A nova Brazilian Storm da Bolsa
A Bolsa brasileira pode surpreender como no surfe em 2011. Entenda por que investidores estrangeiros estão voltando e como aproveitar a maré

O Ibovespa tem surpreendido em 2025 ao atingir recordes históricos e pode ultrapassar 150 mil pontos ainda este ano, impulsionado pelo fluxo estrangeiro, expectativa de corte de juros no Brasil e nos EUA, e valuation atrativo.
O movimento lembra uma “Brazilian Storm” nos investimentos, com setores como small caps e bancos se beneficiando do cenário.
O que foi a Brazilian Storm no Surfe
Em 2011, um grupo de surfistas brasileiros começou a ganhar destaque nos principais picos do surfe mundial, enfrentando — e superando — a hegemonia de americanos, australianos e havaianos. Como uma força da natureza, eles romperam barreiras e surpreenderam o circuito internacional.
Foi assim que nasceu, na imprensa estrangeira, o apelido “Brazilian Storm” — um termo inicialmente usado com surpresa, e até certo desdém, diante das conquistas de nomes como Adriano de Souza, o Mineirinho, e Gabriel Medina.
Mas o que parecia uma exceção se tornou a nova regra. Além de Mineirinho e Medina, atletas como Alejo Muniz, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Ítalo Ferreira e, mais recentemente, Yago Dora — atual campeão — continuaram a protagonizar uma verdadeira tempestade de manobras nas águas do surfe mundial.
Mais que uma fase, a Brazilian Storm é um movimento. Hoje, o termo já não representa surpresa, mas sim o novo padrão para a elite do surfe mundial.
Assim como em 2011, no surfe, quando o Brasil passou de coadjuvante para a elite do circuito mundial, hoje vemos sinais semelhantes para a Bolsa brasileira.

Por que a Bolsa Brasileira pode repetir esse movimento
Pode parecer loucura: o Brasil é um país pouco relevante e com ativos descontados, que tem tudo para surpreender com uma nova Brazilian Storm na Bolsa brasileira.
Após anos ficando de lado, a Bolsa pode estar prestes a alcançar um movimento relevante nos próximos anos.
Esse possível movimento de virada acontece em meio a um cenário macroeconômico complexo, mas que apresenta sinais importantes.

Apesar do cenário doméstico desfavorável e das incertezas do exterior, a Bolsa brasileira vem performando positivamente. Esse movimento foi impulsionado principalmente pelo fluxo estrangeiro, indicando que ondas perfeitas podem estar se aproximando.
Mesmo com as incertezas atuais, seguimos enxergando uma assimetria favorável para a Bolsa brasileira no longo prazo.
Super Quarta com decisões do Copom e do Fed sobre juros
Nesta quarta-feira, 17 de setembro, teremos as decisões da taxa de juros nos EUA e no Brasil.
Nos EUA, as sinalizações estão mais claras, com grande probabilidade de acompanharmos o início do ciclo de cortes de juros, para um intervalo de 4% a 4,25% ao ano.
Por aqui, ainda devemos conviver com o patamar de 15% ao ano por alguns meses. Atualmente, o mercado precifica o primeiro corte do Copom entre dezembro e janeiro do próximo ano.
Seja como for, o início da flexibilização monetária nos EUA e a perspectiva para o ciclo de corte no Brasil, em 2026, já são vetores importantes para essa Brazilian Storm do mercado acionário.
Valuation atrativo do Ibovespa
Outro vetor relevante por trás desse movimento é a atratividade dos preços na Bolsa brasileira. Com múltiplos historicamente comprimidos, o Ibovespa negocia atualmente a cerca de 8x lucro projetado para os próximos 12 meses — um patamar bem abaixo da sua média histórica.
O índice Small Caps também segue essa tendência, sendo negociado a apenas 10x lucros projetados, o que igualmente representa um desconto significativo em relação à média dos últimos anos.

Trata-se de uma janela rara, que pode ser um dos melhores momentos para o investidor de longo prazo estar alocado.
A dinâmica externa também pode ser favorável. Além das incertezas sobre a economia norte-americana, intensificando o fluxo para os mercados emergentes, o ciclo de corte de juros é outro sinal positivo para a maré favorável que vai se formando.
Além disso, as primeiras sinalizações do cenário eleitoral de 2026, até aqui menos polarizadas, são os ventos que podem ser perfeitos para esse momento.
Nesse sentido, os estrangeiros, que ficaram anos longe do Brasil, podem intensificar o fluxo comprador.
Não entre no mar "crowdeado"
Diante desse cenário que se forma, mantemos nossa convicção: seguimos comprados, posicionados em empresas resilientes, com balanços sólidos e boa visibilidade de resultados.
Nós já começamos a surfar algumas boas ondas, mas nossas expectativas são de que elas sejam cada vez maiores. Além das ondas conhecidas como Banco Inter (INBR32), Mills (MILS3) e Priner (PRNR3), temos muitas outras.
Vale um alerta: assim como os melhores picos do surfe mundial atraem multidões em busca das ondas perfeitas, a Bolsa brasileira pode ficar “crowded" (lotado, cheio, concorrido, apinhado ou superlotado).

Os juros elevados, a busca por ativos com menor risco e os títulos incentivados (isenção de imposto), combinados com uma onda de recompra de ações e ofertas de fechamento de capital, sugaram o fluxo e a liquidez da Bolsa brasileira. Ou seja, teremos muitos surfistas para um mar pequeno.
Surfe nas melhores ondas
Diante das ondas perfeitas que começam a se formar, já iniciamos nossa remada para aproveitar essa maré.
E, mesmo com uma visão construtiva para a Bolsa, seguimos acompanhando as tempestades que podem influenciar esse movimento.
Ainda é cedo, mas já observamos os primeiros sinais da “Brazilian Storm” que se aproxima no horizonte.
Não vamos depender dos triggers como decisões de juros, Super Quartas, mudanças políticas ou eleições para nos posicionar.
Com foco nas melhores e nas mais resilientes ondas, começamos a nos movimentar gradativamente.