Neoenergia (NEOE3) tem lucro 11% menor no 1T25
Apesar do impacto negativo nos contratos de térmicas e resultado financeiro pressionado, empresa sustenta geração operacional estável

A Neoenergia (NEOE3) divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2025 (1T25), com uma receita líquida de R$ 11,43 bilhões, crescimento de +4% em relação ao 1T24. O Ebitda totalizou R$ 3,72 bilhões, alta de +6% no mesmo comparativo. Por outro lado, o lucro líquido foi de R$ 1,00 bilhão, retração de -11% frente ao mesmo período do ano anterior.

Controle de custos vence inflação
Entre os destaques positivos do trimestre estão o aumento da energia injetada em 3,6%, a manutenção do Ebitda caixa praticamente estável (-1%) e o controle das despesas operacionais, que cresceram apenas 3%, abaixo da inflação. Além disso, houve uma redução de -8% na provisão para perdas com crédito de liquidação duvidosa (PECLD), indicando melhora na qualidade de crédito dos clientes.
No entanto, pesaram negativamente sobre os resultados a queda no lucro, a elevação do resultado financeiro – que subiu 21% por conta da maior taxa de juros no período e do aumento do saldo médio da dívida – e a deterioração da margem da Termopernambuco, causada pela migração dos contratos bilaterais para um novo contrato de capacidade.

Receita cresce com novos ativos e clientes
A receita líquida foi impulsionada pela expansão da base de clientes, novos ativos de transmissão entrando em operação e maior geração eólica e hídrica. Em contrapartida, os reajustes tarifários negativos aplicados às distribuidoras Neoenergia Coelba, Pernambuco e Cosern em 2024 limitaram parte do crescimento.
O Ebitda ajustado, que exclui VNR, efeitos de IFRS e operações corporativas, foi de R$ 2,78 bilhões, praticamente estável em relação ao ano anterior. A margem Ebitda, considerando a receita líquida consolidada, teve leve expansão: 32,5% no 1T25 ante 31,8% no 1T24.
O lucro líquido sofreu queda de 11%, afetado principalmente pelo resultado financeiro negativo de R$ 1,56 bilhão, alta de 21% em relação ao 1T24. Esse aumento foi explicado pelo maior custo da dívida, atrelado ao CDI e à necessidade de captações para financiar os investimentos da companhia.
Em relação à posição financeira, a dívida líquida da Neoenergia atingiu R$ 44,4 bilhões, um aumento de 3% em relação ao 4T24. O indicador de alavancagem, dívida líquida sobre Ebitda, subiu de 3,45x para 3,49x, refletindo o ciclo intensivo de investimentos da companhia. O custo médio da dívida também subiu, chegando a 11,1% ao ano, com um prazo médio de 5,88 anos.
O que esperar da Neoenergia?
Para os próximos trimestres, a empresa conta com a aplicação dos reajustes tarifários aprovados para a Coelba (+8,1%) e Cosern (+6,6%) a partir de abril de 2025, o que deve contribuir positivamente para a rentabilidade futura. Além disso, a revisão tarifária da Neoenergia Pernambuco reconheceu um aumento de 16,2% na Parcela B e elevação da cobertura tarifária para perdas. A estratégia de rotação de ativos foi reforçada com a venda de 50% da LT Itabapoana para o fundo GIC.
Do ponto de vista técnico e de investimento, os resultados do 1T25 revelam uma operação sólida, com geração consistente de caixa e controle de custos mesmo diante de um cenário adverso de juros altos e maior endividamento. A área de transmissão segue como destaque positivo, com Ebitda em alta e novos ativos sendo incorporados.
Ainda assim, permanecem riscos relevantes para a tese de investimento, como o aumento da alavancagem, a sensibilidade à taxa de juros e as perdas regulatórias elevadas em algumas distribuidoras, especialmente Pernambuco e Coelba.
Qual o Dividend Yield da Neoenergia (NEOE3)?
Considerando o preço atual de suas ações e o valor (por ação) distribuído de dividendos nos últimos 12 meses, o Dividend Yield da Neoenergia é de apenas 3,44% (praticamente a metade da média das boas pagadoras de dividendos no país).
Vale a pena comprar Neoenergia (NEOE3)?
A tendência é que, nos próximos anos, os investimentos e o aumento de alavancagem sigam pressionando os dividendos da companhia, que deverão voltar a ser distribuídos, de forma satisfatória, apenas a partir de 2027. Assim, ainda que negocie a um múltiplo relativamente baixo, de 8x lucros, não temos recomendação de compra para NEOE3.
Como faço para comprar as ações da Neoenergia (NEOE3)?
Para investir nas ações da Neoenergia, é necessário ter uma conta em uma corretora de valores. A empresa é negociada na B3 sob o ticker NEOE3. Reforçamos que, no momento, não temos recomendação de compra para a empresa.

