Circuit Breaker na Bolsa de Valores: o que é e por que acontece

O circuit breaker protege o ambiente de negócios contra quedas excessivas dos ativos com a interrupção das negociações. Entenda como funciona!

Nord Research 23/06/2023 13:46 6 min
Circuit Breaker na Bolsa de Valores: o que é e por que acontece

Ao ser acionado, o circuit breaker evita o colapso da bolsa de valores por decisões impulsivas, dando tempo aos investidores para analisar o mercado.

O circuit breaker é um dos mecanismos da bolsa de valores para proteger o ambiente de negociações. Ele permite que as pessoas substituam decisões impulsivas por escolhas mais ponderadas diante dos cenários econômicos.

A Bolsa de Valores de Nova York criou esse sistema em 1987. No Brasil, ele entrou em vigor em 1997, ocasião em que ajudou o mercado nacional a lidar com a crise asiática. Além disso, já foi acionado em outras cinco vezes, como na crise do subprime e na pandemia.

Para entender o que é esse fenômeno e como ele funciona na prática, continue a leitura!

O que é circuit breaker?

Circuit breaker é o procedimento de interrupção da negociação de ativos no pregão com o objetivo de conter instabilidades atípicas do mercado. Assim, é acionado sempre que há uma queda acentuada no índice das ações com maior capitalização e volume de negociações da bolsa de valores.

O termo faz referência ao aparelho que, em tradução para o português, é chamado de disjuntor. Esse item é responsável por interromper o funcionamento do circuito elétrico quando há sobrecarga para protegê-lo e evitar que seja destruído pela alta corrente elétrica. É algo semelhante ao que ocorre na bolsa, onde ele entra em ação para evitar que o mercado colapse.

A oscilação do universo das ações é o principal fundamento para a existência desse instrumento. Toda vez que ativos são negociados, os preços podem ser afetados imediatamente pela mudança na oferta e demanda. Por isso, se existe uma crise grave e um cenário de incerteza, como a crise do subprime, a viabilidade do mercado corre riscos.

Os preços podem baixar cada vez mais, como uma bola de neve, a partir da expectativa gerada pela queda dos valores. Nesse sentido, o circuit breaker paralisa as transações, permitindo que os agentes tenham mais tempo para avaliar e tomar as decisões com calma.

Como funciona o circuit breaker?

Na bolsa de valores brasileira, a B3, o circuit breaker é estabelecido em faixas de desvalorização do Ibovespa. A queda do percentual da pontuação pode levar ao acionamento do mecanismo e interrupção das negociações.

Estágios do circuit breaker:

  • 10% — interrupção por 30 minutos;
  • 15% — interrupção por 1 hora;
  • 20% — suspensão das atividades.

A referência é o Ibovespa do dia anterior. Por exemplo, se o índice estivesse a 100 mil pontos, o mecanismo seria ativado no dia seguinte caso o índice chegasse a 90, 85 e 80 mil.

Outra regra é a preservação dos 30 minutos finais do pregão. Se ocorrer um circuit breaker na última hora de seu funcionamento, há extensão do horário de encerramento para proporcionar uma meia hora final de negociações.

Quantos circuit breakers tiveram no Brasil?

A bolsa de valores nacional soma 22 momentos de circuit breaker até os dias atuais. Esses eventos não aconteceram distribuídos em diversos anos, mas concentrados em cenários específicos de crise.

A utilização do circuit breaker no Brasil:

  • Crise asiática (1997) — 3 vezes;
  • Crise russa (1998) — 4 vezes;
  • Mudança para o Câmbio flutuante (1999) — 2 vezes;
  • Crise do subprime nos EUA (2008) — 6 vezes;
  • Joesley Day e delação da JBS (2017) — 1 vez;
  • Coronavírus (2020) — 6 vezes.

A última vez em que esse fenômeno ocorreu na bolsa de valores brasileira foi em 20 de março de 2020, com uma desvalorização de 18,88% no Ibovespa.

Quantos circuit breakers tiveram em 2008?

