Como lidar com grandes perdas ao investir?

Não é só o investidor de Bolsa que está sofrendo; saiba como avaliar seu portfólio de investimentos

Marilia Fontes 07/12/2023 11:00 5 min Atualizado em: 04/01/2024 11:36
Como lidar com grandes perdas ao investir?

Se você investiu em bolsa nos últimos dois anos, deve ter passado muito calor com a sua carteira. Se não está ainda no prejuízo, não deve estar com uma performance muito relevante. 

Se investiu nos melhores fundos multimercado do país, também deve estar rendendo em torno de -7% quando comparado com o CDI. 

Se comprou títulos prefixados ou IPCA+ ao longo de 2022, também deve ainda estar na marcação a mercado negativa. 

Um ano difícil para os gestores

O fato é que este ano tem sido um dos mais desafiadores para os gestores profissionais. Era de se esperar um ano difícil com juros altos drenando a liquidez de mercado, mas ninguém poderia imaginar que seria tão custoso como está sendo. 

E agora, Marilia? O que fazer com a minha carteira e com os meus investimentos? Troco de assessor?

Calma!

Uma das maiores dificuldades tanto do gestor não profissional quanto do gestor profissional é lidar com as perdas. A perda dói. Segundo pesquisas, 1% de perda dói mais do que o benefício de 1% de ganho. 

É natural que quando o preço de uma ação da sua carteira cai, você acredita que algo muito ruim aconteceu e a empresa não é boa. Mas isso nem sempre é verdade. 

Muitas vezes, o mercado entra em um modo de aversão ao risco em que muitos gestores enfrentam saques maciços nos fundos. Quando os saques acontecem, os gestores são obrigados a vender parte da sua posição, mesmo gostando dela, para gerar liquidez para pagar os resgates. 

Isso faz com que boas empresas sejam negociadas a preços mais baixos, mesmo que nada de efetivo possa ter ocorrido nos seus resultados. 

O que fazer quando uma ação despenca?

Por esse motivo, quando as ações caem, é preciso revisitar a tese. Olhando o balanço novamente, algo de fundamental da empresa mudou? Essa é uma pergunta relevante a ser respondida. 

Se a resposta for “sim”, então de fato você tem que fazer uma redução dessa posição. Mas se essa resposta for “não”, seus olhos têm que brilhar. Você tem que encarar a queda no preço do ativo que você gosta como uma grande oportunidade de comprar uma empresa boa a preços mais baixos.  

Caso você não tenha mais caixa para aumentar a posição, então resta apenas ter muita paciência e esperar que o mercado volte a reprecificar os ativos corretamente. 

Toda vez que você alocar em um ativo de risco, você tem que entender que ele vai oscilar, e que é possível que o mercado fique disfuncional durante um período, caindo o preço do seu papel. 

Ou seja, se você não aceita perder nenhum centavo para aumentar o potencial de retorno de longo prazo da sua carteira, melhor alocar somente do CDI.

Se você optar por correr risco, tem que estar pronto para esperar o tempo de maturação do mercado, que pode demorar anos. 

Os gestores profissionais têm esse calcanhar de aquiles em relação ao gestor pessoa física. Quando entra uma crise, o gestor é obrigado a reduzir parte da sua posição. Mas o gestor pessoa física não, e pode inclusive aumentar a compra do ativo e a concentração nos setores.  Quando o mercado melhorar, o investidor paciente colherá os louros da sua estratégia. 

Analise o seu portfólio

Até o final deste ano, olhe para a sua carteira:

  • Dê uma olhada nas operações que estão perdendo dinheiro. 
  • Veja se a piora tem mais a ver isoladamente com uma queda na cotação ou uma piora nos fundamentos dessa empresa. 

Se o fundamento piorou, ajuste suas posições para ações melhores. 

Se o fundamento seguiu igual ou melhor, continue com a posição e seja paciente. Se ainda tiver caixa, aumente a posição. 

Lidar corretamente com perdas é um dos fatores que mais influencia na sua rentabilidade de longo prazo. Zerar posições perdedoras em épocas ruins do ciclo fará com que você demore muito tempo, em um investimento conservador, para recuperar esse dinheiro perdido. 

Sem contar o dissabor de ver a ação que você acabou de vender gerando altos retornos, não é mesmo?

Mas cuidado, nem tudo é bom do ponto de vista do fundamento. Tem coisas que são ruins e realmente não deveriam estar na sua carteira. Essas devem ser substituídas o mais rápido possível. Não tenha compromisso com uma ação perdedora. 

Recupere o prejuízo da ação perdedora com a ação da bolsa que você acreditar que tem o maior potencial de retorno.

Apesar de eu escrever o conceito de uma forma muito simples neste artigo, eu sei que no meio do furacão é muito difícil ficar tranquilo ou até aumentar suas posições de risco. 

É por isso que, durante a crise de 2020, nós fazíamos lives diariamente dizendo para que você não vendesse as boas ações que você tinha.

Muitos nos disseram que foi isso que acabou dando a coragem que precisavam para manter suas posições. 

Às vezes, uma ajudinha é necessária. 

Uma nova forma de investir

Se precisar da nossa ajuda para construir uma carteira com o seu perfil exato de risco e eficiência tributária, além de um acompanhamento desses tempos de mercado e das suas perdas, não deixe de entrar em contato com a Nord Wealth.

O primeiro ciclo de baixa a gente nunca esquece. No entanto, para 2024, eu estou mais otimista. Acredito que teremos boas oportunidades com os juros brasileiros caindo e os americanos ficando estáveis. 

Nesse contexto, quem encheu o carrinho de compras de ações durante a baixa poderá mudar de patamar nos seus investimentos. 

Espero que você tenha sido um desses e que saiba lidar com perdas

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