Payroll: EUA criam 22 mil vagas de trabalho em agosto, abaixo do esperado

As principais leituras confirmam o desaquecimento do mercado de trabalho da maior economia do mundo. Veja nossa análise completa

Christopher Gomes Galvão 05/09/2025 11:12 4 min Atualizado em: 05/09/2025 12:33
Payroll: EUA criam 22 mil vagas de trabalho em agosto, abaixo do esperado

Os Estados Unidos criaram 22 mil vagas de emprego em agosto deste ano, mostra o payroll divulgado nesta sexta-feira, 5, pelo Departamento de Trabalho do país. O resultado veio abaixo das expectativas de 75 mil. 

O resultado de julho foi levemente revisado para cima, de 73 mil vagas para 79 mil. No entanto, o resultado de junho sofreu uma revisão negativa mais significativa, de 27 mil para -13 mil vagas. Combinados, os dois meses anteriores foram revisados em -21 mil do que havia sido divulgado anteriormente, seguindo a tendência de revisões negativas ao longo das últimas divulgações.

 Fonte: Zerohedge

Olhando para a média móvel de três meses das principais leituras do mercado de trabalho americano, notamos uma desaceleração generalizada, reforçando os sinais mais claros de arrefecimento ao longo dos últimos meses.

A taxa de desemprego subiu de 4,2% para 4,3%, em linha com o esperado. Apesar de ainda baixa em relação ao histórico, essa é a maior taxa de desemprego desde outubro de 2021 (4,5%).

Fonte: Bloomberg

A taxa de desemprego subiu principalmente pelos novos entrantes, ou seja, os indivíduos que estavam fora da força de trabalho e voltaram a procurar emprego.

O aumento do desemprego por reentrantes conversa com o aumento da taxa de participação de 62,2% para 62,3%, ante expectativas de 62,2%. Nota-se, porém, que a taxa de participação continua em patamares abaixo do pré-pandemia (63,3%).

Fonte: Bloomberg

Os salários por hora trabalhada subiram 0,3%, em linha com o esperado. A média móvel de três meses mostra um comportamento mais benigno dos salários nas últimas divulgações.

Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord Investimentos

Na base anual, os salários subiram 3,7%, que, junto com o dado de junho, reflete o menor patamar desde julho de 2024 (3,6%).

Fonte: Bloomberg

A média de horas trabalhadas por semana caiu de 34,3 para 34,2.

Fonte: Bloomberg

Os principais dados (Payroll, ADP e Jolts), portanto, confirmam o cenário de desaquecimento do mercado de trabalho dos EUA. A taxa de desemprego permanece baixa, mas rompe a barreira dos 4,2% depois de um longo período. 

A quase certeza do mercado quanto ao corte de juro, em 17 de setembro, não só se torna certeza, como o mercado passa a precificar 12% de probabilidade de corte mais agressivo de 0,50 p.p.

Apesar dessa animação do mercado, acreditamos que o Fed deve optar por um corte mais moderado de 0,25 p.p. O ponto importante é que agora o Fed pode cogitar entregar cortes sequenciais ao longo das próximas três reuniões que restam neste ano. A probabilidade para, pelo menos, três cortes está em torno de 70%.

 Fonte: GME Group

Para os próximos 12 meses, o mercado passa a precificar juros caindo para 3,00%, ou seja, para o nível do juro neutro.

Fonte: Bloomberg

O que é Payroll?

O Payroll é o principal indicador sobre o mercado de trabalho formal dos Estados Unidos.

Quando é o Payroll?

Na primeira sexta-feira de cada mês, sempre às 10h30 do horário de Brasília.

Quem divulga o Payroll?

A agência governamental U.S. Bureau of Labor Statistics.

Do que o Payroll é composto?

O Payroll é calculado a partir de uma pesquisa com 119 mil empresas, representando aproximadamente 629 mil locais de trabalho nos EUA. 

A partir dessa amostra, calcula-se números como empregos criados, taxa de desemprego, horas de trabalho, salários por hora trabalhada e taxa de participação na força de trabalho.

Vale ressaltar que as estimativas consideram empregos formais e exclui os trabalhadores agrícolas, autônomos e empregos domiciliares.

Como o Payroll afeta a economia?

O Payroll reflete a dinâmica do mercado de trabalho americano, estando relacionado ao nível de aquecimento da atividade econômica local.

Em cenários de aquecimento da economia, o número de criação de vagas e os ganhos salariais tendem a ser maiores, assim como a taxa de desemprego tende a ser mais baixa.

Quanto mais forte o Payroll, maiores os seus efeitos sobre a inflação, diante das maiores pressões salariais que levam a um maior consumo.

Como analisar o Payroll?

Diversos números devem ser levados em consideração ao analisar o Payroll, sendo os principais deles: empregos formais criados, taxa de desemprego e salários.

Uma análise bem feita demanda um olhar para dentro desses números, como os setores que mais criaram vagas. Além disso, é possível investigar outros detalhes como empregos de período integral vs empregos de meio período.

São detalhes como esses que tornam a análise mais completa para ser possível interpretar os efeitos do Payroll sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária a ser adotada pelo Federal Reserve.

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