Resultados Iguatemi 3T25: crescimento impulsionado por aquisições
Iguatemi registra alta de 20% na receita e reforça guidance para 2025. Veja os destaques financeiros e operacionais do 3T25
A Iguatemi (IGTI11) registrou uma receita líquida ajustada de R$ 372,9 milhões, um avanço de 20% em relação ao 3T24. O Ebitda ajustado somou R$ 291,7 milhões, crescimento de 28,2% na mesma base de comparação. Já o lucro líquido ajustado alcançou R$ 120,9 milhões, alta de 19,5% frente ao ano anterior.

O desempenho positivo foi sustentado principalmente pela consolidação de novos ativos, como os shoppings Rio Sul e Pátio Paulista, que contribuíram para o aumento da produtividade e das receitas operacionais.

Expansão de portfólio impulsiona resultados
A receita líquida da Iguatemi no 3T25 foi de R$ 372,9 milhões, com crescimento de 20,0% em relação ao mesmo período de 2024. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela performance sólida das receitas de aluguel, que apresentaram avanços tanto em valores absolutos quanto nas mesmas bases.
O aluguel mínimo cresceu 11,9% com influência do reajuste dos contratos pelo IGP-M, melhora na taxa de ocupação, spreads positivos em renovações e mudanças no portfólio. O aluguel percentual teve alta de 21,8%, acompanhando o avanço das vendas, enquanto a locação temporária cresceu 17,3% com o fortalecimento do portfólio de mídia, eventos e patrocínios.
A taxa de administração também teve um salto de 45,2%, com a entrada de ativos como Rio Sul e Pátio Paulista.
O Ebitda atingiu R$ 291,7 milhões, crescimento de 28,2% frente ao 3T24, refletindo a expansão da receita e o controle sobre os custos. A margem Ebitda subiu de 73,2% para 78,2%, um ganho de 5 pontos percentuais, com contribuição da redução de depreciação e linearização de descontos.
A melhora na rentabilidade operacional reforça a capacidade da companhia de gerar valor com um portfólio mais qualificado após as aquisições recentes. A gestão eficiente também aparece nas demais linhas operacionais, como o crescimento das receitas operacionais e a contenção de despesas administrativas.
Já o lucro líquido foi de R$ 120,9 milhões, com avanço de 19,5% frente ao 3T24. O resultado foi impulsionado pelo aumento expressivo do Ebit, que cresceu 45,2% no período, e pela maior eficiência operacional.
Por outro lado, o crescimento das despesas financeiras, que subiram 33,1%, pressionou o resultado final, assim como o aumento da carga tributária. Ainda assim, o lucro manteve trajetória positiva, refletindo a resiliência e a capacidade de geração de caixa da operação.
A taxa de ocupação manteve-se elevada, em 96,1%, e a companhia conseguiu reduzir sua alavancagem, com o índice de Dívida Líquida/Ebitda ajustado recuando para 1,7x.
Alavancagem em queda e guidance reafirmado
Em relação à posição financeira, a Iguatemi fechou o trimestre com R$ 1,84 bilhão em caixa, dívida líquida de R$ 2,15 bilhões (queda de 9,9% em relação ao 2T25) e custo da dívida de 101,9% do CDI.
O prazo médio da dívida é de 4,8 anos. A melhora da alavancagem foi favorecida pela venda de participações nos shoppings Pátio Paulista e Pátio Higienópolis, que geraram R$ 414 milhões em receitas, além da execução de um capex de R$ 85 milhões.
A companhia reafirmou seu guidance para 2025, projetando crescimento de 7% a 11% na receita líquida dos shoppings e margem Ebitda entre 82% e 85%. Até setembro, a receita já acumulava alta de 14,2% no ano, sinalizando tendência de superação das projeções.
Os investimentos somaram R$ 191 milhões até o 3T25, dentro da faixa projetada de R$ 330 a 400 milhões para o ano.
Perspectivas e atratividade no longo prazo
Há ainda uma perspectiva positiva com a expansão da H&M no Brasil, com quatro novas lojas previstas para o primeiro semestre de 2026, e o fortalecimento do mix de marcas globais nos principais ativos da companhia.
Destacamos que o Iguatemi possui um portfólio premium, com ativos bem localizados e alta taxa de ocupação. O crescimento em vendas por metro quadrado (+11,7%) e a boa geração de caixa são pontos positivos. No entanto, a queda no FFO e o aumento das despesas financeiras trazem um alerta quanto à rentabilidade futura.
Com base nas últimas informações divulgadas pela companhia, temos que IGTI negocia a um P/FFO de 9,95x e um possui um FFO yield de 10,14% a.a, um múltiplo relativamente baixo para o setor, com um retorno implícito atrativo via FFO.
Para avaliar a atratividade desse yield, é útil compará-lo com um título público indexado à inflação, como a NTN-B com vencimento em 2029, atualmente negociado com taxa real de IPCA + 8%. Assumindo uma inflação média de 4% a.a., o retorno nominal estimado da NTN-B seria de 12% ao ano.
Dessa forma, enquanto a NTN-B entrega 12% ao ano com risco soberano e proteção contra inflação, a Iguatemi oferece um FFO Yield de 10,14% com maior volatilidade e risco de mercado, porém com potencial de valorização adicional via:
- Crescimento do FFO nos próximos trimestres — o que termos de alerta;
- Distribuição de dividendos e/ou JCP;
- Reprecificação da ação em caso de rerating de múltiplos.
Assim, em termos puramente nominais e ajustados ao risco, entendemos que a Iguatemi pode se tornar mais atrativa em um cenário de crescimento operacional, melhora no setor de shoppings e normalização das despesas financeiras.
Em resumo, a Iguatemi combina bons fundamentos operacionais e um portfólio premium, mas o valuation atual exige mais seletividade.
O investidor que optar por manter ou entrar na posição precisa estar confortável com crescimento de resultados no médio prazo e menor previsibilidade de fluxo de caixa frente a ativos de renda fixa indexada à inflação.
Até o momento, acompanhamos de fora da tese.