No ano de 2008, a bolsa de valores brasileira acionou seis circuit breakers. O número era recorde até 2020, quando se instalou a pandemia da Covid-19. No caso da primeira marca, ela não foi originada em uma crise sanitária, mas sim nos problemas econômicos dos Estados Unidos que afetou dinâmicas econômicas globais.

Os detalhes dos circuit breakers brasileiros

Conheça abaixo o contexto nos quais o mecanismo de congelamento temporário das transações da bolsa de valores foi utilizado no Brasil!

Crise asiática (1997)

Em 1997, os tigres asiáticos vivenciaram um período de inflação e diminuição da atividade econômica. O choque causado no mercado brasileiro levou ao acionamento do circuit breaker por três vezes no ano.

Crise russa (1998)

Em 1998, foi a vez da Rússia vivenciar problemas econômicos severos. Após o país não conseguir honrar sua dívida nos prazos pactuados, ver a desvalorização do rublo e conviver com a falência de instituições financeiras, as consequências afetaram outros países, como foi o caso da bolsa de valores brasileira.

Mudança para o câmbio flutuante (1999)

Em 1999, o evento que desencadeou o circuit breaker foi a mudança do real para o câmbio flutuante. A partir de então, a oferta e demanda pela moeda seria decisiva para estabelecer o preço, eliminando mecanismos de tabelamento para deixar o valor próximo ao dólar.

Houve a disparada da moeda norte-americana imediatamente após a mudança. Além disso, a incerteza afetou as negociações na bolsa de valores, levando ao circuit breaker.

Crise do subprime nos EUA (2008)

Outro evento externo impulsionou a queda da bolsa de valores brasileira. Em 2008, com a crise no setor de crédito imobiliário norte-americano e seus efeitos para a economia global, o Ibovespa sofreu uma queda livre que levou ao recorde de interrupções da bolsa com seis paralisações.

Joesley Day e delação da JBS (2017)

Já no ano de 2017, o fato determinante para o circuit breaker foi a alegação de corrupção do então presidente Michel Temer, realizada por Joesley Batista em delação premiada. A expectativa de aprovação da Reforma de Previdência, que era vista como um projeto essencial, se viu frustrada, tendo seus reflexos na bolsa.

Coronavírus (2020)

O evento mais recente a causar vários circuit breakers foi o período de restrições da pandemia. Na ocasião, a incerteza e impacto econômico da crise se somaram a outros problemas, como as quedas no preço do barril de petróleo.

Como se proteger do circuit breaker?

A suspensão das negociações concede tempo para que as pessoas analisem o mercado e ponderem suas decisões. Porém, o investidor pode ficar assustado com as restrições de vender os ativos diante de quedas bruscas e imprevistos.

Estratégias para minimizar os riscos causados pelo circuit breaker:

  • stop losses: ordem para vender automaticamente ação após percentual de queda;
  • diversificação: montar uma carteira com ativos de diferentes setores e características;
  • hedge: composição com ativos que se valorizam com a queda das ações;
  • monitoramento: acompanhamento constante do mercado para reajustar a carteira.

Em resumo, o circuit breaker é um evento raro na bolsa de valores, mas que precisa ser conhecido pelos investidores. É sempre importante gerenciar os riscos da sua carteira com a diversificação e com estratégias para compensar potenciais perdas de curto prazo da renda variável.

Gostou do conteúdo? Se quiser aprender mais sobre o mercado de ações, complemente a sua leitura com o artigo sobre as principais bolsas de valores mundiais!

Resumindo

O que é circuit breaker?

Circuit breaker é a suspensão temporária das negociações da bolsa de valores diante de uma elevada desvalorização no preço das principais ações. Seu objetivo é evitar decisões impulsivas e efeito-manada, oferecendo um tempo para ponderação e análise de mercado antes de retomar as transações.

Como funciona o circuit breaker

No Brasil, o circuit breaker funciona gradualmente. A primeira paralisação acontece por 30 minutos caso o Ibovespa caia 10% em relação ao dia anterior, sendo seguida por mais uma de igual período ao alcançar 15%. Por fim, a paralisação do pregão por tempo indeterminado ocorre aos 20% de queda em relação ao dia anterior.

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