Como a família de Silvio Santos evitou pagar R$ 17 milhões em impostos?

Família Abravanel faz avanços significativos na disputa sobre a herança de Silvio Santos, garantindo novos desdobramentos legais

Nord Research 14/01/2025 09:23 5 min
Como a família de Silvio Santos evitou pagar R$ 17 milhões em impostos?

Recentemente, uma questão envolvendo parte do patrimônio de Silvio Santos, mantido em um paraíso fiscal, trouxe à tona um debate jurídico complexo e intrigante. O assunto ganhou atenção quando a Justiça de São Paulo determinou a suspensão da cobrança de R$ 17 milhões em impostos vinculados aos bens do apresentador no exterior. 

Entenda como a família Abravanel conseguiu escapar do imposto.

Por que a fortuna está em um paraíso fiscal?

A presença de parte da herança de Silvio Santos em um paraíso fiscal, como as Bahamas, pode ser explicada pela estratégia comum de gestão patrimonial adotada por indivíduos com grandes fortunas. Em geral, esse tipo de estrutura oferece benefícios como proteção de patrimônio, sigilo financeiro e, principalmente, redução de carga tributária sobre rendimentos, sucessões e doações.

Além disso, muitos empresários utilizam empresas offshore ou trusts internacionais para organizar e proteger suas riquezas de possíveis riscos, como instabilidade econômica ou tributação excessiva em seus países de origem. No caso de Silvio Santos, a escolha por um paraíso fiscal visava, provavelmente, preservar os ativos acumulados ao longo de décadas de atividade empresarial e garantir uma sucessão patrimonial mais eficiente.

Contudo, essa estratégia, ainda que legal, frequentemente atrai a atenção das autoridades fiscais, especialmente quando envolve valores elevados. No Brasil, as regras de tributação de herança variam conforme a localização dos bens. No caso específico da herança de Silvio Santos, como parte dos ativos está no exterior, surgem questionamentos sobre a incidência do imposto sobre herança em território brasileiro, o que gerou a atual disputa judicial.

Quem são os principais envolvidos na sucessão?

Os herdeiros diretos de Silvio Santos incluem suas filhas, que possuem uma relação direta com os negócios da família. Patrícia Abravanel, uma das figuras mais conhecidas, desempenha um papel ativo no SBT, enquanto outras irmãs têm diferentes graus de envolvimento no legado empresarial. A matriarca, Íris Abravanel, também tem importância estratégica nesse processo.

Os motivos da disputa na justiça entre as herdeiras

A disputa judicial entre as herdeiras de Silvio Santos se concentra principalmente na cobrança de impostos sobre a herança mantida nas Bahamas. Segundo advogados, o caso envolve uma verdadeira "zona cinzenta" no direito tributário, já que não há consenso claro sobre a aplicação do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) em situações onde os bens estão localizados fora do Brasil, especialmente em paraísos fiscais.

De um lado, as autoridades brasileiras defendem que, independentemente da localização dos bens, o imposto deve ser pago, uma vez que o falecido era residente no Brasil. Do outro lado, as herdeiras argumentam que a fortuna, por estar custodiada em outro país, já foi submetida à tributação local, tornando indevido o pagamento de um novo tributo no Brasil.

Esse cenário complexo tem sido motivo de discordância, com cada parte tentando sustentar sua posição, enquanto o tema permanece juridicamente nebuloso, sem precedentes claros que possam definir o desfecho da disputa.

Como a família de Silvio Santos evitou pagar R$ 17 milhões em impostos?

A Justiça de São Paulo concedeu liminar à família de Silvio Santos para evitar, temporariamente, o pagamento da alíquota do ITCMD sobre bens deixados pelo apresentador no exterior.

Apesar da Constituição exigir essa lei complementar, alguns estados, como São Paulo, criaram suas próprias regras para cobrar o imposto.

Enquanto não há um consenso definitivo sobre a aplicação das leis tributárias, a briga continua nos tribunais. Com uma liminar baseada em decisão do STF, a família Abravanel suspendeu a cobrança de R$ 17 milhões referentes ao ITCMD para a liberação de um patrimônio avaliado em R$ 429 milhões.

Os desafios nas aplicações das leis tributárias

Os desafios jurídicos do caso giram em torno da complexidade tributária e sucessória, especialmente por envolver bens localizados nas Bahamas, um paraíso fiscal. O principal impasse é a possível dupla tributação, já que, apesar da fortuna estar sujeita às leis locais das Bahamas, as autoridades brasileiras defendem a cobrança do ITCMD, imposto aplicado no Brasil sobre heranças de residentes. Esse tipo de situação não tem uma regra clara, pois o Brasil não possui tratados específicos com as Bahamas que regulem a tributação de heranças, criando um cenário juridicamente incerto.

Como casos como este são resolvidos?

Casos como este geralmente são resolvidos por meio de decisões judiciais que interpretam as leis nacionais e internacionais, especialmente em situações onde não há regras claras ou tratados entre os países envolvidos. Como o Brasil não possui um acordo específico com as Bahamas sobre tributação de heranças, cabe ao tribunal decidir se o imposto deve ser pago, considerando o risco de dupla tributação.

Outro caminho possível é um acordo entre as herdeiras, que pode evitar um processo longo e desgastante. Quando há consenso, fica mais fácil definir como será feito o pagamento de impostos ou a divisão do patrimônio, respeitando tanto as leis locais quanto os interesses da família. Se isso não acontecer, a solução dependerá do avanço do caso na Justiça, podendo gerar precedentes que trarão maior clareza sobre disputas de heranças com bens no exterior.

A decisão tomada poderá influenciar futuras interpretações sobre tributação de heranças internacionais, contribuindo para maior clareza em situações semelhantes. 

A importância do planejamento patrimonial e sucessório para famílias

A história está apenas começando, e novos capítulos podem surgir conforme o processo avança na justiça. Essa situação poderia ter sido evitada com um planejamento sucessório devido.

Quando há um planejamento sucessório eficiente, é possível definir com clareza a forma de divisão dos bens, a gestão do patrimônio após o falecimento e até estratégias para minimizar a tributação.

No caso de famílias com negócios, o planejamento também contribui para garantir a continuidade das operações, evitando que conflitos interfiram na gestão ou prejudiquem o crescimento da empresa.

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