Nota de crédito AAA dos EUA é rebaixada pela Fitch

Economia americana foi rebaixada pela Fitch por conta da deterioração fiscal esperada para os próximos três anos

Cesar Crivelli 02/08/2023 17:27 2 min
Nota de crédito AAA dos EUA é rebaixada pela Fitch

Ontem à noite, após o fechamento dos mercados, a agência de risco Fitch revisou a classificação de risco dos Estados Unidos para AA+, um degrau abaixo da nota máxima AAA. Vale lembrar que a agência de risco Standard & Poor’s já havia reduzido o rating dos EUA para AA+ em 2011. Por enquanto, a agência de risco Moody’s ainda concede nota AAA para a dívida soberana no país.

Segundo a agência de risco, o movimento de rebaixamento reflete os maiores riscos associados à dívida dos EUA, muito por conta de uma situação fiscal em deterioração (gastos maiores do que arrecadação, o que faz a dívida crescer), o que não é novidade para ninguém.

<!--FORM-->

Além disso, a Fitch disse que o fato de impasses políticos sempre ocorrerem para renovação do teto da dívida de certa forma tiram um pouco da credibilidade do sistema.

Em sua análise, a agência destaca que a projeção de arrecadação do governo deve enfraquecer e mesmo assim os EUA seguem implementando novos pacotes para aumentar os gastos, o que deve aumentar bastante a necessidade de endividamento do país.

Somado a uma dívida em alta, a elevação recente dos juros faz com que o custo dessa dívida seja também extremamente alto.

Como mostra o gráfico abaixo, em valores anualizados, hoje os EUA gastam cerca de US$ 1 trilhão apenas no pagamento de juros da dívida pública, o que é superior ao montante alocado em vários programas governamentais, como saúde e educação.

US Federal Government Interest Payments Surge (1947-2020)
Fonte: Bloomberg

Os efeitos no curto prazo tendem a ser negativos para ativos de risco do país, como a bolsa de valores, como também devem afetar marginalmente o mercado de crédito dos EUA, com investidores pedindo juros mais altos para financiar o país, dado o marginal incremento de risco.

Todavia, ainda falamos da maior economia do mundo, com grande capacidade de se reinventar, como vimos ao longo das últimas décadas. Acreditamos que o movimento da agência é mais uma sinalização para o governo de que o problema do déficit, em algum momento, terá que ser resolvido, do que alguma mudança estrutural na economia do país.

Tópicos Relacionados

Compartilhar