Maiores altas do Ibovespa em setembro: SMTO3 foi a 5ª colocada

Mesmo com fluxo reduzido e juros futuros em alta, o Ibovespa encerrou setembro no positivo. Saiba quais foram as ações vencedoras no mês.

Victor Bueno 02/10/2023 13:23 5 min Atualizado em: 02/10/2023 20:07
Maiores altas do Ibovespa em setembro: SMTO3 foi a 5ª colocada

O pregão da última sexta-feira, 29, foi importante para que o IBOV não encerrasse mais um mês no negativo, tendo fechado setembro em alta de +0,71%.

Após terem quase zerado seus ganhos de 2023 ao longo de setembro, o IBOV agora acumula alta de +6,22% no ano, enquanto o SMLL, de +5,06%.

Fonte: Bloomberg

Os ganhos, entretanto, seriam ainda maiores se não fosse por alguns fatores.

O principal fator que vem “emperrando” a bolsa brasileira desde junho (mas que também havia sido um dos motivadores do rali de alta de março) é o fluxo de investimento estrangeiro.

Já não é mais nenhuma novidade que os investidores locais ainda nem começaram a entrar na nossa bolsa, por motivos que vão desde uma maior aversão ao risco até o fato de que muitos deles ainda estão “presos” a instrumentos de renda fixa.

Para ajudar, o investidor estrangeiro que havia entrado há alguns meses mudou de ideia e passou a retirar seu dinheiro de solo brasileiro, principalmente em função de uma potencial elevação do risco fiscal no país.

Fluxo estrangeiro cai em 2023 puxando IBOV
Fonte: Bloomberg

Além do “fator gringo”, setembro também foi marcado por uma nova reunião do Copom e, mesmo com mais um corte da Selic, isso não foi o suficiente para a bolsa voltar a engrenar.

A verdade é que o mercado já havia precificado o novo corte, o que ele não esperava era um tom mais duro por parte do Banco Central, que tratou de praticamente anular as chances de uma possível aceleração do ciclo de queda dos juros no Brasil.

Os receios de Campos Neto e sua turma em relação aos gastos do governo e o controle inflacionário no país fizeram com que os juros futuros fossem reajustados para cima — o que, consequentemente, jogou a bolsa para baixo.

Gráfico comparativo IBOV e juros futuro
Fonte: Bloomberg

Soma-se a isso o tom mais duro que também foi passado pelo Banco Central nos Estados Unidos, que deverá manter os juros americanos em patamares elevados por mais tempo e não descartou um possível novo aumento.

Com isso, os juros futuros por lá continuaram a subir e atingiram seus maiores níveis dos últimos 15 anos.

Aqui, a correlação inversa é a mesma: juros americanos para cima, bolsa americana para baixo. Infelizmente, a bolsa brasileira também acaba acompanhando esse movimento.

Gráfico mostra juro longo americano de 10 anos desde 1983
Fonte: Bloomberg

Mesmo com muitos ventos contrários, nosso principal índice acionário encerrou setembro no verde. Sim, a alta poderia ter sido mais expressiva, mas os últimos pregões alimentaram certa esperança para os investidores brasileiros de que outubro poderá ser um mês melhor.

A melhora, porém, passará por uma retomada do fluxo e por uma melhor percepção dos juros, tanto no Brasil quanto nos EUA. Agora, só nos resta aguardar.

Enquanto isso, vamos ver os principais destaques do último mês.

As 5 maiores altas do Ibovespa

  1. CSN Mineração (CMIN3)
  2. BRF (BRFS3)
  3. Hapvida (HAPV3)
  4. Petrobras (PETR4)
  5. São Martinho (SMTO3)

As 5 maiores altas do Ibovespa

Em mês positivo (ainda que levemente) para o Ibovespa, confira as cinco maiores altas que ajudaram o índice a fechar “no verde”.

1. CSN Mineração (CMIN3)

Encabeçando nossa lista de maiores altas de setembro, está a CSN Mineração, cujas ações avançaram +13,32% no mês. Mesmo com sinais mais fracos vindos da China, as ações das mineradoras vinham apresentando desempenho inferior ao do preço do minério de ferro, o que chamou a atenção do mercado quanto a potenciais descontos.

O Morgan Stanley, por exemplo, enxergou um possível upside para CMIN3 e passou a recomendar compra para as ações, inclusive elevando seu preço-alvo para o papel. A recomendação contribuiu para uma maior entrada de fluxo e fez com que a mineradora terminasse o mês em primeiro lugar no ranking positivo do Ibovespa.

2. BRF (BRFS3)

Com alta de +12,72%, a segunda posição do Top 5 de maiores altas de setembro vai para a BRF após nova investida da Marfrig, que passou a deter 40% de participação do frigorífico de suínos e aves. Visando aumentar seu poder de controle, a tendência é que a Marfrig siga adquirindo novas ações da BRF e atinja uma participação de 50%.

3. Hapvida (HAPV3)

A Hapvida foi mais uma empresa a se beneficiar de revisões por parte do mercado, que contribuíram para que suas ações subissem +10,33% no mês. Com uma melhor visibilidade de resultados após a fusão junto à NotreDame Intermédica e com reajustes de preços, o Goldman Sachs elevou sua recomendação para compra e aumentou seu preço-alvo para HAPV3.

4. Petrobras (PETR4)

Os novos cortes de produção da Opep+ e proibições temporárias de exportação na Rússia fizeram com que o preço do barril de petróleo apresentasse fortes altas em setembro. Com grande dependência da commodity em seus resultados, a Petrobras viu suas ações subirem +9,70% no período.

Além disso, a elevação do preço do petróleo no mercado internacional aumentou a defasagem dos valores dos combustíveis praticados pela estatal em relação aos comercializados no exterior, o que pode gerar uma nova pressão por reajustes nas refinarias — fator que é benéfico para seus resultados e ações.

5. São Martinho (SMTO3)

Fechando a lista das maiores altas do mês está a São Martinho, empresa do setor sucroenergético, que se beneficiou da alta dos preços do açúcar devido ao fenômeno do El Niño, que provoca seca em países asiáticos e resulta em redução na produção global. Com isso, os papéis da companhia registraram alta de +8,66% em setembro.

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