CRIs e CRAs: Por que os menores prêmios reduzem a atratividade desses investimentos

CRIs e CRAs oferecem menos retorno e mais risco. Entenda os motivos e veja se ainda vale a pena investir nesses títulos em 2025

Malu Paolantoni 27/06/2025 08:25 5 min
CRIs e CRAs: Por que os menores prêmios reduzem a atratividade desses investimentos

Nos últimos anos, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (do Agronegócio) conquistaram muitos investidores — talvez você mesmo tenha cogitado ou até já tenha investido neles. 

O grande atrativo? A isenção de imposto de renda sobre os rendimentos. Ou seja, diferente de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e do Tesouro Direto, os juros que você recebe não sofrem desconto de IR. Isso pode significar uma rentabilidade líquida maior — o que, à primeira vista, parece ótimo.

Mas nem sempre o que parece ser o melhor caminho é, de fato, o mais vantajoso.

Por que os CRIs e CRAs estão menos atrativos?

Desde o segundo semestre de 2023, temos visto uma queda nos chamados spreads de crédito — aquele “extra” de rentabilidade que esses títulos privados costumam pagar em relação aos títulos públicos, como o Tesouro IPCA+.

Essa diferença deveria compensar o maior risco de crédito e a menor liquidez desses papéis. Só que isso vem mudando. O gráfico abaixo mostra esse fechamento dos spreads desde a forte abertura observada em 2023.

Fechamento dos spreads NTNB. Fonte: JGP

Com spreads mais baixos e menor liquidez, esses papéis passaram a oferecer menos retorno para mais risco.

E, para piorar, há uma nova ameaça no horizonte: uma proposta de tributação sobre os rendimentos desses títulos a partir de 2026 — o que pode gerar uma corrida por aplicações ainda em 2025 e comprimir ainda mais os spreads.

Tudo isso combinado faz deste um momento pouco favorável para investir em CRIs e CRAs.

Ainda é possível encontrar oportunidades em meio a esse cenário, mas é relevante realizar análises criteriosas do emissor.

O que estamos observando é que a aplicação em CRIs e CRAs de forma recorrente e com bons percentuais da carteira de renda fixa já deixa de ser uma realidade tão interessante, passando a ser mais esporádica — e com o investidor devendo ser mais criterioso.

O impacto dos spreads de crédito

Na renda fixa, uma regra simples se aplica: quanto maior o risco, maior deve ser o retorno exigido pelo investidor. E os CRIs e CRAs estão longe de ser investimentos livres de risco.

Ao comprar um CRI, por exemplo, o investidor está emprestando dinheiro com base em um fluxo futuro de pagamentos, assumindo o risco de crédito do devedor, além de riscos setoriais e de estrutura.

Esses títulos não contam com a proteção do FGC, que cobre outros investimentos como CDBs, LCIs e LCAs.

Por isso, é natural exigir um retorno maior do que aquele pago pelo Tesouro Nacional — considerado o emissor mais seguro do país. Essa diferença entre os dois, o spread, é o que deveria justificar o investimento.

Mas, como falamos antes, essa diferença vem diminuindo bastante — e isso muda tudo.

Nova tributação: o que pode mudar em 2026

Como se os retornos mais baixos não bastassem, uma proposta em discussão no Congresso pode afetar diretamente esses papéis: a criação de uma alíquota de 5% de IR sobre os rendimentos de novos CRIs e CRAs, a partir de 2026.

A proposta ainda não foi votada, mas, se for aprovada, os títulos emitidos a partir de janeiro de 2026 deixarão de ser isentos. Isso pode provocar um movimento de “corrida” por papéis isentos ainda em 2025, visando garantir a isenção, o que aumentaria a demanda e poderia comprimir ainda mais os spreads no segundo semestre.

No entanto, isso não significa que vale a pena comprar qualquer papel apenas para ter um produto isento. Com os prêmios já muito baixos, o retorno líquido ainda assim pode ser pouco compensador.

CRIs e CRAs ainda valem a pena?

Apesar do risco, há sinais de forte resistência dentro do Congresso a novas medidas de aumento de arrecadação.

A derrubada recente do decreto do IOF, por exemplo, mostra que não há grande apetite político para aprovar mais tributações.

Dessa forma, neste momento, entendemos que o melhor é aguardar antes de tomar qualquer decisão com base em uma mudança que ainda não aconteceu — e que pode nem vir a se concretizar.

Não é hora de agir com pressa! Estamos acompanhando a tramitação no Congresso e, caso a nova tributação seja aprovada, ainda haverá tempo para avaliar ajustes antes de 2026.

O que muda se a nova tributação for aprovada

Se a nova tributação for aprovada, os rendimentos líquidos dos CRIs e CRAs vão cair. Para continuarem nos mesmos patamares de remuneração atuais, esses títulos teriam que pagar mais — o que também representaria um custo maior para as empresas que emitem.

Mesmo assim, como a proposta prevê uma alíquota de apenas 5% (bem menor do que os 17,5% sugeridos para outros produtos de renda fixa), é possível que eles continuem fazendo sentido em algumas situações.

Mas, aí, mais do que nunca, será essencial analisar os spreads e riscos de crédito para avaliar se o retorno adicional compensa os riscos envolvidos.

Alternativas mais seguras ao investidor

Diante desse cenário — prêmios mais apertados e juros ainda elevados —, temos preferido manter a exposição ao Tesouro IPCA+ 2040 para a parcela da carteira atrelada à inflação no longo prazo.

Esses papéis têm liquidez diária e oferecem retornos competitivos com risco muito menor.

Em um ambiente em que o prêmio pago por correr risco cai, como no caso dos CRIs e CRAs, faz mais sentido optar por investimentos mais seguros. Lembre-se: a isenção fiscal, isoladamente, não deve ser o fator determinante para uma decisão de investimento.

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