Curva de juros: saiba o que é, como funciona, tipos e impactos

Descubra o que é curva de juros, como funciona e quais os principais tipos. Veja impactos nos investimentos e na economia brasileira. Acesse e saiba mais

Nord Research 30/07/2025 16:21 10 min Atualizado em: 11/08/2025 09:44
Curva de juros: saiba o que é, como funciona, tipos e impactos

Curva de juros é um gráfico que representa a relação entre os prazos e as taxas de juros futuras. Ela serve como referência para decisões de investimento, crédito e política monetária. Existem quatro formas principais: normal, invertida, flat e sino.

Quer entender como a curva de juros influencia seus investimentos e o que cada formato indica sobre a economia? Continue a leitura.

Sumário

Assista ao vídeo: Ganhando dinheiro com marcação a mercado

Neste vídeo, Marília Fontes explica o que é a curva de juros e seu impacto no mercado financeiro. Ela ainda mostra como utilizar essa ferramenta para tomar decisões de investimento:

Como funciona a curva de juros?

A curva de juros funciona como um termômetro das expectativas do mercado em relação à economia, principalmente sobre crescimento, inflação e política monetária. Ela representa graficamente o rendimento de títulos públicos com diferentes prazos. Em uma curva normal, quanto maior for o prazo, maior tende a ser a taxa, refletindo o risco de longo prazo.

Por exemplo, imagine que você esteja avaliando três títulos do Tesouro Nacional com vencimentos em 1, 5 e 10 anos. 

Se os juros desses títulos forem, respectivamente, 10%, 11% e 12%, a curva de juros estará ascendente, indicando que os investidores exigem juros maiores para prazos mais longos — o que costuma ser o cenário normal em uma economia saudável.

Por outro lado, se os juros forem 10% (1 ano), 9% (5 anos) e 8% (10 anos), a curva será invertida, sinalizando preocupação com o futuro — como possível recessão.

 Exemplo de curva de juros. Foto: elaboração Nord

Essa estrutura é usada por economistas, investidores e pelo próprio Banco Central para entender e antecipar movimentos da economia. Ela influencia decisões de:

  • política monetária (como o Banco Central define a taxa Selic);
  • investimentos (tanto em renda fixa quanto variável);
  • financiamentos (impacto no custo de crédito);
  • previsões macroeconômicas (crescimento, inflação e taxa de desemprego).

Tipos de curva de juros

A curva de juros pode assumir diferentes formatos, dependendo das expectativas do mercado. Confira a seguir seus tipos.

Curva de juros normal

É o tipo mais comum. Indica que os títulos com vencimento mais longo pagam juros maiores do que os de curto prazo. Isso ocorre porque há mais incertezas no longo prazo — como inflação, risco fiscal ou mudanças na política monetária.

Exemplo: em um período de crescimento econômico estável, o investidor espera que o tempo traga mais risco, então exige um prêmio maior para investir por mais tempo.

 Exemplo de curva de juros normal. (Elaboração: Nord)

Curva de juros invertida

Ocorre quando os juros de curto prazo são maiores do que os de longo. Esse movimento costuma indicar que o mercado espera uma desaceleração ou recessão em breve.

Exemplo: se o Banco Central eleva muito os juros para conter a inflação, pode acabar freando a economia — e os juros de longo prazo caem, refletindo essa expectativa.

Exemplo de curva de juros invertida. (Elaboração: Nord)

Curva de juros plana (ou flat)

Nessa situação, as taxas de juros são quase as mesmas em todos os prazos. Isso mostra um mercado em dúvida: não se sabe se a economia vai crescer ou desacelerar.

Exemplo: após um ciclo de altas de juros, o mercado espera para ver os efeitos das medidas antes de apostar em novos movimentos.

Exemplo de curva de juros plana. (Elaboração: Nord)

Curva de juros em forma de sino

É uma estrutura menos comum, em que os juros sobem no médio prazo, mas voltam a cair no longo. Pode sinalizar que o mercado espera instabilidade temporária, seguida de estabilização.

