Rendimento acima de 100% do CDI? Entenda o que isso significa

CDI é um título emitido por bancos para realizar empréstimos de curtíssimo prazo. Entenda o que é, como é calculado e como se relaciona com seus investimentos.

Nord Research 25/01/2024 18:00 10 min Atualizado em: 05/04/2024 13:04
Rendimento acima de 100% do CDI? Entenda o que isso significa

Descubra o segredo dos rendimentos acima de 100% do CDI. Transforme seus conhecimentos em oportunidades lucrativas!

Se você tem o hábito de acompanhar as notícias sobre investimentos e veículos especializados, certamente já se deparou com a afirmação de que determinado investimento rende acima de 100% do CDI. Você sabe o que exatamente isso quer dizer?

Neste artigo, expliquemos o que é o CDI, quais investimentos estão atrelados a ele, o que significa uma aplicação render mais do que o CDI e como realizar o cálculo. Acompanhe!

Sumário

O que é CDI?

CDI, ou Certificado de Depósito Interbancário, é um título emitido por bancos para realizar empréstimos de curtíssimo prazo entre si e ter um saldo positivo no caixa ao fim do dia.

Para entender esse mecanismo, é importante ter em mente que as instituições do setor de finanças movimentam altos valores diariamente e, no fim de cada dia, não podem ficar com saldo negativo. Por isso, captam recursos de outras instituições.

Como funciona?

O banco que toma o empréstimo emite o CDI para o banco que fornece os recursos. Assim, o CDI é uma espécie de captação bancária que não precisa estar atrelada a títulos públicos.

A instituição que está com saldo positivo no caixa “empresta” dinheiro para as que estão negativas, por meio desse título. A finalidade disso é equilibrar a liquidez, regular o sistema financeiro e possibilitar que a instituição continue operando plenamente.

Agora, a duração desse título é de apenas um dia útil. Afinal, como ele tem garantia e registro, a compensação do empréstimo é feita no dia subsequente.

Qual a finalidade da taxa? 

A taxa de juros do CDI, além de servir para as instituições negociarem entre si, também é adotada como índice de referência de diversos investimentos de renda fixa, já que as operações interbancárias envolvem juros e acontecem sob a taxa DI (falaremos mais sobre ela no próximo tópico).

Por isso, apesar de esse título não estar disponível para investidores individuais, somente para os bancos, é importante acompanhar o desempenho do CDI, já que ele exerce influência direta sobre suas aplicações financeiras.

Qual a relação do CDI com taxa DI e Selic?

A taxa de juros do CDI, usada como referência para os empréstimos interbancários, também é chamada de taxa DI. Normalmente, a taxa DI caminha lado a lado com a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. 

Em tese, elas não são a mesma coisa, mas, na prática, as duas taxas costumam seguir a mesma direção e ter tendências semelhantes.

O que significa rendimento acima de 100% do CDI?

A taxa DI é o principal índice de referência para a rentabilidade de investimentos de renda fixa, já que grande parte deles está atrelada a ela. Outros investimentos, como alguns fundos multimercado específicos, a usam como benchmark. Nesse caso, o objetivo do gestor do fundo é superar a taxa do CDI.

Desse modo, quando há uma queda na taxa do CDI, os investimentos cuja rentabilidade está atrelada a ela rendem menos. Quando, ao contrário, a taxa sobe, o rendimento dessas aplicações aumenta.

E nesse contexto, o que significa um investimento que rende acima de 100% do CDI? Muito simples. Vários investimentos têm sua remuneração relacionada ao desempenho da taxa DI, expressa em percentuais.

Assim, quando dizemos que determinada aplicação rende acima de 100% do CDI ao ano, isso equivale a afirmar que o retorno obtido pelo investidor será maior do que a média da taxa do CDI durante esse período.

Investimentos pós-fixados

Os investimentos de renda fixa cuja remuneração está atrelada ao comportamento da taxa DI são chamados pós-fixados. Apesar do investidor já saber de antemão qual será o índice adotado como referência, a rentabilidade do investimento depende da movimentação da taxa durante o período da aplicação. Assim, se ela subir ou cair, isso se refletirá no ROI.

