O lifting cost (custo de extração por barril) apresentou uma alta de +9% a/a, refletindo o aumento dos custos no pré-sal e a maior representatividade dos campos de águas profundas na produção, que possuem custos mais elevados.
O aumento dos custos foi compensado pela redução das despesas no período, contribuindo para o Ebitda do E&P alcançar US$ 10,9 bilhões, leve aumento de 4,5% a/a. A margem Ebitda foi de 69%, 1,5 p.p. maior que a reportada no 3T24.

Refino, Transporte e Comercialização
No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (RTC), o volume total de vendas atingiu 1,8 milhão de barris por dia no 3T25, leve aumento de +1,9% na comparação anual.
No caso do diesel, as vendas cresceram +6% no período, enquanto a comercialização de gasolina apresentou uma leve alta de +1,5%, ambos comparados com o 3T24.

Outro destaque no segmento ficou novamente para o forte aumento da importação de diesel que, na comparação anual, reportou uma alta de +46%.
Deste modo, a receita do segmento RTC totalizou US$ 22 bilhões, alta de +1,6% a/a. Diante dos menores custos e despesas e da valorização do real frente ao dólar, o Ebitda do segmento totalizou US$ 1,2 bilhão (+17,7% a/a), com uma margem de 5,7% (+0,8 p.p. a/a).
Fluxo de caixa e alavancagem
Diante do desempenho positivo nos dois segmentos da Petrobras, a receita líquida da estatal apresentou uma leve alta de +0,5%, encerrando o trimestre em US$ 23,4 bilhões.
Isso, combinado com o controle dos custos e despesas no período, refletiu em uma alta de +2,9% a/a do Ebitda, que totalizou US$ 11,9 bilhões. A margem Ebitda encerrou o 3T25 em 51% (+1,2 p.p. a/a).
O lucro líquido, por sua vez, ficou em US$ 6 bilhões, um crescimento de +2,7% na comparação anual.

Um dos pontos de atenção dos últimos trimestres é o capex da estatal, que alcançou US$ 5,5 bilhões no 3T25, uma expansão relevante de +23,7%.
A dívida líquida no trimestre ficou em US$ 59 bilhões, um aumento de +1% versus o 2T25, mas uma alta de +33% na comparação anual. Deste modo, a alavancagem (dívida líq./Ebitda) encerrou o período em 1,5x, contra 0,9x do 3T24.
O destaque negativo ficou para o fluxo de caixa livre da estatal, que totalizou US$ 4,9 bilhões, uma queda de -28% a/a. A menor geração de caixa foi reflexo do aumento do Capex e do recuo do fluxo de caixa operacional.
Esse dado é relevante, pois o fluxo de caixa livre é utilizado como base na política de remuneração aos acionistas, a qual prevê a distribuição de 45% desse indicador.
Petrobras anuncia proventos no valor de R$ 12 bilhões
Além do balanço trimestral, a estatal comunicou a aprovação da distribuição de proventos no valor total de R$ 12,16 bilhões, representando R$ 0,9432 por ação. Os proventos serão pagos em duas parcelas:
- 1ª parcela, no valor de R$ 0,4716 por ação, será paga em 20 de fevereiro de 2026.
- 2ª parcela, no valor de R$ 0,4716 por ação, com pagamento em 20 de março de 2026.
A data de corte será em 22 de dezembro de 2025. As ações serão negociadas ex-direitos a partir do dia 23 de dezembro de 2025.
A definição e o comunicado sobre a forma de distribuição, dividendos e/ou Juros Sobre Capital Próprio (JCP), ocorrerá até o dia 11 de dezembro.
O que fazer com as ações da Petrobras?
Assim como observado no 2T25, o foco volta a recair sobre o aumento das despesas e dos investimentos da Petrobras. Novamente, observamos no 3T25 um aumento significativo dessas linhas que pressionam a geração de caixa da petroleira.
No acumulado do ano, o fluxo de caixa livre apresenta uma queda de -34%, pressionado pela expansão do capex e pelo recuo do fluxo de caixa operacional.
Apesar da grande representatividade dos investimentos para Exploração e Produção, o capex para negócios, como distribuição, energias renováveis, fertilizantes, refino, transporte e comercialização, por exemplo, vêm ganhando cada vez mais representatividade na estatal.
A baixa rentabilidade desses segmentos, os quais não são o core business da companhia, pressionam a lucratividade e a rentabilidade da Petrobras e, consequentemente, a sua capacidade de distribuição de dividendos.
Diante da perspectiva de aceleração do capex em projetos pouco rentáveis, em meio a um cenário desafiador, a perspectiva é de resultados pressionados e uma capacidade de geração de valor mais baixa para os seus acionistas.
Além disso, nos aproximamos de um ciclo eleitoral (2026), que historicamente é um período de maior volatilidade para as ações da estatal.
Assim, mesmo com múltiplos históricos baixos (4x lucros e 3x Ebitda), as ações da Petrobras negociam na média histórica dos últimos cinco anos. Isso, somado à expectativa de crescimento tímido, reflete em uma assimetria pouco favorável neste momento.
Portanto, nossa recomendação é neutra para as ações da Petrobras.

