Petrobras (PETR4) continua boa pagadora de dividendos, mas preferimos outra

Petrobras perdeu R$ 30 bilhões em valor de mercado após falas do CEO da companhia

Victor Bueno 01/03/2024 10:28 4 min
Petrobras (PETR4) continua boa pagadora de dividendos, mas preferimos outra

As falas de Jean Paul Prates, CEO da Petrobras (PETR4), sobre os dividendos distribuídos aos acionistas, fizeram a companhia perder R$ 30 bilhões em valor de mercado na quarta-feira, 28.

Isso mesmo, em apenas um pregão, a Petrobras perdeu o equivalente a uma Cosan (CSAN3) ou uma Copel (CPLE6) em valor de mercado.

Prates afirmou à Bloomberg que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários à medida que se move para se tornar uma potência de energia renovável. 

Com a queda de -5,16% no dia, o mercado interpretou que a petroleira vai pagar menos dividendos e investir mais, mesmo que não seja nenhuma novidade.

PETR4 política de dividendos

Em julho do ano passado, a Petrobras anunciou mudanças em sua política de dividendos, com o intuito de “liberar espaço” para que a empresa volte a investir.

A companhia reduziu a previsão de pagamento de dividendos para montante entre US$ 40 bilhões e US$ 45 bilhões no período de 2024 a 2028, abaixo do que era previsto anteriormente, de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões. 

O novo valor também considera possível recompra de ações.

Investimentos em energia limpa

Em dez anos, a Petrobras quer que metade de sua receita seja proveniente de fontes eólicas, solares e de combustíveis renováveis. Atualmente, a maior parte de sua receita vem da exploração e produção de petróleo.

Como parte do plano estratégico 2024/28, a Petrobras prevê um CAPEX (investimento) de US$ 102 bilhões nos próximos cinco anos.

É importante mencionar que, desde o início do governo Lula, a companhia vem sendo pressionada a mudar sua estratégia e estar mais alinhada aos interesses políticos sobre energia limpa e transição energética.

Ou seja, mesmo que não existam grandes novidades, as falas de Prates contribuíram para reforçar o principal risco relacionado à Petrobras: a interferência política (independentemente do lado) na gestão da estatal.

PETR4 dividendos em 2024

Os dividendos da Petrobras tendem a permanecer robustos no curto prazo. Contudo, tendo em vista a nova política de remuneração, não serão mais como costumavam ser.

Após se aproximar de 70% em 2022 (impulsionado pela alta no preço do petróleo após a guerra no leste europeu), o dividend yield (rendimento via dividendos) da estatal já caminha para patamares normalizados.

P.S. Se quiser saber mais detalhes sobre o indicador dividend yield, acesse este artigo em nosso site. 

Além do risco político que gira em torno da Petrobras, os investidores precisam se atentar ao fato de que, para uma empresa extremamente dependente de sua commodity, seus resultados e, consequentemente, dividendos são mais instáveis — ou, no mínimo, menos previsíveis.

Retorno passado não é garantia de retorno futuro ou, traduzindo para o “dividendês”, dividend yield passado não é garantia de dividend yield futuro

É por isso que, ao analisar boas pagadoras de dividendos, é fundamental buscar por regularidade e previsibilidade.

Sendo assim, sem sair do segmento de energia renovável que a Petrobras quer explorar, temos uma outra preferência no momento: a Engie (EGIE3).

Por que preferimos Engie e não Petrobras?

A geradora de energia possui um vasto histórico de operações e bons resultados, o que a credencia como uma das principais escolhas nas carteiras de dividendos dos investidores brasileiros.

A Engie, inclusive, apresentou seu resultado do 4T23 há dois dias, confirmando as expectativas de seus acionistas ao entregar, novamente, sólidos números operacionais e financeiros. 

A companhia registrou um crescimento de +6,4% em seu lucro líquido, manteve seu endividamento em patamares confortáveis e seguirá atenta às novas oportunidades de investimentos no setor (sem precisar, necessariamente, reduzir seus proventos).

Com um payout (parcela do lucro paga em dividendos) de, no mínimo, 55%, a Engie anunciou mais uma distribuição, desta vez de R$ 994,5 milhões ou cerca de R$ 1,22 por ação (dividend yield de 3% apenas nesse pagamento).

Desse modo, a companhia fechou 2023 com um rendimento próximo a 6%

Cabe ressaltar que a data exata do pagamento será definida em Assembleia.

Com um dividend yield esperado de 6,5% para 2024 e negociando a apenas 7x Ebitda, recomendamos a compra de Engie (EGIE3).

Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para entender onde investir em dividendos.

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