Se você quiser entender um pouco melhor como funciona essa mecânica, assista ao vídeo abaixo em que Marília Fontesfaz uma minuciosa análise de um investimento que rende acima de 100% do CDI.

Quais investimentos estão atrelados ao CDI?

Vários investimentos têm a sua remuneração atrelada ao CDI ou o utilizam como benchmark (ou seja, como a meta a ser perseguida). Saiba mais sobre eles a seguir:

CDB

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos privados que os bancos emitem para captar recursos e financiar as suas operações. Entre as vantagens desse tipo de investimento, está: o baixo nível de risco, já que ele é coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Por isso, costumam ser indicados para investidores de perfil mais conservador.

Em geral, esses títulos são pós-fixados e seu rendimento está atrelado à taxa DI. Os rendimentos obtidos com a aplicação são tributados seguindo a tabela regressiva do Imposto de Renda, e a alíquota pode variar entre 22,5% e 15%, dependendo do tempo em que o capital permanecer investido.

LC

Letras de Câmbio (LCs) não estão relacionadas com o câmbio de moedas estrangeiras, mas sim com a captação de recursos para incentivar o crédito.

Funcionam da seguinte forma: o investidor adquire a letra de câmbio, a instituição financeira pega esses recursos e os empresta a um tomador de crédito. Assim, o que se faz, na prática, é emprestar dinheiro para vários setores da economia, como o agropecuário ou o imobiliário.

Há no mercado títulos de letras de câmbio prefixados e pós-fixados. Os pós-fixados adotam a taxa DI como indicador de referência.

Antes de investir em uma LC, é importante avaliar o custo-benefício, uma vez que elas estão sujeitas ao Imposto de Renda. A tabela usada é a regressiva, e a alíquota máxima é de 22,5%, de acordo com o tempo em que os recursos permanecerem aplicados.

LCI

Outro investimento que tem seu rendimento atrelado ao CDI é a LCI (Letra de Crédito Imobiliário). Trata-se de títulos emitidos por instituições financeiras com o intuito de captar recursos utilizados para fomentar o setor imobiliário.

Ao investir em LCIs, o investidor está emprestando dinheiro para o mercado imobiliário, já que o dinheiro utilizado pelos bancos para financiar os imóveis vem desses títulos. Uma das grandes vantagens desse tipo de investimento é que ele é isento de Imposto de Renda.

As LCIs podem ser prefixadas ou pós-fixadas. Nesse último caso, a rentabilidade está relacionada à taxa DI.

LCA

A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) funciona da mesma maneira que a LCI. A diferença é que os recursos dos investidores são usados para financiar o setor do agronegócio. Ao comprar um desses títulos, o investidor empresta dinheiro a um banco que, por sua vez, o repassa a produtores agrícolas e/ou pecuaristas.

Assim como ocorre nas LCIs, as LCAs podem ser pré ou pós-fixadas, sendo que, nessa última opção, o rendimento está atrelado à taxa do CDI. Elas também estão isentas de tributação no Imposto de Renda.

CRI

Outro investimento que segue a taxa do CDI são os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Trata-se de títulos de renda fixa que representam direitos de crédito sobre recebíveis imobiliários. Tais títulos são emitidos em um processo de securitização, uma espécie de antecipação de recursos.

Esses recebíveis são originados por operações realizadas no mercado imobiliário, como o financiamento de imóveis e os aluguéis. Os CRIs são emitidos por securitizadoras e adquiridos por investidores no mercado financeiro. Eles passam, então, a ter direito aos pagamentos provenientes dos recebíveis imobiliários que serviram como lastro para esses títulos.

Assim como ocorre com investimentos como as LCIs e as LCAs, os CRIs são isentos de Imposto de Renda. Porém, existem alguns riscos, como a inadimplência. Esses títulos também não têm cobertura do FGC.

