Payroll: EUA criam 119 mil vagas em setembro, acima do esperado

Após atrasos, o Payroll de setembro mostra uma atividade desacelerando gradualmente, mas número mais forte reduz chance de recessão

Christopher Gomes Galvão 20/11/2025 17:45 4 min Atualizado em: 24/11/2025 10:44
Payroll: EUA criam 119 mil vagas em setembro, acima do esperado

A economia dos EUA criou 119 mil empregos em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 20, após um atraso de sete semanas devido à paralisação do governo americano. O dado veio acima das expectativas, de 53 mil. 

Além disso, o resultado do Payroll de agosto foi revisado de +22 mil vagas para -4 mil (revisão de -26 mil).

Em setembro, o destaque positivo ficou para a categoria de assistência médica (+43 mil), seguido por serviços de alimentação e bebidas (+37 mil). Já o destaque negativo ficou para serviços profissionais e empresariais (-20 mil).

Fonte: Bloomberg
 Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord Investimentos

A taxa de desemprego subiu de 4,3% para 4,4%. Apesar de o desemprego ainda ser baixo, esse patamar de 4,4% é o maior desde outubro de 2021 (4,5%).

 Fonte: Bloomberg

A taxa de participação subiu de 62,3% para 62,4%, mas permanece abaixo do patamar pré-pandemia (63,3%). 

Fonte: Bloomberg

Esse menor patamar em relação ao período pré-pandemia está relacionado à menor participação da população de idade mais avançada (acima de 55 anos), com a taxa de participação atual 38,1%, ante 40,3% no pré-pandemia). Enquanto isso, os mais jovens (25 a 54 anos) já voltaram para a força de trabalho, com taxa de participação de 83,7%, contra 82,9% no pré-pandemia.

Fonte: Bloomberg

Com a mudança de comportamento da população de idade mais avançada, com muitos desistindo de procurar emprego, devemos seguir observando uma taxa de participação geral mais baixa que no pré-pandemia. 

Em outras palavras, devemos observar menor criação de vagas no Payroll que no pré-pandemia, mas sem aumentos agressivos na taxa de desemprego, dinâmica que já vem acontecendo ao longo dos últimos trimestres.

Enquanto isso, os salários por hora trabalhada subiram 0,2%, abaixo das expectativas de 0,3%. O resultado do mês anterior foi revisado para cima (de 0,3% para 0,4%), mas, no geral, temos observado uma dinâmica mais benigna.

 Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord investimentos

Após atraso na divulgação devido à paralisação do governo americano, o Payroll de setembro mostrou uma dinâmica que já estávamos observando: o mercado de trabalho está desacelerando gradualmente, mas não compactua com um cenário de recessão.

Nessa última semana, as apostas para corte de juros na reunião do Fed de dezembro voltaram a aumentar. Atualmente, a curva de juros precifica uma probabilidade de 75% para corte de 0,25 p.p.

Com a atividade desacelerando gradualmente e dados mais benignos de inflação, também vejo como mais provável um corte de 0,25 p.p. na próxima reunião, apesar de o presidente do Fed ter deixado esse movimento em dúvida em sua última decisão. 

O que é Payroll?

O Payroll é o principal indicador sobre o mercado de trabalho formal dos Estados Unidos.

Quando é o Payroll?

Na primeira sexta-feira de cada mês, sempre às 10h30 do horário de Brasília.

Quem divulga o Payroll?

A agência governamental U.S. Bureau of Labor Statistics.

Do que o Payroll é composto?

O Payroll é calculado a partir de uma pesquisa com 119 mil empresas, representando aproximadamente 629 mil locais de trabalho nos EUA. 

A partir dessa amostra, calcula-se números como empregos criados, taxa de desemprego, horas de trabalho, salários por hora trabalhada e taxa de participação na força de trabalho.

Vale ressaltar que as estimativas consideram empregos formais e exclui os trabalhadores agrícolas, autônomos e empregos domiciliares.

Como o Payroll afeta a economia?

O Payroll reflete a dinâmica do mercado de trabalho americano, estando relacionado ao nível de aquecimento da atividade econômica local.

Em cenários de aquecimento da economia, o número de criação de vagas e os ganhos salariais tendem a ser maiores, assim como a taxa de desemprego tende a ser mais baixa.

Quanto mais forte o Payroll, maiores os seus efeitos sobre a inflação, diante das maiores pressões salariais que levam a um maior consumo.

Como analisar o Payroll?

Diversos números devem ser levados em consideração ao analisar o Payroll, sendo os principais deles: empregos formais criados, taxa de desemprego e salários.

Uma análise bem feita demanda um olhar para dentro desses números, como os setores que mais criaram vagas. Além disso, é possível investigar outros detalhes como empregos de período integral vs empregos de meio período.

São detalhes como esses que tornam a análise mais completa para ser possível interpretar os efeitos do Payroll sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária a ser adotada pelo Federal Reserve.

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