Ibovespa em maio: varejistas brilham entre as maiores altas do mês

Ibovespa fecha maio com alta de 1,5%; varejistas lideram os ganhos, enquanto Azul, GPA e Banco do Brasil registram as maiores quedas do período

Hugo Cabral 02/06/2025 17:27 5 min
Ibovespa em maio: varejistas brilham entre as maiores altas do mês

O mês de maio foi marcado por diversas divulgações de resultados das empresas listadas na Bolsa brasileira, além de algumas medidas governamentais que reacenderam o risco fiscal do país. No entanto, isso não foi suficiente para afastar os investidores estrangeiros, que tiveram uma participação relevante no período. 

No cenário internacional, o ambiente de incertezas causado pela guerra tarifária dos Estados Unidos com outros países continuou movimentando os mercados globais.

Desempenho dos principais índices em maio

Apesar da estabilidade nos juros futuros no mês, todos os principais índices acionários fecharam o período subindo. O IBOV encerrou em alta de +1,5%, enquanto o SMLL subiu +5,9% e o IDIV, +1,3%.

Comparação IBOV, IDIV, SMLL e juros futuros em maio/25. 
 IBOV, IDIV, SMLL e juros futuros em maio/25. Fonte: Bloomberg

Das 87 ações que compõem o IBOV, 55 registraram alta no período, enquanto as outras 32 fecharam em baixa. 

O principal destaque positivo do mês foi a Azzas (AZZA3), com alta de +38,7%, enquanto a maior queda foi para as ações da Azul (AZUL4), que caíram -34,7%.

As 5 ações que mais subiram em maio

Veja a lista das cinco maiores altas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
AzzasAZZA3+38,7
Lojas RennerLREN3+24,3
HapvidaHAPV3+23,3
AssaíASAI3+22,1
PetroReconcavoRECV3+19,9

Maiores altas do Ibovespa em maio. Fonte: Bloomberg

1. Azzas (AZZA3) +38,7%

No topo da lista das maiores altas de maio estão as ações da Azzas, que registraram uma valorização de mais de +38%.

As ações da companhia continuam em trajetória de recuperação — ou até de valorização — após uma trégua nos conflitos internos entre os dois principais nomes da varejista: Alexandre Birman e Roberto Jatahy.  

Nossa recomendação: neutra.

2. Lojas Renner (LREN3) +24,3%

A Renner reportou resultados acima do esperado no 1T25, com uma receita líquida de R$ 2,8 bilhões, representando um crescimento de +12%. O Ebitda foi de R$ 585 milhões, com alta de +55%, e o lucro líquido atingiu R$ 221 milhões, +59% maior em relação ao mesmo período do ano anterior.

A varejista se destacou tanto no crescimento de vendas em mesmas lojas (SSS), com alta de +11%, quanto nas margens de Ebitda e lucro, favorecidas por um resultado mais robusto da Realize, impulsionado pela redução da inadimplência financeira da companhia.

A margem bruta também cresceu +0,6 ponto percentual, mesmo em um cenário de inflação, juros elevados e pressão cambial, devido a uma gestão de estoque mais eficiente, possibilitada pelo novo centro de distribuição em operação.

Nossa recomendação: compra.

3. Hapvida (HAPV3) +23,3%

O bom desempenho das ações da Hapvida veio após algumas sinalizações apresentadas nos resultados do 1T25, como: (i) melhora na dinâmica de sinistralidade e provisões; (ii) diminuição nas ações judiciais; (iii) continuidade da estratégia de recomposição de preços; (iv) forte geração de caixa; e (v) baixa alavancagem financeira.

Nossa recomendação: neutra.

4. Assaí (ASAI3) +22,1%

Apesar de os resultados do primeiro trimestre deste ano terem sido considerados neutros pelo mercado, algumas casas de análise passaram a recomendar a compra das ações do Assaí, o que impulsionou sua valorização. A justificativa veio de um valuation atrativo, da expectativa de recuperação após resultados sazonalmente mais fracos e do progresso na estratégia de crescimento da companhia.