CRA

Os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) funcionam de maneira análoga aos CRIs, só que os recursos dos investidores são usados para fomentar o setor do agronegócio. Eles também não são tributados no Imposto de Renda nem contam com cobertura do FGC.

É importante ressaltar que tanto o CRI quanto o CRA são investimentos indicados para investidores mais experientes, que já estão há um certo tempo no mercado e têm o costume de investir valores mais altos.

Debêntures

Existem vários tipos de debêntures no mercado. Créditos: subsri13 - Freepik

As debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas privadas com o objetivo de fomentar novos projetos ou financiar sua expansão. Uma das características desse tipo de investimento é o prazo maior que o de outras aplicações de renda fixa. Outra é que não contam com cobertura do FGC.

Existem vários tipos de debêntures no mercado. Muitas delas têm rendimento pós-fixado e remuneração atrelada ao CDI. Em geral, são tributadas seguindo a tabela regressiva do Imposto de Renda.

Fundos simples

Finalmente, existe a opção de investir em fundos simples, fundos de investimento em renda fixa que apliquem pelo menos 95% de seus recursos em títulos do Estado ou emitidos por bancos que tenham um nível de risco similar ao dos títulos públicos. Eles não cobram taxa de performance, somente a taxa administrativa padrão nos fundos de investimento.

O objetivo desses fundos é seguir o desempenho da taxa DI. Devido ao seu baixo nível de risco, esse é um investimento muito indicado para investidores de perfil mais conservador, que privilegiam a segurança e a proteção do capital, e até mesmo para investidores iniciantes.

Como calcular o rendimento CDI do investimento?

Talvez a essa altura você esteja se perguntando qual é a taxa CDI hoje. A questão é que esse valor é muito dinâmico. Como as negociações de crédito interbancário são diárias, também é preciso calcular a taxa DI diariamente. Quem faz esse cálculo é a Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados).

Ou seja, o valor muda todos os dias e, portanto, qualquer número que informássemos neste artigo logo iria ficar defasado.

Taxa de DI atualizada

A B3 disponibiliza a taxa de DI atualizada. Créditos: Freepik

Mas não se preocupe: se você quer saber qual é a taxa do CDI, pode ter acesso a essa informação facilmente. Para saber qual é a taxa DI atualizada, basta acessar o site da Bolsa de Valores brasileira, a B3, que disponibiliza essa e outras taxas e cotações.

Cálculo do CDI

Outra dúvida muito comum é: afinal, como calcular o rendimento de um CDI de um determinado investimento?

O cálculo é simples. O primeiro passo é entrar no site da B3, como explicamos logo acima, e conferir qual é a taxa do CDI no período. Depois, é necessário descobrir qual é o percentual do CDI que um investimento oferece. Isso normalmente já é informado de antemão aos investidores.

Em seguida, basta usar a seguinte fórmula:

Rendimento = CDI × (Percentual do CDI/100)

Exemplo de cálculo

Vamos ver um exemplo na prática. Suponha que a taxa CDI seja 6% e o investimento ofereça 110% do CDI. Desse modo, teremos que:

Rendimento = 6% × (110/100) = 6.6%.

Vale lembrar, contudo, que esse cálculo é uma estimativa. O rendimento da aplicação pode variar conforme outros fatores, como as condições do mercado e os termos específicos do investimento.

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Resumindo

O que significa o CDI?

CDI é um Certificado de Depósito Interbancário, um título emitido por bancos para realizar empréstimos de curto prazo entre instituições financeiras. Além de funcionar como um empréstimo entre os bancos, o CDI também serve como índice de referência para o rendimento de diversos investimentos de renda fixa, como CDB, LC, LCI, LCA, CRI e CRA.

Qual o valor de 100% do CDI?

As negociações interbancárias acontecem diariamente. Por isso, a taxa do CDI é calculada todos os dias pela Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados). No site da Bolsa de Valores brasileira, a B3, você encontra a informação atualizada, referente ao dia em que a consulta é feita.

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