FIXX11: novo ETF combina títulos americanos com opções do S&P
Novo ETF da Buena Vista pode ser um bom investimento para dolarizar parte da carteira; veja todos os detalhes

Diante do cenário atual de incertezas, os ETFs (Exchange Traded Funds) vêm ganhando destaque como uma das classes de ativos mais relevantes e demandadas em 2025.
A persistência inflacionária, incertezas fiscais e juros elevados no Brasil têm levado muitos investidores a buscar alternativas que reduzam a exposição a esses riscos.
Nesse contexto, o novo ETF da Buena Vista pode ser um bom investimento para atravessar esse período desafiador e capturar oportunidades de forma mais eficiente.
A seguir, entenda detalhes sobre o FIXX11.
Qual o objetivo do FIXX11?
O FIXX11 é um ETF (fundo de índice) que replica o ETF CSHI (NEOS Enhanced Income 1-3 Month T-Bill ETF), o qual investe em títulos do Tesouro dos EUA com vencimento entre um e três meses e adota uma estratégia complementar com opções de venda (puts) no S&P 500, a principal Bolsa americana.
Como funciona o FIXX11? Entendendo a parte técnica
A venda de puts no S&P 500 gera um prêmio para o fundo e, portanto, visa aumentar a renda gerada pelos títulos americanos (T-Bills).
Para quem não está muito familiarizado com a estrutura de opções, temos um artigo em nosso site que pode te ajudar. Aos interessados, clique aqui.
O ETF realiza a venda de “put fora do dinheiro”, o que significa vender opção de venda a um preço de exercício inferior ao preço atual do ativo subjacente (no caso, do S&P 500). O fundo recebe o prêmio e fica obrigado a comprar ações do S&P 500 no caso de as opções (puts) serem exercidas.
Parte deste prêmio é usada para recomprar a posição em opções com preço de exercício mais baixo.
Com essa estrutura, o FIXX11 tem como objetivo oferecer ao investidor uma rentabilidade superior à dos títulos T-Bills. Caso o preço do S&P 500 fique acima do preço de exercício, o fundo fica com o prêmio. Vender put fora do dinheiro reduz a possibilidade de exercício da opção, o que, por sua vez, aumenta a chance de o fundo ficar com o prêmio.
No entanto, se o preço cair abaixo do preço de exercício, o comprador da put exerce a opção e, dessa forma, o fundo compra as ações do S&P 500 e herda um custo igual ao preço de exercício menos o prêmio recebido.
Vamos tirar a parte técnica da jogada para facilitar? Basicamente, o que falamos aqui é que, se a Bolsa americana tiver uma queda importante, o fundo terá um custo e poderá render abaixo das T-Bills.
A carteira é rebalanceada semanalmente. As opções de venda da semana anterior são encerradas no momento da entrada das novas opções.

Quanto rende o FIXX11?
Desde o seu início, em 29 de agosto de 2022, o CSHI (o ETF no exterior que o FIXX11 segue) acumulou uma alta de +16,4%, enquanto os juros americanos renderam +14,1% no mesmo período.
No entanto, no gráfico abaixo, conseguimos observar um momento em que o fundo apresentou maior volatilidade. A queda ocorreu no início de abril, justamente no período das tarifas do chamado "Liberation Day" anunciadas por Donald Trump a diversos países, o que motivou as quedas na Bolsa americana.
Diante disso, as opções de venda foram exercidas, gerando um custo para o fundo. Em contrapartida, a rápida valorização subsequente da Bolsa americana contribuiu para a recuperação do ETF.

O gráfico evidencia, portanto, os benefícios que a estrutura do CSHI e, consequentemente, do FIXX11, pode gerar ao investidor que busca exposição aos juros americanos. Ao mesmo tempo, sinaliza a volatilidade que o produto pode apresentar em momentos de fortes adversidades do mercado acionário.
É importante destacar que o objetivo do fundo não é carregar essas ações no longo prazo, mas sim capturar os prêmios das opções, buscando entregar um retorno entre 1,0% e 1,5% acima das T-Bills.
Quanto custa investir no FIXX11?
É possível investir no ETF a partir de R$ 100, valor correspondente a uma cota.
Quais taxas são cobradas para investir no FIXX11?
A taxa de administração global do FIXX11 é de 0,38% a.a. e incide uma alíquota de 15% de Imposto de Renda sobre o ganho de capital, independentemente do período de aplicação do investidor.
O FIXX11 paga dividendos?
O FIXX11 não distribui dividendos. As receitas recebidas pelo fundo são reinvestidas.
FIXX11: vale a pena investir nesse ETF?
Quanto maior o juro de curtíssimo prazo dos EUA, determinado pelo Federal Reserve (Fed), maior a performance do FIXX11. Atualmente, a taxa básica de juros do país (Fed Funds) está na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Por um lado, há a perspectiva de desaceleração da economia americana em função da implementação das tarifas de importação; por outro, observa-se uma economia ainda resiliente com mercado de trabalho robusto — apesar de sinais recentes de desaceleração — e um núcleo de inflação em 2,79% no acumulado em 12 meses (CPI), ante uma meta de 2%.
Adicionalmente, a inflação tende a sofrer impactos de alta pelas tarifas, ainda que esses efeitos, até o momento, se mostrem tímidos.
Sendo assim, o Fed se encontra em um impasse: irá cortar juros mesmo em meio a dificuldades de alcançar a meta de inflação?
O mercado precifica quedas de juros para este ano, colocando uma probabilidade de 60% a 70% de corte em setembro.
Mesmo com a possibilidade de flexibilização monetária, não vemos espaço para o Fed realizar cortes agressivos, a menos que a economia americana entre em recessão, o que não faz parte do nosso cenário base.
Dessa forma, acreditamos que o FIXX11 é uma alternativa para os investidores que desejam dolarizar parte da carteira estando atrelado ao juro americano e com um “pé na bolsa” para potencializar a performance, desde que entendam que esse “pé na bolsa” é capaz de gerar maior volatilidade em momentos de forte adversidade.
Esta é a melhor estratégia para investir em meio às incertezas globais e pressões domésticas
Atualmente, não incluímos o ETF FIXX11 em nossas carteiras recomendadas, uma vez que identificamos outras alternativas com maior potencial de retorno no cenário atual.
No início deste mês de junho, publiquei uma nova recomendação de ETF aos assinantes do Nord Fundos, na qual abordei a deterioração das contas públicas brasileiras. Ainda assim, identifiquei uma oportunidade de alocação, com base na percepção de que grande parte desse risco já se encontra precificada pelo mercado.
Entendemos que momentos adversos trazem boas oportunidades, mas, para isso, devemos monitorar todos os detalhes do cenário macro para conseguirmos navegar no mar agitado, vislumbrando ganhos significativos.
Atualmente, nossa carteira conta com recomendações diversificadas que contemplam ETFs, fundos de ações, multimercados e fundos de renda fixa — inclusive, oferecemos três carteiras dedicadas a diferentes perfis de investidores (conservador, moderado e arrojado).
Em 2025, a carteira moderada acumula uma rentabilidade de +10,19%, o que equivale a 193,59% do CDI no mesmo período.

