IPO em baixa: bolsa tem menor número de empresas desde 2021

Número de empresas na B3 cai ao menor nível desde 2021, apesar da alta do Ibovespa. Veja por que os IPOs estão em baixa e os riscos para o investidor

Danielle Lopes 23/10/2025 16:22 5 min
IPO em baixa: bolsa tem menor número de empresas desde 2021

Apesar de o Ibovespa estar em forte alta e renovando recordes em 2025, cresce o contraste: o número de empresas listadas na B3 voltou ao nível de 2021, com poucas ofertas públicas iniciais (IPOs) e vários casos de companhias que deixaram o mercado ou migraram para o exterior. 

Em 2025, o Ibovespa acumula alta de 21% e atingiu novos recordes históricos em setembro. Ainda assim, o mercado brasileiro não registra novos IPOs desde 2021.

Neste artigo, você vai entender o que está por trás desse movimento e quais são os riscos e oportunidades em manter alocado na Bolsa do Brasil.

O que explica o recuo no número de empresas listadas

O mercado de ações brasileiro mostra sinais de retração em termos de listagens. A B3 atualmente conta com 358 companhias listadas, número que corresponde ao observado em 2021.

Há um ano eram 371, e no início de 2022 estavam 398 após o último ciclo mais intenso de IPOs.

Além disso, não se registram novos IPOs desde 2021. Ao mesmo tempo ocorrem com maior frequência fusões, fechamento de capital ou migração de listagem para o exterior. 

Por que os IPOs estão em baixa mesmo com o Ibovespa em alta?

A retração no número de empresas listadas na B3 reflete um conjunto de fatores. A taxa básica de juros (Selic) elevada encarece o custo de capital e torna a renda fixa mais atraente, reduzindo o interesse por ações. 

Ao mesmo tempo, as companhias enfrentam um ambiente desafiador para abertura de capital, com exigências regulatórias rigorosas, baixa liquidez no mercado e altos custos de governança.

O número de empresas em recuperação judicial atingem níveis recorde, o que também endossa uma postura mais conservadora por parte dos investidores. A busca por empresas rentáveis, com endividamento sob controle, geração de caixa e linhas operacionais consistentes tem sido um desafio árduo.

Soma-se a isso a menor participação de investidores estrangeiros, que tradicionalmente impulsionam os IPOs no Brasil, mas têm se afastado diante de incertezas econômicas e políticas, tanto locais quanto globais. 

Por fim, o movimento de fusões, aquisições e fechamento de capital também contribui para a redução no número de listadas, como no caso da fusão entre Marfrig e BRF, que originou a MBRF (MBRF3). Os papéis da nova companhia passaram a ser negociados na B3 em 23 de setembro de 2025.

Em outubro de 2025, Gol e Banco Pan anunciaram planos de sair da bolsa, reforçando essa tendência de enxugamento no mercado acionário brasileiro.

O que esse cenário revela sobre o mercado de capitais brasileiro

O contraste entre a alta do Ibovespa e a baixa de novas listagens revela que o mercado de ações está “em forma” — ou pelo menos aquecido em termos de desempenho, mas não necessariamente em expansão estrutural

Ou seja, o bom desempenho do índice não reflete uma retomada plena do mercado de capitais. O Ibovespa sobe com as empresas que já estão listadas, em setores consolidados ou com receitas em dólar.

Por que as empresas estão recomprando papéis

As empresas estão recomprando ações principalmente porque muitos papéis estão desvalorizados e as companhias veem essa operação como uma forma eficiente de empregar o caixa disponível, melhorar indicadores financeiros e sinalizar confiança no próprio negócio. 

Além disso, com poucas oportunidades de expansão e em um ambiente de juros altos, a recompra se torna uma estratégia para gerar valor ao acionista, evitar diluição, defender o valor de mercado e, em alguns casos, preparar o terreno para fechar capital. 

Nos últimos 30 dias, empresas como Santander Brasil (SANB11), Kora Saúde (KRSA3) e Méliuz (CASH3) anunciaram programas de recompra, reforçando essa tendência no mercado brasileiro.

O risco de estar 100% alocado na bolsa brasileira

Se você está com toda a carteira em ações brasileiras, este é um bom momento para refletir:

  • Menos empresas listadas significa menos opções de investimento — e isso pode reduzir as oportunidades de crescimento “novo” dentro da bolsa doméstica.
  • A baixa entrada de novos participantes nesse mercado pode indicar menor dinamismo em termos de inovação, exposição a novas histórias de crescimento local ou aumento de risco associado a concentração.
  • Quando o ambiente interno limita as alternativas, diversificar geograficamente — por meio de mercados externos ou bolsas estrangeiras — pode reduzir risco de “exposição única” ao Brasil.
  • O cenário de juros altos tende a favorecer ativos fora da bolsa brasileira ou empresas com receitas em dólar, então considerar posições “dolarizadas” ou exposição internacional pode fazer sentido para balancear.
  • A crença de que “se o Ibovespa sobe, basta ficar investido” precisa ser refinada: sim, há alta, mas o ecossistema está mais fragilizado em termos de base de empresas e fluxos de captação.

Investir no exterior é essencial para seu portfólio

Mesmo com o Ibovespa em alta, o fato de as IPOs estarem praticamente paradas e o número de empresas listadas estar recuando sinaliza um alerta para quem liquidamente depende apenas da bolsa brasileira. 

Para o investidor 100% alocado em ações brasileiras, sim, pode ser o momento de pensar em dolarizar parte da carteira e diversificar.

Um mix entre renda variável brasileira de qualidade + exposição internacional + renda fixa ou ativos com balanço externo pode ajudar a reduzir risco e preparar para o próximo ciclo, quando (ou se) as IPOs voltarem com força.

Veja também: Guia completo de como investir no exterior

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