Celsius Energy Drink (CELH): análise da ação e perspectivas

Entenda o crescimento da Celsius Energy Drink, suas aquisições, parceria com a PepsiCo e oportunidades futuras de investimento

Henrique Vasconcellos 03/09/2025 13:00 6 min
Celsius Energy Drink (CELH): análise da ação e perspectivas

Poucos assuntos vêm sendo mais debatidos no mercado do que a crescente necessidade por mais energia. Isso não é novidade. Existe uma correlação entre crescimento econômico e consumo de energia. 

Ou seja, à medida que o nosso mundo cresce economicamente, o consumo de energia cresce junto. 

Nos últimos anos, vimos o movimento de descarbonização, que levou a um grande investimento em energias renováveis, como solar e eólica. 

Tivemos a febre dos carros elétricos, que, apesar de ainda pouquíssimo relevantes no consumo de energia geral, fizeram bastante ruído nesse mercado. Agora, o que abastece o debate é a crescente demanda energética que os data centers possuem para viabilizar o funcionamento dos tantos modelos de inteligência artificial que temos por aí. 

Energia é fundamental. Afinal, o mundo é energia, e todos dependemos dela. Dependemos tanto que consumimos diariamente produtos para aumentar os nossos próprios níveis de energia (sim, pivotei o assunto por completo, percebeu?).

Inúmeras empresas no mundo capitalizam sobre essa nossa busca por mais energia. Seja a que vende aquele essencial cafezinho para nossas manhãs, as de chá aquecendo as tardes da rainha (ou matcha, se você não viu o penta), e até mesmo aquelas empresas de energéticos que tomamos quando queremos trabalhar até altas horas da madrugada. 

E, dentre essas tantas companhias que nos proporcionam um boost diário de energia, uma específica vem me tirando o sono (pun intended).

O meu acerto foi o meu próprio erro

Se arrependimento matasse, todo alocador de capital estaria morto no seu segundo ano de carreira. Especialmente nós, que trabalhamos com mercados líquidos e temos infinitas possibilidades todos os dias. 

Errar faz parte. Ver uma convicção sua cair por algum fator que você não esperava dói (chamamos isso de “riscos”). Mas, às vezes, o que mais dói é ver aquela convicção disparar e não fazer parte do movimento. 

No começo deste ano, fizemos uma indicação de posição nova para o Nord Global. Recomendamos, em fevereiro, a compra das ações da Celsius Energy Drink (CELH), uma posição que, para alguns, pode ser considerada um sucesso e, para outros, um fracasso. 

No período em que morei nos Estados Unidos, eu era um ávido consumidor da marca [Celsius]. Achava que o produto era melhor do que o das competidoras Monster e Red Bull. Era uma alternativa sem açúcar e altamente cafeinada, perfeita para me dar aquela energia extra do dia a dia. 

Mas, como analista, sempre achei que o otimismo ao redor da empresa era muito grande. 

Em maio de 2024, escrevi uma newsletter sobre a Celsius, majoritariamente com elogios à estratégia que a companhia adotou e ao sucesso que isso havia rendido. A empresa se colocou em uma posição de ser a alternativa mais “saudável” (entre mil aspas) no mercado de bebidas energéticas. 

Seus produtos altamente cafeinados, sem açúcar e, por vezes, combinados a suplementos como aminoácidos, passavam uma imagem que apelava à “geração saúde”. 

Um marketing voltado a atividades físicas, programas ao ar livre e a um público praticante de esportes. Isso rendeu à empresa um crescimento bastante significativo, alinhado a um ganho de market share sobre as principais marcas do setor.

Mas havia um problema bastante relevante na época que nos afastava das ações: o valuation

Em maio de 2024, a Celsius chegou a valer mais de US$ 20 bilhões. Na nossa visão, não fazia sentido uma companhia que teria uma receita de US$ 1,4 bilhão valer tudo isso, mesmo com os diversos gatilhos de crescimento e potenciais mercados em que ainda poderia expandir suas vendas (crescimento internacional). 

