Ações da C&A (CEAB3) disparam 162% em 2025. Entenda a alta – e veja se ainda está barata
Entenda por que as ações da C&A (CEAB3) lideram o varejo em 2025 e veja por que a Lojas Renner ainda é a preferida da Nord Investimentos

As ações da C&A (CEAB3) vêm sendo o grande destaque do varejo de moda em 2025. Com uma impressionante valorização de 162% no ano, a empresa lidera os ganhos entre as grandes varejistas do setor na Bolsa brasileira.
Outras concorrentes também surfam uma maré positiva: Azzas, controladora da Hering e de outras 26 marcas, acumula alta de 37%, Guararapes avança 38%, Marisa sobe 35% e Lojas Renner registra valorização de 62%. No entanto, nenhuma apresentou desempenho tão expressivo quanto a C&A.

O desempenho da C&A em 2025

Crescimento da receita e recuperação do lucro
Quando realizou seu IPO em 2019, a C&A estava no meio de um processo de reestruturação e, após ser impactada negativamente pela pandemia nos anos seguintes, a empresa vem entregando uma excelente evolução.
Desde 2021, a C&A apresenta um crescimento médio anual de 19% em sua receita. Nesse mesmo período, a rentabilidade da companhia vem se expandindo, com aumento de 25% ao ano no lucro bruto e de 77% ao ano no Ebitda.
Embora o lucro viesse sendo impactado pelas despesas financeiras, em 2024 a empresa conseguiu retomar a lucratividade e entregou um lucro ajustado de quase R$ 300 milhões.
Essa evolução da companhia foi impulsionada pela força de sua marca e pela ampla presença no território nacional. Nesse contexto, a empresa retomou de forma gradual a expansão e a reforma de sua base de lojas físicas, ao mesmo tempo em que desenvolvia seu canal de vendas online (e-commerce).
Estratégias operacionais que impulsionaram os resultados
Adicionalmente, a C&A adotou estratégias voltadas à assertividade de preços e sortimento, ganhos de produtividade, aprimoramento da gestão de estoques e oferta de crédito ao consumidor, estimulando a demanda por seus produtos.
Mesmo com alta, ação da C&A segue barata
Apesar de estar entregando uma valorização expressiva desde 2023, as ações da companhia caíram bastante entre seu IPO e 2022. No acumulado desde que estreou na Bolsa, o papel ainda está entregando um desempenho inferior ao do mercado, subindo +23%, ante +29% do IBOV no período.

Mesmo com a forte alta recente, a ação ainda negocia a 16x lucros e 5x Ebitda, o que demonstra que a valorização recente foi fundamentada na evolução de seus resultados e não levou o papel a negociar a múltiplos elevados.
Estimativas do mercado para o 2T25
Para o próximo trimestre, o mercado projeta um crescimento de +14% na receita da companhia, +33% no Ebitda e +69% no lucro (em relação ao 2T24), enquanto para o consolidado de 2025, o mercado projeta um crescimento de +9% na receita, +16% no Ebitda e de +58% no lucro (em relação a 2024).
Contudo, para os anos seguintes, o mercado projeta uma manutenção do crescimento da receita, mas uma queda no crescimento do Ebitda e do lucro, que vão se aproximando do crescimento das vendas à medida que o processo de melhora da rentabilidade vai sendo concluído.
Lojas Renner ainda é o melhor negócio do varejo de moda
Apesar de a C&A ainda ter algum crescimento a entregar e de não negociar a múltiplos elevados, nossa preferência no setor é pela Lojas Renner (LREN3).
A Renner é a maior varejista de vestuário do país e realizar grandes mudanças consome muito tempo e dinheiro — e foi exatamente isso que a companhia fez nos últimos anos (atuando de maneira contracíclica). Agora, ela está encerrando o maior ciclo de investimentos de sua história e os próximos anos serão de colheita dos resultados.
Apesar dos avanços importantes na execução de moda — com melhorias na gestão de coleções e estoques —, os principais investimentos da empresa se concentraram nos departamentos de tecnologia e logística.
Destaca-se o lançamento de um novo centro de distribuição (considerado o mais avançado da América Latina), além do avanço na digitalização das lojas físicas e da ampliação significativa da integração entre as operações on-line e físicas.
Como resultado, atualmente é indiferente, sob a ótica da rentabilidade, expandir por meio do e-commerce ou das lojas físicas, feito alcançado por poucas companhias em nível global.
Após elevar o peso das despesas momentaneamente, deste ano em diante a empresa poderá voltar a investir em sua expansão e retomar seu patamar de crescimento histórico (cerca de +15% a.a.), enquanto colhe os benefícios dos investimentos que já foram realizados.
Até o momento, foram realizadas seis inaugurações em 2025, e o guidance da companhia é abrir entre 25 e 35 novas unidades neste ano: 15 a 20 Renner, sendo cerca de 80% em novas praças, cuja rentabilidade é superior à média do parque e alavanca o on-line, 10 a 15 Youcom e 1 a 2 Camicado.
O budget de Capex de 2025 é de R$ 850 milhões e, além de investir em novas lojas, a companhia vai realizar reformas para aumentar a produtividade das lojas existentes e seguir investindo em tecnologia para fortalecer seus negócios.
Em 2026, a empresa tem expectativa de alocar cerca de 6~7% da sua receita em investimentos. Utilizando as projeções do mercado de crescimento de receita como premissas (que ainda são bem conservadoras), isso representaria um investimento próximo a R$ 1 bilhão.
Como a companhia já encerrou o ciclo de fortes investimentos em sua infraestrutura logística e de TI, a maior parte dos recursos será destinada à expansão do parque de lojas — ou seja, irá trazer mais crescimento de receita. Isso, aliado aos ganhos de eficiência — por conta dos investimentos previamente realizados e de escala — com a diluição de gastos cujos benefícios serão colhidos nos próximos anos, permitirá uma expansão da rentabilidade e um crescimento de lucros ainda maior.
Apesar da expressiva alta de +62% até o momento no ano, negociando a apenas 8x Ebitda e diante das perspectivas extremamente positivas, mesmo em um cenário macroeconômico desfavorável, continuamos com elevada confiança em LREN3!
Veja também nossa análise sobre os resultados do primeiro trimestre de Lojas Renner

