Como meu pai multiplicou o patrimônio por 10x — e por que isso importa pra você agora
Descubra como meu pai multiplicou o patrimônio por 10x investindo em ações. O próximo ciclo da Bolsa pode ser sua chance de fazer o mesmo

Em menos de 10 anos, meu pai — que já começou com um patrimônio maior (eu havia torrado o meu fazendo um MBA na NYU entre 2009-2011) — conseguiu multiplicá-lo por 10x no último ciclo.
Meu dinheiro, como começou pequeno demais, cresceu bastante com os aportes. A conta fica mais difícil de calcular.
Sim, eu e ele investimos exatamente da mesma forma. A única diferença é que ele tinha mais caixa do que eu.
Eu havia acabado de voltar de Londres, em meados de 2013, onde era trader de opções de mercados emergentes (Europa e Oriente Médio) no HSBC.
Cheguei ao Brasil, com os mercados afundando, e um amigo gestor me disse: “Por que você não dá uma olhada nesse tal de Warren Buffett?”
Claro que eu já conhecia (vagamente) o Buffett. Como queria largar o trade de opções para virar analista, devorei tudo que encontrei sobre o velhinho e o investimento em valor.
Entendendo os ciclos do mercado de ações
O último ciclo positivo do Brasil começou, mais ou menos, no fim do governo Dilma, passando pelo impeachment e governo Temer — quando os juros começaram a cair — até meados de 2021, quando voltaram a subir fortemente.
Sim, juros subindo até 15% ao ano são veneno puro para a Bolsa, para qualquer empreendedor — e para a economia de qualquer país.
Por isso, o novo livro da Marilia se chama “Renda Fixa é a mãe da Bolsa”. Faz sentido — mas nunca digam a ela que concordei com isso.
O começo difícil e os aprendizados
Concordo com a maioria: quando você começa, ajuda muito se já tiver um “ganhozinho” de curto prazo para ajudar o psicológico.
Para dar aquela massageada no ego, renovar a coragem e manter o rumo.
Mas não foi o nosso caso. Começamos a comprar ações em 2014, no meio da queda vertiginosa do mercado — que só cessaria em janeiro de 2016 (com o impeachment).
Comprava ações e elas caíam. Comprava mais. Caíam. Comprava. E caíam de novo.
Foram -39% de queda acumulada entre meados de 2014 e janeiro de 2016 no índice. Com os aportes, nossa perda ficou perto de -30% nesse período.
Meu pai me ligava desesperado, e eu, sem ver a luz no fim do túnel, prometia: “Te pago de volta com meu salário se der errado.”
E estava dando muito errado.

O detalhe interessante é: o índice Bovespa nunca chegou a negociar a um preço tão baixo como hoje.
Naquela época, a Bolsa caía junto com os lucros das empresas — o Preço/Lucro nunca ficou abaixo de 10x. Hoje, está em 9x.

Imitando Warren Buffett
Estudei tanto sobre Buffett e Value Investing que me transformei de trader de opções para analista.
Em julho de 2015, comecei a trabalhar na casa velha (outra casa de research que, na época, era independente), fazendo exatamente o que faço hoje.
Meu primeiro portfólio (em parte herdado, em parte escolhido por mim) era este:

Eu nem tinha CNPI ainda. O relatório se chamava “Barganhas da Bolsa”, em uma alusão à ideia de comprar barato do Value Investing.
Olha que interessante: da lista, apenas o Paraná Banco (PRBC4) fechou o capital em 2017. Todas as outras empresas ainda estão por aí.
Seria interessante revisitar essas companhias com o conhecimento que tenho hoje.
A virada com o Value Investing
Quando virei analista, comecei a calcular retornos. Fica mais fácil comentar sobre o passado.
O “Barganhas da Bolsa” se transformou no atual “O Investidor de Valor” (IV) da Nord — o track record continua.
O portfólio caiu -10% no segundo semestre de 2015 e subiu +40% em 2016, +45% em 2017 e +20% em 2018. Bons tempos.
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Em meados de 2016, minha empresa favorita era o Itaú — via ITSA4, que era mais barata e não desperdiçava os dividendos de ITUB4.
Sim, na época, minha PRIO3 era a ITSA4. Eu ainda não confiava em empresas que fazem muitas aquisições — crescimento rápido, mas muito risco.
Vimos várias dessas enfrentando problemas nos últimos anos.
Com o tempo, o portfólio foi mudando, e fui entendendo melhor os setores e empresas.
O ANTI-Trader: um portfólio mais arrojado
O IV vinha se destacando e, em junho de 2019, já na Nord, criamos o ANTI-Trader (AT). A proposta era ter um portfólio mais arrojado, com operações mais certeiras e uma proximidade maior com o assinante via mensagens diretas no Telegram.
Com a proximidade maior, poderíamos montar operações mais complexas.
Mas, o AT já existia — era algo que já fazíamos com as ações do IV, apenas concentrando mais em posições de alta convicção e dando uma dinâmica maior nas realocações,
E, claro, o portfólio do meu pai — como o meu — migrou do IV para o AT. O resto é história: +59% em 2019, +60% em 2020 e +40% até julho de 2021.

E, desde junho de 2021, com os juros subindo vigorosamente e várias empresas decepcionando em seus resultados, caímos -21% do pico.
Continuamos fazendo drásticas mudanças no portfólio e nos preparando para o próximo ciclo.
Por que 27% ao ano muda sua vida
Este é, possivelmente, o pior ciclo da bolsa brasileira. Nunca ficamos tanto tempo tão baratos.
No ciclo bom, fizemos +35% ao ano em média — o suficiente para multiplicar o dinheiro por 10x em 7 anos. Bons tempos.
+27% ao ano nem parece assim tanto retorno. Mas multiplica seu capital por 10x em 10 anos.
Isso já aconteceu. E vai acontecer de novo.
O que esperar do próximo ciclo
Com os juros nas máximas, o mercado já começa a precificar quedas da Selic nos próximos meses.

Os sinais estão aparecendo.
Economia desacelerando, inflação retraindo da máxima. O consenso é de corte de juros, mas ninguém sabe ainda quando.
Só sabemos que quem plantar agora pode colher 10x nos próximos 10 anos.
Quanto você acha que a Bolsa sobe no próximo ciclo?
E, mais importante, quais empresas você está comprando para surfar o ciclo?