O mercado precificava a perfeição nos resultados — uma barra bastante alta que não foi correspondida. A empresa decepcionou ao longo de 2024. Junto disso, uma pancada.

 Ações de CELH desde o começo de 2024. Fonte: Bloomberg

As ações caíram -75% em relação às suas máximas em maio de 2024, até as mínimas de fevereiro de 2025. Nessa, eu acertei na mosca. 

Os papéis ficaram baratos e aproveitamos a oportunidade no Nord Global. Mas eu “errei” ao dar muita sorte. A paciência que sobrou ao ver as ações desabando ao longo de 2024 me faltou ao vê-las disparando logo após a compra. 

Em menos de dois meses, ganhamos +70% com o investimento. Realizamos a nossa posição em abril. 

Aquilo que esperávamos aconteceu. A empresa voltou a acelerar o crescimento depois dos ajustes de estoque na Pepsi serem concluídos e o mercado reprecificou suas ações. No entanto, a companhia foi além das nossas expectativas. 

O que foi um ganho de +70% poderia ter sido um ganho de +180%. 

Uma ameaça consolidadora

Quando compramos as ações, parte da nossa tese era de que no 4T24 já seria possível identificar uma aceleração no crescimento e um 2025 melhor que o esperado. Isso aconteceu. 

Os resultados do 4T24 surpreenderam o mercado positivamente e mostraram que, após um ano complicado, o caminho em 2025 estava “melhor pavimentado”. 

Mas, junto desse resultado melhor que o esperado, a Celsius fez um anúncio bastante relevante: a aquisição da Alani Nu por US$ 1,8 bilhão.

 Market share do setor de bebidas energéticas nos EUA. Fonte: Celsius

A aquisição juntaria a terceira com a quarta maior empresa do setor nos EUA — uma operação que, além das inúmeras sinergias operacionais, adicionou uma nova marca com mais crescimento ao portfólio da Celsius e uma capacidade ainda maior de competir com os dois grandes players.

Uma excelente aquisição, que explica a “sorte” que tivemos.

Apesar de não estarmos mais comprados nas ações, seguimos acompanhando a empresa. Assim como fizemos em 2024, estamos esperando uma boa oportunidade a um preço que nos dê uma margem de segurança considerável. 

Na última sexta-feira, 29 de agosto, a companhia anunciou uma extensão de sua colaboração com a distribuição da PepsiCo. Nesse novo anúncio, ambas as empresas se comprometeram a estender a parceria de longo prazo. 

A Pepsi irá incluir a Alani Nu ao seu sistema de distribuição (a companhia já fazia a distribuição dos produtos da Celsius). Isso abrirá novos canais de vendas e uma distribuição mais ampla nos EUA e Canadá — movimento já esperado pelo mercado

 Portfólio de marcas da Celsius após extensão da parceria com a PepsiCo. Fonte: Celsius

A surpresa positiva (mais uma) é que, além da extensão da parceria na distribuição dos produtos, a PepsiCo aumentou sua participação na Celsius para 11% da empresa, enquanto cedeu a operação da marca de energéticos Rockstar nos EUA e Canadá para a Celsius

Mais um bom negócio para a Celsius: “comprando” a Rockstar por US$ 585 milhões depois da Pepsi ter comprado por mais de US$ 3 bilhões (conduziu muito mal a operação, é verdade). Agora, a Celsius se aproxima de um market share de 20%, cabendo a ela reorganizar a operação da Rockstar, assim como vem fazendo com sua marca e a Alani Nu. 

Acertei na compra, mas me apressei na venda. A empresa segue melhorando qualitativamente com o tempo. Infelizmente, o preço atual é bastante elevado para fazer parte do Global. 

Espero que, assim como em maio de 2024, quando saiu a primeira news, marquemos topo mais uma vez para comprarmos a um bom preço no futuro.

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