Exemplo: diante de uma crise pontual esperada nos próximos anos, mas com recuperação mais adiante, os juros de médio prazo sobem mais que os de curto e longo prazo.

Exemplo de curva de juros sino. (Elaboração: Nord)

Como a curva de juros afeta os investimentos?

Mudanças no formato da curva — se está inclinada, invertida ou estável — afetam o comportamento dos investidores e o desempenho de diferentes ativos. Confira os principais efeitos.

Títulos públicos (renda fixa pública)

  • Curva normal: atrai investidores para títulos de longo prazo, que oferecem taxas maiores, como NTN-B e Tesouro Prefixado.
  • Curva plana: pode reduzir o apelo por papéis mais longos, incentivando manutenção em liquidez ou investimentos de prazo intermediário, já que os ganhos adicionais por alongar o prazo são baixos.
  • Curva invertida: indica que os juros de longo prazo são menores que os de curto prazo, sugerindo expectativa de queda nas taxas, levando a maior preferência por papéis de curto prazo.

Renda fixa privada (CDBs, Debêntures, LCIs/LCAs)

  • Curva normal: geralmente reflete maior remuneração em prazos mais longos, mas com maior risco de crédito, exigindo avaliação cuidadosa.
  • Curva plana: reduz interesse por papéis longos.
  • Curva invertida: pode levar investidores a buscar liquidez maior, preferindo prazos curtos.

Renda variável (ações)

  • Curva normal: reflete otimismo econômico, favorecendo setores cíclicos e crescimento da bolsa.
  • Curva plana: sinaliza incertezas, aumentando volatilidade e cautela.
  • Curva invertida: indica risco de recessão, aumentando a aversão a riscos e podendo pressionar queda nos preços das ações.

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O impacto da curva de juros na economia brasileira

A curva de juros exerce forte influência sobre a dinâmica econômica do país. Seu formato — normal, invertido ou plano — reflete as expectativas do mercado em relação à taxa Selic no futuro, e isso tem efeitos diretos sobre consumo, crédito, inflação e crescimento econômico.

Quando a curva está inclinada para cima (ou seja, o mercado espera juros maiores no futuro), há uma tendência de encarecimento do crédito, já que bancos ajustam suas taxas com base nesse cenário. Isso desestimula o consumo e o investimento por parte das famílias e empresas, o que pode reduzir o ritmo de crescimento da economia.

Por outro lado, uma curva invertida (com juros futuros menores que os atuais) costuma refletir a expectativa de queda da Selic, geralmente associada a um ambiente de desaceleração econômica. Nesse caso, o custo do crédito tende a cair e pode incentivar o consumo e a atividade econômica — ainda que com um alerta de possível recessão.

Além disso, a curva é um indicativo importante para o controle da inflação. Se o mercado projeta aumento de juros no longo prazo, é um sinal de que espera pressões inflacionárias persistentes. Esse tipo de sinalização é considerado pelo Banco Central nas suas decisões de política monetária.

A curva de juros prefixada atual apresenta um formato em sino, partindo de um pico no curto prazo com taxa de 15% a.a., caindo até abaixo de 14% no médio prazo e voltando a subir levemente no longo prazo. 

Esse comportamento indica que o mercado espera uma manutenção dos juros elevados no curto prazo, seguidos por uma queda nos próximos anos, refletindo possíveis cortes na Selic, mas com alguma incerteza fiscal que limita uma queda mais acentuada das taxas no horizonte mais longo.

 Fonte: Anbima

Por ser usada como base para a emissão de títulos públicos e privados, a curva também afeta diretamente o custo de captação do governo, bancos e companhias — o que impacta investimentos e o financiamento da economia como um todo.

Por isso, acompanhar a curva de juros brasileira é essencial. Ela oferece uma leitura clara das expectativas do mercado e permite avaliar se um investimento está oferecendo um retorno adequado ao seu prazo e risco. Mais do que um dado técnico, é uma ferramenta estratégica para entender a direção da economia.

Como são definidas as taxas da curva de juros?

