Brava (BRAV3) reporta produção recorde no 3T25
Melhora operacional também contribuiu para uma forte geração de caixa e desalavancagem financeira; veja os principais destaques
A Brava (BRAV3) reportou uma receita líquida de R$ 3,1 bilhões, alta de +39%, um Ebitda de R$ 1,3 bilhão, aumento de +79%, além de um lucro líquido de R$ 121 milhões, baixa de -76%. Todos os resultados foram comparados com o mesmo período em relação ao ano anterior.

Brava bate recorde de produção
A Brava renovou, pelo terceiro trimestre consecutivo, seu recorde de produção trimestral, atingindo 91,8 mil barris diários no 3T25, incremento de +78% na comparação anual, refletindo, mais uma vez, a evolução no segmento offshore, com os campos de Atlanta e Papa-Terra.
No trimestre, a petroleira vendeu 6,3 milhões de barris de óleo a um preço médio de US$ 61,9 (90% do Brent, -4 p.p.) e 7,7 milhões de MMBTU de gás natural a um preço médio de US$ 7,2 (10,4% do Brent, -1,3 p.p.). Ainda, foram vendidos 3,1 milhões de barris de produtos derivados.

Gerando caixa e desalavancando
Apesar do dólar e preço médio de venda mais baixos no período, a maior produção e volume de vendas compensaram os efeitos negativos do trimestre e contribuíram para que a receita líquida da Brava apresentasse um crescimento de +39%, totalizando R$ 3,1 bilhões.
Com o aumento de produção e diluição de custos fixos, o lifting cost (custo de extração/barril), incluindo o custo com afretamento, foi de US$ 15,7, queda de -22%. Assim (receita crescendo e custo caindo), o Ebitda da petroleira subiu ainda mais (+79%), ficando em R$ 1,3 bilhão.
O resultado financeiro, porém, foi negativo em R$ -1,3 bilhão, em função da despesa de R$ 849,4 milhões relacionada à antecipação dos recebíveis atrelados ao financiamento da Yinson para o projeto de adaptação do FPSO Atlanta e da marcação a mercado da dívida (ambos sem efeito caixa). Assim, o lucro líquido da Brava foi de R$ 121 milhões no trimestre (-76%).
Vale destacar que, excluindo os efeitos “não caixa”, o lucro líquido ajustado da companhia teria sido de R$ 681 milhões, revertendo o prejuízo ajustado apresentado no 3T24.
O capex (com efeito caixa) foi de R$ 780 milhões, com 65% sendo destinado para o segmento offshore (em especial, na fase 2 de desenvolvimento de Atlanta) e 35% para os segmentos onshore e downstream. Enquanto isso, a geração de caixa operacional somou R$ 1,3 bilhão, contribuindo para que a empresa fechasse o trimestre com uma posição de caixa de R$ 5,8 bi.
Assim, com uma dívida bruta total (considerando obrigações referentes às aquisições de ativos) de R$ 14,8 bilhões, sua dívida líquida (dívida bruta - caixa) atingiu R$ 9 bilhões e sua alavancagem (dívida líquida/Ebitda) voltou a cair, para 2,3x (vs. 3,1x no trimestre anterior).
O que esperar de Brava (BRAV3) em 2025?
O 3T25 foi mais uma prova de que a Brava de hoje é – extremamente – diferente da Brava de 12 meses atrás, período em que ainda apresentava muitas dificuldades em manter uma produção estável e, consequentemente, entregar resultados consistentes aos seus acionistas.
No último trimestre, com maior estabilidade e eficiência operacional, a petroleira pôde renovar ou se aproximar de patamares recordes de produção, receita, lifting cost e Ebitda. A combinação de todos esses fatores junto à redução de investimentos + gerenciamento de seu endividamento permitiu com que a empresa aumentasse a sua geração de caixa e reduzisse seus níveis de alavancagem.
Ainda que o 4T25 possa ser mais fraco do que o 3T25, devido (i) aos ajustes no FPSO de Atlanta, (ii) às paradas programadas de 12 dias em Papa-Terra e 21 dias no Parque das Conchas e (iii) à interdição temporária imposta pela ANP na Bacia Potiguar, ainda, assim, haverá um forte crescimento na comparação anual (4T24 teve produção de 39 mil barris/dia).
Para 2026, a companhia pretende realizar a campanha conjunta de Atlanta e Papa-Terra, com o objetivo de perfurar mais 4 novos poços (2 em cada ativo), com a nova produção entrando no 2S26 e compensando o declínio natural ou até permitindo um incremento na produção total.
Por conta dos investimentos necessários nesta campanha (e do patamar do Brent), o ritmo de redução da alavancagem será mais lento no ano que vem, mas, em 2027, a alavancagem poderá ser significativamente reduzida e a companhia estará preparada para discutir sobre a elevação do retorno de capital aos acionistas via dividendos ou recompra de ações.
Ainda que o mercado não enxergue no curto prazo (não sabemos se por uma questão setorial ou por ainda esperar, ao menos, 12 meses fechados de bons resultados), a Brava vem se consolidando com uma empresa cada vez mais focada em eficiência operacional e financeira, deixando de ser uma que apenas promete para ser uma que, de fato, entrega.
Com a aparente irracionalidade do mercado, as ações da Brava passaram a ser negociadas a apenas 4x Ebitda. Desta forma, ainda que já não exista um grande crescimento para entrar na conta, seguiremos comprados em BRAV3, confortáveis com a nossa alocação atual na carteira Nord Small Caps.
Quem é Brava (BRAV3)?
A Brava (antiga 3R Petroleum) é uma companhia do setor de óleo e gás que, até seu IPO (em 2020), operava apenas dois ativos.
Impulsionada pelos recursos captados na oferta inicial e tendo realizado dois follow-ons no ano seguinte, a companhia adquiriu sete novos campos, com destaques para o Polo Potiguar (terrestre) e o Polo Papa-Terra (marítimo).
Após a incorporação de todos os ativos, sua produção se multiplicou por mais de 10x, atingindo quase 50 mil barris de óleo diários.
Além disso, a entrada do Polo Potiguar, que possui ativos como refinaria, unidade de tratamento de gás e terminal aquaviário, reduziu a dependência de suas vendas para a Petrobras, que apresentava descontos elevados na compra de óleo equivalente.
No início de 2024, a então 3R Petroleum anunciou a fusão com outra petroleira da bolsa brasileira, a Enauta, criando a Brava Energia e adicionando, inicialmente, mais 20 mil barris diários à sua produção e 102 milhões de barris às suas reservas provadas (1P).
Agora, a companhia combinada possui produção total (com todos os campos operando em estabilidade) de mais de 90 mil barris diários, podendo chegar a 100 mil em breve.
Como comprar ações da Brava (BRAV3)?
Para investir nas ações da Brava é necessário ter uma conta em uma corretora de valores. A empresa é negociada na B3 sob o ticker BRAV3.

