Petrobras e Foz do Amazonas: entenda impactos em PETR4
Petrobras inicia exploração na Foz do Amazonas. Descubra o que muda para PETR4, dividendos e o setor de petróleo no Brasil

Após cinco anos de embates entre alas do governo e quase sendo arquivada algumas vezes, a licença para a primeira perfuração na bacia da Foz do Amazonas, finalmente, saiu.
Na última segunda-feira, 20, a Petrobras (PETR4) anunciou que obteve o aval do Ibama para iniciar as pesquisas exploratórias na região brasileira de maior potencial desde o pré-sal.
Mas, antes de avaliarmos os impactos para a estatal, o que é, afinal, a bacia da Foz do Amazonas?
O que é a bacia da Foz do Amazonas?
A bacia da Foz do Amazonas é uma das maiores e menos exploradas bacias sedimentares do Brasil, localizada entre o Amapá e o norte do Pará, em uma área de cerca de 160 mil km².


Por que a Margem Equatorial importa tanto?
Junto a outras quatro bacias (Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar), que se estendem até o Rio Grande do Norte, a Foz do Amazonas faz parte da Margem Equatorial — ou, melhor, do que podemos chamar de Margem Equatorial Brasileira.

A verdade é que a Margem Equatorial (ou Margem Equatorial Atlântica) vai além do território brasileiro, também passando pela Guiana Francesa, Suriname e Guiana.
Esses dois últimos países, inclusive, já vêm explorando a área nos últimos anos.
A Guiana, por meio da petroleira norte-americana ExxonMobil, foi a “pioneira” na região, descobrindo petróleo em 2015. Já no Suriname, a primeira descoberta foi em 2020.
Ao todo, já foram descobertos mais de 15 bilhões de barris de petróleo na área (11 bilhões na Guiana e 4 bilhões no Suriname), quantidade que representa quase 90% da reserva total de petróleo do Brasil atualmente (em torno de 17 bilhões de barris de petróleo).
Além de explorar e descobrir, a Guiana já iniciou sua produção, com mais de 600 mil barris por dia — que, segundo a ExxonMobil, poderá chegar a 1,2 milhão até 2027 (quase 40% do total produzido pelo Brasil diariamente). O Suriname, porém, ainda não produz.
Dessa forma, nossos vizinhos já confirmaram que há muito potencial na região.
Qual o impacto na produção de petróleo do Brasil?
Segundo estimativas recentes, a bacia da Foz do Amazonas pode ter cerca de 5,7 bilhões de barris de petróleo, o que elevaria as reservas brasileiras em cerca de +34%.
Se o potencial for confirmado, o Brasil poderá alcançar a quarta maior produção de petróleo do mundo na próxima década, ficando atrás apenas dos EUA, Arábia Saudita e Rússia.
Obviamente, isso também poderá elevar a capacidade produtiva da Petrobras de forma significativa.
Como a Petrobras será afetada?
A licença concedida pelo Ibama permitirá que a estatal perfure o primeiro poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado a cerca de 500 km da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa.
Inclusive, segundo a própria empresa, a sonda já se encontra no local e a perfuração começará imediatamente, com duração estimada de cinco meses.
Contudo, vale ressaltar que esse é apenas o primeiro passo de um longo processo de exploração, com várias etapas antes de qualquer desenvolvimento comercial. A perfuração inicial tem como objetivo principal avaliar o real potencial dos recursos da bacia.
Caso seja comprovada a viabilidade comercial, a petroleira passa para a fase de planejamento e produção, que dependerá de um plano de desenvolvimento a ser aprovado pela ANP.
Os acionistas, porém, não devem esperar ganhos de produção no curto prazo.
Segundo a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, a expectativa é de que as operações tenham seu início apenas em 2033 (caso todas as etapas do plano ocorram bem).
Ainda é cedo para afirmar o quanto a Foz do Amazonas trará de incremento à produção atual da petroleira, mas, se atingidas as estimativas iniciais, a tendência é de um forte reabastecimento de suas reservas (cerca de +50%) e alongamento de seu perfil de extração.
Sendo assim, a bacia possui uma alta relevância para a companhia, ainda mais considerando que o pré-sal deverá atingir seu pico de produção ainda nesta década.
Agora, a pergunta que não quer calar é: como ficam os dividendos da Petrobras?
Os dividendos da Petrobras estão em risco?
A princípio, não.
Além do primeiro poço exploratório (apelidado de “Morpho”), outros três no mesmo bloco e mais sete em outros blocos poderão ser explorados nos próximos dois anos e meio.
Ao todo, a Petrobras planeja perfurar 15 poços da Margem Equatorial, com um investimento inicial previsto de US$ 3 bilhões e que já está contemplado em seu plano estratégico 2025-29 — sem interferir em suas distribuições esperadas de dividendos no período.

É claro que esse é apenas o investimento inicial e, em caso de sucesso nas pesquisas, muitos outros serão realizados (alguns estimam dezenas de bilhões de dólares).
Com isso, além das incertezas quanto à viabilidade real do ativo, a intensificação dos investimentos poderá, sim, trazer impactos aos dividendos no futuro. Mas pode ter certeza de que seguiremos acompanhando, de perto, os próximos passos da companhia.
No momento, não temos recomendação de compra para as ações da Petrobras.
PetroReconcavo (RECV3) como alternativa à Petrobras
No Nord Dividendos, mantemos nossa preferência por uma empresa do setor que possui indicadores tão bons quanto os da Petrobras, mas sem carregar os riscos da estatal.
Apesar de um porte (bem) menor, a PetroReconcavo (RECV3) é uma petroleira com décadas de mercado e que foi pioneira no redesenvolvimento de campos maduros no Brasil.
A forte geração de caixa e baixa alavancagem nos últimos anos vêm permitindo que a empresa se consolide como uma das melhores “dividendeiras” da Bolsa.
Atualmente, suas ações negociam a um Preço/Lucro de apenas 6x e possuem um dividend yield projetado para o próximo ano de 13% (números até melhores do que os da Petrobras). Sendo assim, mantemos RECV3 como uma das principais posições da nossa carteira.