Natura (NTCO3) registra prejuízo líquido 84% menor no 1T25. É hora de investir?
Natura &Co registra avanço no Ebitda recorrente e melhora de margem na América Latina, embora o resultado final ainda reflita prejuízo líquido

No primeiro trimestre de 2025, a Natura &Co (NTCO3) reportou uma receita líquida consolidada de R$ 6,7 bilhões, representando um crescimento de 45,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda recorrente foi de R$ 789,5 milhões, com alta de 30,1% na comparação anual.
Ainda assim, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 151 milhões, embora isso represente uma melhora significativa frente ao prejuízo de R$ 935 milhões no 1T24. O valor representa uma queda de 84% em relação a outro prejuízo acumulado pela empresa no mesmo período de 2024.

Entre os destaques positivos do período, a margem Ebitda da operação Natura &Co Latam chegou a 15%, com avanço de 50 pontos-base em relação ao 1T24. Houve também uma redução de 55% nas despesas corporativas da holding, além de um expressivo crescimento de 34,7% nas vendas digitais da marca Natura. No consolidado, a margem Ebitda recorrente foi de 11,8%.
Em contrapartida, a Avon Brasil teve queda de 12% na receita, a categoria Casa & Estilo retraiu 15,3%, e o prejuízo líquido ainda foi impactado por custos de transformação (R$ 189 milhões) e despesas financeiras (R$ 251 milhões).
Além disso, o consumo de caixa foi elevado, com fluxo de caixa livre negativo em R$ 675 milhões.
Receita cresce puxada pela reintegração da Avon International
A receita líquida da América Latina foi de R$ 5,3 bilhões, um crescimento de 15,4% frente ao 1T24, impulsionada pela performance da marca Natura tanto no Brasil (+8,2%) quanto na região hispânica (+38,4% em moeda constante).
A receita consolidada de R$ 6,7 bilhões incluiu ainda R$ 1,4 bilhão da Avon International, que no mesmo período do ano anterior era considerada uma operação descontinuada.

Operação Latam lidera em rentabilidade
No que diz respeito ao Ebitda, o destaque foi a operação Latam, que registrou R$ 792,5 milhões em Ebitda recorrente, com margem de 15%. Essa melhora foi explicada pela expansão da margem bruta (+90 bps) e pela redução de despesas gerais e administrativas como percentual da receita líquida, resultado da alavancagem operacional e do escalonamento de projetos. Esses ganhos compensaram o aumento de 120 bps nas despesas com vendas, marketing e logística.
Também contribuíram para a margem os efeitos positivos de itens não-operacionais ligados a seguros e impostos, equivalentes a 110 bps. A holding reduziu significativamente suas despesas e a Avon International gerou Ebitda recorrente de R$ 24 milhões.
Prejuízo líquido em 84% menor
Apesar da melhora operacional, o prejuízo de R$ 151 milhões foi causado por custos de transformação e despesas financeiras elevadas, além de R$ 160 milhões em despesas tributárias concentradas no trimestre, reflexo da sazonalidade. O lucro líquido ajustado, excluindo os efeitos não recorrentes, foi de R$ 264 milhões, revertendo o prejuízo ajustado do 1T24.
Dívida sobe e consumo de caixa acelera
A dívida líquida aumentou para R$ 2,9 bilhões, ante R$ 2,4 bilhões no 4T24, e o índice dívida líquida/Ebitda ficou em 1,43x. O consumo de caixa foi expressivo, especialmente por parte da Avon International, enquanto a operação Latam gerou caixa mesmo com a sazonalidade desfavorável.
O que espera da Natura (NTCO3) em 2025?
Para os próximos trimestres, a empresa pretende concluir a implementação da Onda 2 no México no segundo trimestre e na Argentina no terceiro. A fusão com a Natura Cosméticos já foi aprovada, o que deve trazer mais simplificações operacionais.
Além disso, estão em andamento ações de corte de custos, incluindo a redução de cerca de 1.100 funcionários e a avaliação de um possível desinvestimento da Avon International. O foco para o ano está na expansão da margem Ebitda recorrente, ainda que com alguma volatilidade entre os trimestres.
Entre os pontos de atenção, estão o fraco desempenho da Avon, especialmente no Brasil, a queda no canal de consultoras, e o consumo elevado de caixa. Também pesa a pressão vinda da desvalorização do dólar sobre os instrumentos de hedge.
Diante das problemáticas, resultado operacional ainda aquém do esperado e processo de reestruturação moroso, entendemos que o risco não compensa o investimento na companhia.

