PCE: inflação nos EUA vem mais fraca em março
Apesar do resultado mais fraco, houve avanço nos preços de aluguéis; atenções sobre a inflação permanecem

O núcleo do PCE (inflação ao consumidor dos EUA) apresentou uma alta de 0,03% em março, abaixo das expectativas de +0,10%, após +0,50% no mês anterior e +0,34% em março de 2024.
Vale ressaltar que o resultado do mês anterior foi revisado para cima, de 0,36% para 0,50%.

Em 12 meses, o núcleo do PCE acumula alta de +2,65%, ante +2,96% no mês anterior.

Em relação ao mês anterior, o setor de serviços apresentou uma desaceleração importante de 0,56% para 0,12%.

Entre os destaques para essa desaceleração de serviços estiveram as categorias de serviços financeiros (de +1,77% para +0,21%) e assistência médica (de +0,34% para -0,10%).
Além disso, o dado novamente contou com impacto negativo da categoria de serviços de transporte (de -0,20% para -0,64%), motivado pela queda de passagens aéreas, que costuma ser mais volátil.
No entanto, os preços de aluguéis, que são o principal ponto de atenção para a dinâmica recente da inflação americana, aceleraram de 0,28% para 0,39%, o maior patamar desde agosto de 2024 (0,47%).

Dessa forma, aluguéis ainda acumulam uma alta importante de 4,29% em 12 meses, ante 4,33% no mês anterior.

Enquanto isso, o setor de bens, com menor peso no cálculo do índice, registrou queda nos preços, com bens duráveis em -0,47%, ante +0,42% no mês anterior, devido a queda nos preços de produtos farmacêuticos. Bens duráveis veio em -0,05%, ante +0,40% no mês anterior.


Ou seja, apesar do dado abaixo do esperado, o qualitativo não foi muito otimista em razão da aceleração dos preços de aluguéis, categoria na qual é a mais necessária em mostrar uma trajetória consistente de desaceleração, o que não vimos até o momento.
Dessa forma, considero que um corte de juros em junho pelo Federal Reserve (Fed) não seria o movimento apropriado, pois ainda estamos falando de uma inflação elevada e com pontos de atenção no qualitativo dos dados.
O Fed pode cortar juros no segundo semestre de 2025, mas de forma cautelosa e, na minha visão, em menor magnitude do que o mercado precifica na curva.