Nossa recomendação: neutra.

5. PetroReconcavo (RECV3) +19,9%

Fechando a lista de maiores altas, estão as ações da PetroReconcavo. 

Após as fortes quedas no último mês, acompanhando a desvalorização do preço do petróleo Brent, suas ações entraram em ritmo de recuperação, impulsionadas pela valorização da commodity, pelos bons resultados apresentados e pela robusta distribuição de dividendos anunciada.

Nossa recomendação: compra.

As 5 ações que mais caíram em maio

Veja a lista das cinco maiores quedas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
AzulAZUL4-34,7
GPAPCAR3-28,8
Raia DrogasilRADL3-25,2
Banco do BrasilBBAS3-19,1
MinervaBEEF3-14,7

Maiores baixas do Ibovespa em maio. Fonte: Bloomberg

1. Azul (AZUL4) -34,7%

No topo da lista das maiores quedas do mês estão, novamente, as ações da Azul. 

A companhia aérea entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, utilizando o mecanismo do Chapter 11 da Lei de Falências americana. O processo tem por objetivo reestruturar sua elevada dívida, que aumentou significativamente durante a pandemia do Covid-19. A medida contou com apoio e acordos de credores, como a sua maior arrendadora de aeronaves e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.

Nossa recomendação: evitar.

2. GPA (PCAR3) -28,8%

A varejista de alimentos foi fortemente impactada pela notícia de mudanças na participação acionária da empresa. Na verdade, suas ações passaram por uma correção após fortes altas. O anúncio da intenção da varejista de destituir o conselho de administração e eleger novos membros, liderado pelo fundo de investimento Saint Germain, de Nelson Tanure, foi o que impulsionou os papéis do GPA no último mês.

Nossa recomendação: neutra.

3. Raia Drogasil (RADL3) -25,2%

Após reportar uma receita bruta mais fraca e margens mais pressionadas na última divulgação de resultados, diversas casas revisaram para baixo as projeções de desempenho e, consequentemente, o preço-alvo das ações, o que gerou um impacto negativo sobre o papel.

Nossa recomendação: neutra.

4. Banco do Brasil (BBAS3) -19,1%

Em meio ao cenário desafiador para os produtores rurais no país (principalmente pela pressão no preço dos grãos), a inadimplência (acima de 90 dias) do agronegócio subiu para mais de 3% (vs. 1,2% no 1T24), enquanto a consolidada subiu para 3,9% (+1 p.p.).

Assim, o custo de crédito (provisões, basicamente) do Banco do Brasil cresceu +19%. Vale destacar que, além do impacto na receita, a Resolução 4.966 também afetou suas provisões. 

Com a aplicação da norma, o banco passou a contabilizar provisões no momento da originação das operações e para créditos que antes não exigiam provisionamento, impactando, especialmente, períodos de maior inadimplência (como foi no 1T25).

Tendo em vista as receitas pressionadas, a forte evolução do custo de crédito e ainda um crescimento de +7% nas despesas administrativas, o lucro líquido do Banco do Brasil teve queda de -21%, totalizando R$ 7,4 bilhões, com um ROE de 16,7% (-5 p.p.).

Nossa recomendação: neutra.

5. Minerva (BEEF3) -14,7%

Fechando a lista das maiores quedas no mês, as ações da Minerva sofreram forte desvalorização após a aprovação, pelo Conselho de Administração, de uma proposta agressiva de aumento de capital com o objetivo de pagar dívidas. No entanto, a possibilidade de diluição dos acionistas pressionou os papéis.

Nossa recomendação: neutra.

Compartilhar

Receba conteúdos e recomendações de investimento gratuitamente

Obrigado pelo seu cadastro!

Acompanhe nossos conteúdos por e-mail para ficar por dentro das novidades.