OranjeBTC (OBTC3) estreia na bolsa; vale a pena investir?
OranjeBTC chega à B3 via IPO reverso e se destaca com R$ 2,4 bi em BTC. Entenda o modelo Bitcoin Treasury e se vale a pena investir em OBTC3

A OranjeBTC, gigante do setor de criptomoedas, estreou na última terça-feira, 7, na Bolsa de Valores brasileira, por meio de um “IPO reverso”. A ação da empresa é negociada com o código OBTC3.
O que é a OranjeBTC (OBTC3)
A OranjeBTC caracteriza-se como uma Bitcoin Treasury Company, ou seja, sua operação é baseada na aquisição de bitcoin (BTC) para compor seu caixa, por meio de instrumentos financeiros disponíveis exclusivamente para companhias de capital aberto. Entre esses mecanismos, destacam-se a emissão de debêntures voltadas à compra de BTC, bem como a emissão e comercialização de ações preferenciais para captação de recursos com a mesma finalidade.
Esse modelo de negócios tem ganhado popularidade internacionalmente, sendo adotado por empresas como a Strategy (antiga MicroStrategy, pioneira na implementação dessa estratégia), Marathon e MetaPlanet.
No cenário brasileiro, destacam-se a Méliuz (CASH3) e, mais recentemente, a OranjeBTC (OBTC3).
A relevância da OranjeBTC no mercado de criptoativos
Atualmente, a OranjeBTC detém cerca de 3.675 bitcoins em sua tesouraria, o equivalente a aproximadamente R$ 2,4 bilhões, o que a posiciona entre as 30 maiores detentoras de bitcoin do mundo, considerando apenas entidades que registram o ativo em seus balanços.
Com um valor de mercado estimado em R$ 3,8 bilhões e cerca de 30 funcionários, a OranjeBTC também conta com reservas de caixa que garantem sua operação por mais de três anos, segundo a própria empresa.
Entre os investidores estão nomes de peso do setor cripto, como Adam Back, criador do Hashcash e figura influente no desenvolvimento do bitcoin, além dos irmãos Winklevoss, que são conhecidos pelo investimento em criptoativos, embora não tenham comentado oficialmente sobre sua participação na companhia.
OBTC3 vale a pena?
Em minha avaliação, não é vantajoso utilizar empresas classificadas como Bitcoin Treasury Companies como forma de exposição ao bitcoin.
Isso se deve, fundamentalmente, ao fato de que tal estratégia incorpora riscos adicionais à própria posição em BTC — como os riscos operacionais da companhia e de sua tesouraria, especialmente no caso de emissões de debêntures ou títulos atrelados ao criptoativo, cuja performance está diretamente vinculada ao preço do Bitcoin. Soma-se a isso os riscos inerentes à atividade empresarial, como eventuais prejuízos reputacionais e deficiências operacionais.
A maneira mais adequada de se expor ao bitcoin é por meio de investimentos diretos, seja adquirindo o ativo em uma corretora de confiança ou por meio de ETFs de Bitcoin disponíveis no mercado brasileiro, como o BITH11 e o QBTC11.