BEEF3: dividendos garantidos com margens fortes no 2T23
Ainda sendo impactada por uma menor demanda chinesa por carne bovina, tendo em vista alguns fatores negativos (entre eles, o caso atípico de vaca louca no Brasil, que paralisou as exportações por um mês), a Minerva Foods (BEEF3) entregou resultados mais fracos no 2T23 em relação ao mesmo período do ano passado, porém mostrou uma certa recuperação frente ao 1T23.
No 2T23, a companhia teve um volume de abate que totalizou 1,02 milhão de cabeças de gado, praticamente estável na comparação com o 2T22, mas +22% maior que o 1T23. Já o abate de ovinos (das operações da Austrália após a aquisição da ALC), alcançou 912 mil cabeças no período, +12% acima em relação ao primeiro trimestre.
Mesmo com a retomada mais lenta do país asiático afetando a receita proveniente do mercado externo (queda de -20%), as exportações seguem com alta representatividade, de 66% da receita bruta total, e a China se manteve como o principal destino internacional da carne bovina produzida pela Minerva, com 35% da receita de exportações.
Já em termos de receita bruta por origem, o Brasil continua aumentando sua fatia, agora com 47% de seus produtos sendo fabricados internamente. Países como Paraguai, Argentina e Uruguai representam, juntos, 38% da receita da empresa. Já a Austrália, que passou a compor o portfólio da companhia no último trimestre, segue com 7% de participação.
Devido aos fatores de demanda apresentados acima e considerando o dólar em patamares inferiores no 2T23, a Minerva entregou uma receita bruta trimestral de R$ 7,76 bilhões (-13% vs. 2T22), enquanto a receita líquida do frigorífico atingiu R$ 7,28 bilhões no período, o que representa uma queda de -14%.
Com um ciclo positivo do gado no país (maior disponibilidade para o abate = menores preços), os custos apresentaram uma queda maior em relação à receita, de -17%, totalizando R$ 5,76 bilhões. Com isso, o lucro bruto foi de R$ 1,51 bilhão, mantendo-se praticamente estável, enquanto a margem bruta foi de 20,8% — alta de +2,9 p.p.
As despesas com vendas também tiveram queda (-7%), atingindo R$ 565 milhões no trimestre. Porém, as despesas gerais e administrativas apresentaram alta de +56,5%, chegando a R$ 382 milhões, em função de amortizações relacionadas à aquisição da ALC e de impactos na contabilização do Plano de Incentivo de Longo Prazo, aprovado no ano passado.
Sendo assim, o Ebitda consolidado da Minerva foi de R$ 711 milhões (-9%), enquanto a margem Ebitda atingiu 9,8% (+0,6 p.p.). Vale ressaltar que o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, contemplando a performance proforma da ALC, totalizou R$ 2,8 bilhões (mesmo valor apresentado pelo frigorífico no 2T22).
O resultado financeiro (negativo) foi de R$ 427 milhões, o que representa um aumento de +63% e que é explicado, principalmente, por despesas financeiras relacionadas ao hedge cambial executado pela empresa. Com isso, o lucro líquido da Minerva foi de R$ 121 milhões (-72%), e sua margem líquida de apenas 1,7% (-3,4 p.p.).
O fluxo de caixa operacional da companhia foi positivo em R$ 578 milhões no 2T23, com destaque para a variação da necessidade de capital de giro positiva em R$ 62 milhões (vs. R$ -841 milhões no trimestre passado) e a linha de fornecedores que “devolveu” R$ 318 milhões ao caixa. Já o fluxo de caixa livre, após investimento de R$ 187 milhões, foi de R$ 191 milhões.
Agora, a Minerva possui uma posição de caixa de R$ 6,2 bilhões, que permite a ela amortizar seu endividamento até 2025. A dívida bruta encerrou o trimestre em R$ 13,89 bilhões e, com isso, sua dívida líquida foi de R$ 7,69 milhões, e sua alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 2,7x (vs. 2,3x no 2T22).
BEEF3 dividendos
Vale lembrar que a Minerva possui uma política de pagamento de dividendos na ordem de, no mínimo, 50% de seu lucro líquido caso sua alavancagem seja igual ou inferior a 2,5x e, mesmo que o indicador esteja levemente acima, a companhia aprovou mais uma distribuição para o mês de agosto, totalizando um dividend yield (rendimento) atual de quase 6%.
BEEF3: vale investir na Minerva Foods?
A Minerva encerrou o primeiro semestre de 2023 superando, em grande parte, os desafios que surgiram pela frente. Mesmo com um cenário desfavorável, principalmente para sua principal compradora [China], a companhia conseguiu manter uma certa estabilidade em seus resultados, muito em função de sua ampla diversificação operacional (em origem de compra e venda).
Um exemplo disso é que, após a paralisação temporária das exportações para a China, a empresa continuou atendendo o país asiático através de suas plantas em países como Uruguai e Argentina, além de ter expandido o leque de destinos de seus produtos para o México, Norte da África e Oriente Médio. A Minerva seguiu, no 2T23, como a maior exportadora da América do Sul (~20% de market share).
No semestre que passou, as perspectivas negativas quanto à demanda chinesa trouxeram um impacto significativo para as ações da Minerva, que acumulam baixa de -13% no ano. Porém, o semestre que está por vir tende a trazer ventos muito favoráveis para a companhia e, consequentemente, seus papéis.
Com a retomada das exportações para a China e a recuperação do preço de venda da carne in natura, aliadas ao ciclo positivo do gado no Brasil (menores custos para o frigorífico), a Minerva pode reassumir os patamares de receita vistos no final de 2022 e continuar aumentando seu spread de venda – expandindo, assim, suas margens de lucro.
Após as quedas recentes de suas ações e considerando apenas uma leve baixa em seus resultados em meio ao cenário desafiador no 12S3, a Minerva segue negociando a um múltiplo muito atrativo, de 5,5x Ebitda. Com as boas perspectivas para a segunda metade do ano (e para o longo prazo), seguimos recomendando que compre BEEF3!