A curva de juros prefixada é construída com base nos preços negociados diariamente no mercado de DI futuro, na B3. Nesse ambiente, instituições financeiras, gestoras e outros participantes projetam qual será a taxa de juros em diferentes prazos, por meio de contratos que envolvem trocas entre uma taxa prefixada e a variação da taxa DI (derivada do CDI).

Cada ponto da curva — também chamado de vértice — representa a taxa média esperada para um determinado prazo, como 1 ano, 2 anos ou 5 anos à frente. Essas taxas são determinadas pela oferta e demanda no mercado. Quando os agentes passam a acreditar que os juros vão subir no futuro, os contratos com vencimentos mais longos passam a ser negociados com preços mais baixos e taxas mais altas, elevando a inclinação da curva.

Ou seja, a curva é uma síntese das expectativas do mercado financeiro sobre o comportamento da taxa Selic ao longo do tempo, construída a partir de negociações reais e contínuas no mercado futuro e no Tesouro Direto.

Quais são as forças atuantes na curva de juros?

A curva de juros é resultado de negociações diárias no mercado de DI futuro, na B3. Nesses contratos, os investidores buscam antecipar o comportamento da taxa Selic, negociando acordos baseados na taxa DI (atrelada ao CDI).

Essas negociações são influenciadas por diversos fatores econômicos. Abaixo, veja as principais forças que moldam a curva de juros no Brasil:

Política fiscal

A trajetória das contas públicas influencia diretamente a percepção de risco da economia. Gastos elevados ou falta de credibilidade fiscal podem pressionar a curva para cima, especialmente nos prazos mais longos.

Decisões do Copom

As sinalizações e decisões do Comitê de Política Monetária impactam a curva, principalmente os vértices de curto e médio prazo. Quando o Copom sinaliza alta ou corte da Selic, o mercado ajusta suas projeções de acordo.

Inflação esperada

Expectativas de alta na inflação fazem os investidores exigirem prêmios maiores para prazos mais longos, elevando a inclinação da curva. Já a percepção de controle inflacionário tende a suavizar as taxas futuras.

Risco-país

A percepção de risco do Brasil frente ao cenário externo e à estabilidade política interna também afeta a curva. Quanto maior for o risco, maior o prêmio exigido para investir no país.

Cenário internacional

Juros em economias como EUA, China e Europa influenciam a atratividade dos títulos brasileiros. Um aperto monetário em países desenvolvidos, por exemplo, pode gerar pressão sobre a curva local.

Esses fatores interagem constantemente, e a curva se ajusta conforme novas informações chegam ao mercado. Por isso, acompanhá-la ajuda a entender como o mercado enxerga o futuro da economia brasileira.

 Vários fatores influenciam a formação da curva de juros, incluindo política econômica, inflação esperada e cenário internacional. Foto: Freepik

Onde acompanhar a curva de juros?

A curva de juros é um indicador dinâmico, atualizado constantemente pelo mercado. Para acompanhá-la em tempo real ou por meio de análises, você pode consultar os seguintes canais:

  • Relatórios da Nord Research: análises técnicas, macroeconômicas e projeções da taxa Selic elaboradas por especialistas independentes.
  • Tesouro Direto: exibe as taxas praticadas nos títulos públicos, que refletem a expectativa do mercado em cada vencimento.
  • B3: divulga as curvas construídas a partir dos contratos de DI futuro e outros derivativos negociados.
  • Anbima: publica curvas de juros e preços de mercado de diferentes ativos, com atualizações diárias.
  • Plataformas de investimento: corretoras como XP, BTG Pactual e NuInvest disponibilizam gráficos e relatórios sobre a curva de juros para clientes.

Nord Investimentos: acompanhe a curva de juros com clareza

A Nord Investimentos é uma casa de análise independente, sem vínculo com bancos ou instituições financeiras. Isso garante recomendações imparciais, baseadas em fundamentos técnicos, cenário fiscal e análise macroeconômica.

Com a Nord, você acompanha a curva de juros e entende o que realmente está por trás dos movimentos do mercado — sem conflito de interesses.

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