Escala de rating da S&P classifica Brasil com perspectiva positiva. Ibovespa sobe 2%

Bolsa brasileira supera 119 mil pontos puxada por empresas mais sensíveis à economia doméstica

Marilia Fontes 15/06/2023 15:23 3 min Atualizado em: 16/06/2023 11:47
Escala de rating da S&P classifica Brasil com perspectiva positiva. Ibovespa sobe 2%

A  Standard & Poor's, agência de rating americana, colocou na quarta-feira, 14, o Brasil em perspectiva positiva. Isso significa que a nota do país segue a mesma, BB-, mas que há uma possibilidade de ela ser aumentada para BB.

Antes de tudo, é bom termos na cabeça a escala global de rating para sabermos o quanto essa nota é boa ou ruim.

No gráfico abaixo, podemos ver que a nota BB- está na categoria de “grau especulativo”, ou seja, um país com um rating ainda ruim na perspectiva de risco da dívida.

 Escala global de rating
Escala global de rating. Fonte: Fitch Ratings; Standard & Poor's; Moody's

É importante notar também que, mesmo que o Brasil subisse de nota para BB, ainda nos manteríamos na categoria especulativa.

“Por que o Real valorizou 1% e a bolsa quase 2% após essa notícia, Marilia?”

Mudança na perspectiva do rating

Alguns fundos gigantescos que investem internacionalmente têm políticas de apenas permitir investimentos em títulos de países que têm grau de investimento.

Esses fundos são relevantes no peso total de fluxos de investimento, principalmente comparados a um país emergente, como o nosso.

Um fluxo desse facilmente resultaria em valorização cambial e queda nas taxas de juros longas, com aumento de demanda por títulos de longo prazo.

Embora essa notícia ainda não nos leve para esse cenário, é um passo nessa direção, por isso o mercado reagiu tão bem ao anúncio.

De acordo com a agência de rating, se o Brasil seguisse com políticas pragmáticas e de sustentabilidade fiscal, poderíamos ter uma revisão na nota.

"A chave para isso seria a aprovação de reformas adicionais — entre elas, a reforma tributária atualmente em debate.”

Quedas nas expectativas de juros

Os juros futuros caíram ao longo de todos os vencimentos, entre 5 a 18 pontos base.

Mercados de juros futuros caem
Fonte: Bloomberg

Com isso, o mercado aumentou a queda de juros estimada para os próximos 18 meses. Antes, tínhamos uma Selic terminando em torno de 9,5%, e agora em torno de 9,25%.

Perspectiva do mercado reunião Copom
Fonte: Bloomberg

Com essa melhora, empresas mais sensíveis aos juros performaram muito bem no dia. A MRV (MRVE3), por exemplo, do setor de construção, chegou a subir 7%.

O Ibovespa fechou a mais de 119 mil pontos. Estamos a apenas 2 mil pontos das máximas do ano passado.

Ibovespa supera 119 mil pontos na quarta-feira, 14
Fonte: Bloomberg

Depois de praticamente dois anos de bolsa andando de lado, é até estranho ver as ações subirem tão forte e tão rápido, não é mesmo?

Um longo caminho a percorrer

Apesar da esperança de um Brasil melhor, a reforma tributária é tida como a reforma mais difícil de passar no Congresso. Ela envolve vários grupos de influência que seriam beneficiados ou prejudicados, por isso não costuma sair do lugar.

Será que agora será diferente?

Essa melhora do câmbio e dos prêmios de risco de mercado ajuda muito o Banco Central a formalizar um início de ciclo de queda da Selic na próxima reunião na quarta-feira da semana que vem, dia 21.

Muito provavelmente, apesar de uma Selic estável em 13,75%, o Banco Central deve abrir espaço no comunicado para dar indícios de que a Selic deve cair na próxima reunião de agosto.

Como eu já mostrei para você na tabela acima, o mercado já precifica essa queda, com 100% de chances de um corte de 0,25. Ou seja, não há como ganhar dinheiro com isso aplicando os prefixados, por exemplo.

Mas na Bolsa ainda tem, sim, mais espaço para as coisas melhorarem.



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