Economia brasileira deve decolar em 2024

Com a queda dos juros nos Estados Unidos, a janela de oportunidades para os emergentes se abre de novo, melhorando a precificação da bolsa brasileira.

Marilia Fontes 02/05/2024 10:42 5 min
Economia brasileira deve decolar em 2024

Durante esta semana, dedicamos alguns dias para viajar com os membros do Clube Nord para os Estados Unidos. A ideia era começar em Nova York, com reuniões na XP e BTG US, e, posteriormente, encerrar em Omaha, na reunião anual da Berkshire Hathaway.

A viagem calhou em um momento muito propício: o Brasil nunca esteve tão dependente do cenário americano como está atualmente. 

Com os juros nos EUA em 5% ao ano, ninguém quer saber de países emergentes. Com investidores retornando ao mercado livre de risco internacional, o dólar se fortalece. 

Além disso, os bancos centrais de todo o mundo enfrentam dificuldades para reduzir as taxas de juros, uma vez que a taxa americana pode permanecer estável por mais tempo do que o mercado esperava. 

Isso está atrapalhando a queda dos juros longos no Brasil e o rally da nossa bolsa. Os fundos têm uma performance fraca e os investidores estão pouco entusiasmados com o cenário prospectivo, com sua carteira andando de lado. 

Mas duas coisas me chamaram a atenção durante as duas apresentações que vimos das operações US das corretoras brasileiras. A primeira é a forma como o Brasil está se posicionando como uma potência exportadora. E a segunda é como o Banco Central americano está fazendo sua política monetária olhando para o retrovisor. 

Brasil como potência exportadora

Durante a apresentação do BTG, foram apresentados diversos números referentes ao agronegócio e às exportações brasileiras. Nós estamos entre os cinco maiores exportadores de diversas matérias-primas, tais como soja, laranja, café, milho, carne e nióbio.

Além das várias commodities de alimentos, também exportamos commodities metálicas e, recentemente, aumentamos bastante a exportação de petróleo (que deve continuar crescendo nos próximos anos). 

Esse setor está trazendo não só um crescimento acima do esperado para o país, como também beneficiando o nosso câmbio. Apesar da instabilidade global e dos juros altos nos Estados Unidos, conseguimos manter uma estabilidade na moeda graças às boas colheitas. 

Se dobrarmos a produção nos próximos anos e os juros americanos normalizarem, poderemos ter novas rodadas de valorização do real. 

A produtividade do setor também tem aumentado significativamente, além dos investimentos em infraestrutura para o escoamento da produção.

O Brasil está muito bem colocado no contexto global de comércio, sendo que tudo isso se dá com apenas 16% de aproveitamento das áreas cultiváveis. Enquanto países como China e Japão já ocupam praticamente 100% das áreas cultiváveis. 

Ainda há muito espaço para expansão no setor. 

Temos uma boa classificação para a energia limpa, com mais de 70% da nossa produção vindo de fontes renováveis (hidro, solar e eólica). Somos produtores de biocombustíveis, que também é a energia do futuro. 

Tudo isso para dizer que temos, sim, pontos positivos em nossa economia e que podem trazer um crescimento sustentável no longo prazo. 

No curto prazo, ainda estamos reféns dos altos juros americanos, mas eles podem estar próximos de baixar. 

BC americano olhando para o retrovisor

O Fed tem demonstrado cautela ao conduzir a política monetária, afirmando que não tem plena confiança na redução consistente da inflação.

Mas, como foi demonstrado na apresentação da XP, eles estão fazendo uma política monetária olhando para o retrovisor

Aproximadamente 45% a 75% do core inflation nos EUA está ligado a aluguéis de casas. Os aluguéis subiram muito durante a pandemia, mas os dados mais recentes já mostram os preços voltando ao patamar mínimo da pré-pandemia. 

Contudo, essa mudança ainda não é refletida no core inflation, uma vez que o dado é uma média móvel e ainda não capta os efeitos da inflação alta anterior. Se o CPI levasse em conta o dado na ponta, a inflação americana estaria hoje abaixo da meta de 2%.

Dados do mercado de trabalho, como o Jolts, ou às vagas difíceis de conseguir, também já voltaram para os níveis pré-pandemia. 

Outros dados, como o PMI ou a confiança do consumidor, também mostram que a economia está realmente cedendo. 

Diante disso, podemos estar sofrendo da mesma doença que atacou o Fed em 2021, quando a autarquia disse que só iria subir os juros em 2024: o Fed está fazendo política monetária olhando pelo retrovisor. 

Se isso for verdade, podemos notar, ao longo deste ano, uma grande mudança nas expectativas, e novos cortes de juros podem entrar no jogo. 

Com a queda dos juros nos Estados Unidos, a janela de oportunidades para os emergentes se abre de novo, melhorando a precificação da nossa bolsa, que está muito barata, e reduzindo o nosso juro longo. 

Na minha perspectiva, este cenário é o cenário mais provável. E acredito que estamos bem próximos de ver isso se concretizar. Poucos meses nos separam da melhoria nos nossos mercados. 

Tenho a convicção de que a melhora será rápida e que poucas pessoas vão surfá-la, uma vez que os investidores ainda estão bastante pessimistas. 

Como sempre digo, quem toma o risco, colhe grandes frutos. A espera é recompensada nesses momentos. 

Eu já estou posicionada. E você?

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