Rombo dos Correios em 2025 chega a R$ 5,6 bilhões e preocupa governo

Correios acumulam prejuízos bilionários e preveem recuperação só em 2027. Governo nega privatização e aposta em empréstimo de R$ 20 bilhões

Nord Research 16/10/2025 10:39 3 min Atualizado em: 16/10/2025 13:35
Rombo dos Correios em 2025 chega a R$ 5,6 bilhões e preocupa governo

O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou, na quarta-feira (15/10), que o rombo de caixa da estatal era de R$ 5,6 bilhões em junho de 2025. A crise financeira se agravou nos últimos dois anos, e os Correios agora tentam evitar a insolvência com um plano emergencial de recuperação.

Qual é o tamanho do rombo dos Correios?

O rombo mais recente divulgado pela direção dos Correios foi de R$ 5,6 bilhões, valor calculado com base no balanço de junho de 2025. No primeiro semestre de 2025, a empresa acumulou um prejuízo de R$ 4,37 bilhões, após já ter encerrado 2024 com um déficit de R$ 2,6 bilhões. Segundo o Tesouro Nacional, os Correios foram responsáveis por quase metade do déficit total das estatais no ano anterior.

Por que os Correios voltaram a ter prejuízos?

A queda de receitas e o aumento de custos explicam a volta dos prejuízos. A receita com encomendas internacionais caiu, principalmente após a criação da chamada “taxa das blusinhas”. 

Ao mesmo tempo, houve crescimento de despesas com ações judiciais trabalhistas, salários, aluguéis e dívidas com fundos de pensão, como o acordo de R$ 7,6 bilhões com o Postalis.

A direção também atribui parte das dificuldades financeiras à "herança contábil", ou seja, decisões de governos anteriores, incluindo a suspensão de investimentos e má gestão contratual. 

Embora a administração atual atribua os problemas financeiros à gestão passada (de Bolsonaro), os dados mostram que a estatal obteve lucro em três dos quatro anos do governo Bolsonaro, intensificando as críticas à estratégia adotada no governo Lula.

Quais medidas estão sendo tomadas para evitar a insolvência?

Diante da urgência, os Correios adotaram um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para 2024. Entre as medidas de contenção estão:

  • suspensão de contratações terceirizadas por 120 dias.
  • renegociação de contratos com redução mínima de 10%.
  • revisão de contratos de aluguel e serviços.
  • foco na captação de um empréstimo de R$ 20 bilhões do Banco do Brasil, da Caixa e de instituições privadas para para reestruturação e quitação de passivos mais caros.

Esse financiamento também servirá para substituir um empréstimo anterior de R$ 1,8 bilhão, com vencimento a partir de janeiro de 2026, contratado em condições desfavoráveis.

Quando os Correios voltarão a dar lucro?

A projeção da atual gestão é que os Correios voltem a registrar lucro apenas em 2027, após a execução completa do plano de reestruturação financeira. Até lá, o foco é estancar os prejuízos e recuperar a capacidade operacional da estatal.

Os Correios serão privatizados?

Apesar da crise, o governo nega a privatização da empresa. O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que o plano de recuperação não inclui a venda da estatal. A prioridade, segundo ele, é sanear as contas com recursos próprios e empréstimos públicos.

No entanto, o tema segue em debate no meio político e econômico, especialmente entre setores que defendem a venda como solução estrutural para evitar prejuízos futuros.

Estatais acumulam prejuízo de quase R$ 9 bilhões

As estatais federais acumularam déficit de R$ 8,9 bilhões nos 12 meses até agosto de 2025, conforme informado pelo Banco Central. Esse valor mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior.

As subvenções do governo federal para manter o funcionamento dessas empresas somaram R$ 27 bilhões em 2024, o que inclui aportes para capitalização e cobertura de déficits operacionais.

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