Cosan (CSAN3) vai receber aporte bilionário do BTG para reestruturação financeira

Cosan firmou acordo com BTG e Perfin para aporte de R$ 4,5 bi e R$ 2 bi, respectivamente, visando reduzir dívida e reforçar estrutura de capital

Fabiano Vaz 22/09/2025 10:20 4 min
Cosan (CSAN3) vai receber aporte bilionário do BTG para reestruturação financeira

A Cosan (CSAN3) anunciou que receberá um aporte bilionário como parte de sua estratégia para reestruturação financeira. O BTG Pactual (BPAC11) será o principal investidor, com um aporte de R$ 4,5 bilhões, seguido pela gestora Perfin, que contribuirá com mais R$ 2 bilhões. 

Além disso, Rubens Ometto, presidente do conselho da Cosan, fará um aporte adicional de R$ 750 milhões por meio de sua holding Aguassanta. A operação tem como objetivo reduzir o endividamento da companhia, fortalecer sua estrutura de capital e trazer investidores estratégicos para o negócio.

Como será feita a capitalização da Cosan

A operação será realizada por meio da emissão de 1,45 bilhão de novas ações ordinárias ao preço de R$ 5 por ação, totalizando R$ 7,25 bilhões. A oferta poderá ser ampliada em até 25%, podendo chegar a até R$ 10 bilhões no total.

O follow-on da Cosan será dividido em duas ofertas: a primeira destinada ao acionista controlador (Aguassanta), BTG Pactual e a Perfin, e a segunda oferta para os acionistas minoritários, que pode chegar em até R$ 2,75 bilhões pelo mesmo preço (R$ 5 por ação).

Os acionistas minoritários com ações da Cosan, ao final do pregão do dia 19 de setembro, terão o direito à subscrição das ações.

Abaixo o cronograma das ofertas:

  • 21 de setembro: anúncio do follow-on.
  • 23 de setembro: convocação da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), para a aprovação das ofertas. 
  • 23 de outubro: sendo aprovada, será realizado o lançamento da 1ª oferta.
  • 03 de novembro: precificação da 1ª oferta e lançamento da 2ª oferta.
  • 11 de novembro: precificação da 2ª oferta.

Haverá diluição dos acionistas atuais da Cosan?

Sim. Com 1,9 bilhão de ações atualmente e com as ofertas podendo atingir uma emissão de até 2 bilhões, haverá diluição dos acionistas.

Sendo a proporção da segunda oferta menor, os acionistas atuais sofrerão diluição mesmo participando da oferta. Isso significa que a participação relativa de cada investidor no capital da empresa será reduzida.

BTG e Perfin firmam compromisso de longo prazo

Mesmo com o aporte, Rubens Ometto continuará mantendo o controle da Cosan. Ele permanecerá com a maioria dos assentos no conselho de administração, com direito de indicar cinco dos nove membros. 

Já BTG e Perfin, juntos, indicarão quatro conselheiros. Os novos investidores também assumem o compromisso de manter pelo menos 50% das ações adquiridas por um período mínimo de quatro anos.

O que muda para a Cosan após o aporte bilionário

A decisão de buscar capital está diretamente ligada à necessidade da empresa de melhorar sua posição financeira. Com o aporte, a Cosan poderá reduzir sua alavancagem, ganhar flexibilidade e buscar novas oportunidades de crescimento. 

No 2T25, a dívida líquida ficou em R$ 17,5 bilhões, mesmo patamar do montante reportado no 1T25. Segundo a companhia, com a injeção de capital de R$ 10 bilhões, a dívida líquida poderá cair para R$ 7,5 bilhões.

Estrutura de capital da Cosan após captação de R$ 10 bilhões. Fonte: Cosan RI

Apesar dos riscos associados, como a diluição acionária e a diferença entre o preço da oferta e o valor justo de mercado das ações, a companhia aposta que o movimento trará ganhos sustentáveis no longo prazo.

Próximos passos e perspectivas

A operação ainda depende de aprovação dos acionistas em assembleia, o que será um passo crucial para que a estratégia se concretize. Se aprovada, a Cosan não apenas reforça seu caixa, como também sua governança, com a chegada de investidores com visão de longo prazo e peso relevante no mercado financeiro.

Com esse movimento, a Cosan reforça o seu comprometimento com a redução da alavancagem. Além do desinvestimento na Vale no final do ano passado, ainda existe a expectativa para um possível IPO da Moove, venda de ativos da Raízen e da participação na Compass.

Mesmo assim, ainda enxergamos que o risco relacionado à tese segue elevado, especialmente diante do cenário macroeconômico incerto. 

Neste momento, mantemos a nossa recomendação neutra para CSAN3.

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