Plano de investimento da Petrobras (PETR4), ‘Mar de Oportunidades’, é bom para o acionista?
O Plano Estratégico da Petrobras (PETR4) prevê investimentos de US$ 78 bilhões entre 2023 e 2027.
Ao mesmo tempo, o diretor-presidente da companhia, Jean Paul Prates, pretende levar mais US$ 80 bilhões em um plano de investimento na indústria naval.
O que está em jogo nos investimentos controversos da Petrobras?
“Mar de Oportunidades”
O plano, chamado de “Mar de Oportunidades”, prevê US$ 80 bilhões de investimentos em plataformas, navios-sonda e barcos de apoio, de acordo com o material que o CEO da Petrobras preparou para Lula.
Mesmo sem anúncio oficial, não seria surpresa o lançamento de um plano de incentivo à indústria naval, afinal tivemos alguns acenos em relação a estímulos para essa indústria.
“A história não se repete, mas rima.” — Mark Twain
A última tentativa de fomentar a indústria naval foi em 2010, com a criação da Sete Brasil, que tinha a Petrobras como um dos principais sócios e único cliente.
O final dessa história é conhecido. Em 2016, a Sete Brasil entrou em recuperação judicial, um dos maiores processos da história deste país.
Sem experiência, tecnologia e custando algumas vezes mais do que os players mundiais, dos 28 contratos firmados para a construção de sondas de exploração, a empresa não entregou nenhum.
Esse é um exemplo extremo de má alocação de capital feita pela Petrobras ao longo da sua história, mas temos outros como refinarias, distribuição, comercialização, termelétricas e petroquímicas.
A alocação de capital é uma arte, além de muito importante para nós, investidores.
A pergunta de bilhões
Pagar ou fazer investimentos? Essa é a pergunta de alguns bilhões de reais, e a pergunta que mais foi feita nos últimos dias.
A dúvida entre distribuir parte dos lucros para os acionistas ou investir é uma das decisões mais importantes para uma empresa. É a arte da alocação de capital.
Na sua carta anual de 1984, Warren Buffett comentou que a retenção dos lucros de uma empresa só faz sentido se ela tiver a capacidade de investir de forma rentável.
Caso contrário, a melhor opção é distribuir os lucros para os seus acionistas.
Basicamente, o maior investidor de todos os tempos, Warren Buffett, diz que se for para investir mal ou com baixo retorno, ele prefere sua parte do lucro no bolso.
Nesse sentido, o histórico negativo da Petrobras em investimentos pouco rentáveis e que foram além do seu negócio principal (Exploração e Produção) levanta incertezas para o mercado.
Quando se trata de um investimento com baixa rentabilidade, que não vai agregar valor à companhia, a melhor opção é distribuí-lo aos seus acionistas.
A volta do pesadelo?
É inegável que a Petrobras tem forte geração de caixa e bons múltiplos, especialmente após a crise da Lava Jato.
Tudo isso aconteceu porque a companhia focou no que sabe fazer, no seu core business, que é a exploração e produção de campos em águas profundas e ultraprofundas.
E parou de focar em negócios que não faziam sentido para a “Nova Petrobras”, como campos maduros, onshore, refino, logística e distribuição.
A reestruturação da Petrobras e sua estratégia de desinvestimento deram tão certo que a empresa voltou a ser lucrativa, com solidez financeira e pagando robustos dividendos.
No entanto, as recentes investidas do governo na Petrobras aumentam os receios dos investidores quanto à governança da companhia.
O episódio mais recente foi o não pagamento de dividendos extras. Como reação, a empresa perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado.
Mais dúvidas do que certezas
Devido à maior percepção de risco sobre a empresa do ponto de vista político e do plano de negócios, não temos recomendação de compra para PETR4.
Vemos mais dúvidas do que certezas na tese de investimentos.
Como grandes incertezas, citamos: alocação ruim de capital, interferências no seu plano estratégico de longo prazo, ingerências na sua autonomia de política de preço dos combustíveis e na sua governança.
Se, após uma avaliação cuidadosa, você decidir investir nas ações da Petrobras (PETR3; PETR4), esteja atento aos rumos do mercado financeiro.
É fundamental estar atualizado sobre as notícias da política, resultados da empresa e outros fatos relevantes.
Destacamos nossa preferência no setor para as junior oils PRIO (PRIO), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3).
Caso tenha interesse, você pode aprofundar gratuitamente nas teses aqui.