Cosan (CSAN3) ou Raízen (RAIZ4): onde está a maior assimetria?
Uma opera no centro do colapso. A outra se posiciona para capturar valor. Veja a análise das ações RAIZ4 e CSAN3 e onde está a assimetria para o investidor
95 centavos: esse é o preço de uma das maiores produtoras de açúcar e etanol do mundo.
Com uma ação valendo menos que um pacote de bala da sua própria loja de conveniência, a Raízen (RAIZ4) viu seu valor de mercado derreter mais de 60% em um ano.
O que explica tamanha destruição de valor? Uma combinação explosiva de crescimento acelerado, juros altos, eventos climáticos e dívida bilionária.
Agora, a empresa tenta atacar a raiz do problema, vendendo ativos, revisando investimentos e cortando custos e despesas.
O mercado, porém, continua cético.
Mas a grande pergunta é: este será o fim de um ciclo ou o começo de uma oportunidade?
Raízen (RAIZ4): uma penny stock gigante
Acumulando uma queda de quase -56% em 2025 e de -66% em 12 meses, as ações da Raízen passaram a valer menos de R$ 1, com a cotação chegando a R$ 0,95 na tarde de segunda-feira, 27 de outubro de 2025.
Suas ações preferenciais estão sendo negociadas atualmente em R$ 0,95, patamar que define o que o mercado chama de "penny stock".

Mas não estamos falando de qualquer companhia. Estamos falando da Raízen:
- Maior produtora e exportadora de açúcar de cana do mundo.
- Líder na produção de etanol no Brasil e entre as maiores produtoras mundiais.
- Pioneira e única empresa no mundo a produzir etanol de 2ª geração (E2G), em escala comercial, a partir do reaproveitamento de subprodutos do processo produtivo.
- A 2ª maior distribuidora de combustíveis no Brasil.
Histórico desde o IPO
Criada em 2011, a partir da joint venture entre a Cosan e a Shell, com 44% de participação cada uma, a Raízen ainda figura entre os maiores IPOs da história da B3.
No dia 4 de agosto de 2021, a empresa fez sua estreia na Bolsa brasileira com um valor de mercado de R$ 76 bilhões (R$ 7,40 por ação), levantando R$ 6,9 bilhões na oferta.
Desde então, a expansão dos negócios foi acelerada, refletindo em um aumento significativo de sua produção e ampliando as operações de distribuição, comercialização e lojas de conveniência.
Esse ciclo de investimentos contribuiu para a Raízen multiplicar sua receita líquida em 2,2 vezes e quase dobrar o Ebitda em apenas quatro anos.


O que provocou o colapso da Raízen
Contudo, o custo do crescimento no Brasil é elevado. Após um forte ciclo de expansão em um ambiente de juros elevados, a conta chegou.
E ela não veio sozinha: a companhia ainda atravessou um ciclo bastante negativo para seus negócios. Entre 2023 e 2024, eventos climáticos (estiagem e queimadas) e um cenário macro pouco favorável criaram a “tempestade perfeita”.
Com sua rentabilidade pressionada, observamos seu Ebitda cair de R$ 15,3 bilhões no ano-safra 2022/23 para R$ 10,8 bilhões em 2024/25, além de um prejuízo líquido de R$ 4,2 bilhões.
No último trimestre reportado, a dívida líquida da Raízen atingiu R$ 49,2 bilhões, representando uma alavancagem de 4,5x o Ebitda.

Por fim, mas não menos importante, a Raízen entregou um fluxo de caixa operacional negativo de R$ 9,9 bilhões, diante dos desafios que vem enfrentando. Esse fator, juntamente com o Capex, resultou em uma queima de caixa de R$ 12,8 bilhões durante o período.
Medidas de reestruturação da Raízen
Diante do momento desafiador, a Raízen, em linha com a Cosan, sua controladora, iniciou um plano de reestruturação no final de 2024.
Entre as medidas, a companhia divulgou, este ano, seu plano operacional, focado na otimização das estruturas corporativas e operacionais, estimando um impacto positivo de cerca de R$ 500 milhões no ano.
Simultaneamente, o Capex foi revisado. O guidance para 2025 prevê um montante entre R$ 9 e R$ 9,8 bilhões — uma redução de 18% a 24% em comparação com 2024/25.
Além disso, a companhia avançou na venda de ativos ao longo deste ano, que já somam mais de R$ 3,5 bilhões até o momento.
Apesar da postura e dos esforços positivos da empresa, o cenário ainda é desafiador e demonstra a necessidade de uma injeção de capital.
Existe, ainda, a possibilidade de uma futura injeção de capital por parte das controladoras (Cosan e Shell), ainda não confirmada, mas que pode ocorrer após a conclusão do follow-on da Cosan.
RAIZ4: oportunidade ou risco demais?
Do ponto de vista operacional, superando os impactos climáticos e com ganhos de eficiência, a expectativa é de recuperação dos resultados e da reversão da queima de caixa até 2027.
Além disso, existe a possibilidade de uma futura injeção de capital pelas controladoras Cosan e Shell. A capitalização, além de necessária, poderia acelerar a reestruturação da Raízen, principalmente se for combinada com a venda de suas operações na Argentina.
Entretanto, como esses fatores ainda são incertos, os riscos sobre a tese de investimento na Raízen continuam significativos, apesar das perspectivas de recuperação.
Por isso, mesmo negociando a múltiplos baixos, não temos recomendação de compra para RAIZ4.
Nossa recomendação — e a mais recente da casa — fica para a controladora.
Cosan (CSAN3): uma tese mais robusta
Nossa preferência recai sobre as ações da Cosan (CSAN3), que atualmente negociam com um desconto superior a 30%, considerando o nível de endividamento registrado no 2T25.
Além disso, ao investir na holding, há a possibilidade de diluir os riscos, já que ela possui em seu portfólio de controladas: Rumo (RAIL4), Compass (Gás e Energia), Moove (fabricação e distribuição de lubrificantes) e Radar (propriedades agrícolas).
Os riscos ainda são relevantes, entretanto, diante da capacidade de uma reprecificação a partir da desalavancagem da holding com o avanço do follow-on e da recuperação das principais controladas, compramos recentemente CSAN3 no Nord Deep Value.
Cosan e + 8 oportunidades extremas para retornos extraordinários
Fabiano Vaz selecionou 9 ações brasileiras com um enorme potencial de recuperação e crescimento no futuro.
Para o 4T25, você já sabe que uma das escolhas é a Cosan, mas ainda há outras 8 ações com retornos que podem mudar sua carteira.
No acumulado do ano, a carteira do analista apresenta valorização de 27,6%, contra 22% do Ibovespa, até o dia 27 de outubro.
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