Cade recomenda aprovação sem restrições da fusão Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3)
Área técnica do Cade sugere aprovação sem restrições da fusão entre Marfrig e BRF, criando gigante do setor alimentício
A fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3), duas das maiores empresas do setor alimentício brasileiro, recebeu parecer favorável da área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), sem imposição de restrições.
A operação, que envolve a incorporação da BRF pela Marfrig, está agora em fase de análise final e poderá ser aprovada definitivamente caso não haja contestação por parte dos conselheiros do órgão nos próximos 15 dias. O nome da nova companhia será MBRF Global Foods Company.
MBRF: aprovação do Cade sem restrições
A recomendação da área técnica do Cade indica que a fusão entre Marfrig e BRF não apresenta riscos significativos à concorrência no mercado. A incorporação das ações da BRF pela Marfrig foi estruturada como uma troca de ações, com a relação de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF.
Com isso, a BRF se tornará uma subsidiária integral da Marfrig, consolidando a criação da MBRF Global Foods Company, com receita líquida estimada de R$ 152 bilhões em 12 meses.
Acionista da BRF receberá ação da Marfrig
A operação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF. Além disso, estão previstos dividendos extraordinários de R$ 3,52 bilhões para os acionistas da BRF e R$ 2,5 bilhões para os da Marfrig.
Os acionistas da BRF que optarem por não participar da nova companhia poderão solicitar reembolso em dinheiro no valor de R$ 19,89 por ação, abrindo mão dos dividendos extraordinários.
A operação ainda será submetida à aprovação dos conselhos de administração de ambas as empresas em 18 de junho, com conclusão prevista até o dia 28 de julho.
Impacto da fusão entre Marfrig e BRF no setor de proteína animal
A fusão resultará na formação de uma das maiores empresas globais de alimentos, nomeada MBRF, com atuação significativa nos mercados de carne bovina, suína e de frango.
A Marfrig, já detentora de 50,49% das ações da BRF, fortalece sua posição no setor, ampliando sua presença internacional e diversificando seu portfólio de produtos. A atual fusão é vista como uma continuidade desse processo de integração entre as duas empresas, que juntas buscam consolidar sua posição no mercado global de alimentos.
A operação também prevê sinergias operacionais, com estimativa de ganhos anuais de R$ 485 milhões e redução de despesas de R$ 320 milhões.
Fusão Marfrig e BRF mira NYSE e sinergias
A fusão entre BRF e Marfrig é vista como um movimento estratégico para aumentar a competitividade global, especialmente frente a gigantes do setor como a JBS. A nova companhia terá maior capacidade de negociação, portfólio diversificado e presença internacional robusta.
Além disso, há planos para listar as ações da MBRF na Bolsa de Nova York (NYSE), ampliando o acesso a investidores globais e aumentando a liquidez dos papéis.
A operação também é considerada positiva do ponto de vista de crédito, com expectativa de manutenção da alavancagem em níveis controlados devido à geração de caixa operacional da nova companhia.
Por se tratar apenas de um rearranjo societário de empresas que já compõem o mesmo grupo econômico, a tendência é de não haver riscos concorrenciais, o que aceleraria uma possível aprovação pelo Cade.
Apesar das sinergias e possíveis oportunidades na transação, mantemos recomendação neutra para BRFS3 e MRFG3 neste momento.
Próximos passos e assembleias
As assembleias gerais extraordinárias das duas empresas estão marcadas para o dia 18 de junho de 2025, onde os acionistas deliberarão sobre a aprovação final da fusão. Caso aprovada, a conclusão da operação está prevista para ocorrer até o final de julho.
A nova companhia, MBRF Global Foods Company, planeja expandir sua atuação internacional, incluindo a possibilidade de listagem de suas ações nos Estados Unidos.
