AURO11: novo ETF de ouro que paga dividendos mensais estreia na B3
AURO11 é o novo ETF de ouro listado na B3 que combina exposição ao metal com renda mensal por meio de opções. Saiba como funciona

A bolsa de valores brasileira, a B3, acaba de receber o AURO11, um novo ETF de ouro que se diferencia dos demais por pagar dividendos mensais aos investidores. O fundo, gerido pela Buena Vista Capital, oferece uma combinação de exposição ao ouro físico com geração de renda por meio da estratégia de opções cobertas (covered call).
O que é o AURO11 e como ele funciona?
O AURO11 replica o índice NEOS Gold High Income BR, que, por sua vez, acompanha o desempenho do NEOS Gold High Income ETF, de modo a seguir o desempenho do ouro físico.
A inovação está na forma como o fundo monetiza essa exposição: por meio da venda de opções de compra (calls) sobre o próprio ativo, gerando prêmios que são convertidos em dividendos para os cotistas.
O produto é inspirado no ETF IAUI, disponível para negociação nos EUA por meio da Neos Investments.
O AURO11 está exposto ao dólar. Isso significa que, além da variação do ouro, sofrerá impactos do câmbio.
Qual é o preço justo do ETF AURO11?
O preço inicial de negociação do ETF AURO11 na Bolsa brasileira foi de R$ 100.

Como o AURO11 gera renda para os investidores?
O AURO11 gera uma renda mensal para os investidores por meio do investimento em uma estratégia escalonada de venda de opções de compra (venda de calls).
A estratégia funciona da seguinte forma: o fundo mantém exposição ao ouro e, todo mês, vende opções de compra (calls) “fora do dinheiro”, ou seja, com preço de exercício acima do valor atual do ouro.
Os prêmios recebidos pela venda dessas opções geram um fluxo de caixa distribuído aos cotistas como dividendos mensais. Sendo assim, são dividendos sintéticos, uma vez que os dividendos não vêm diretamente do ouro, mas sim das opções.
Exemplo prático: o fundo vende uma opção de compra com preço combinado (strike) de R$ 105 e recebe um prêmio de R$ 2. Se, no vencimento, o ouro estiver em R$ 103, a opção não é exercida e, portanto, o fundo fica com os R$ 2 e mantém a exposição ao ouro. No entanto, se o ouro subir para valores acima de R$ 105, para R$ 110, por exemplo, a opção é exercida: o fundo vende por R$ 105, ainda recebe os R$ 2, mas não se beneficia dos R$ 5 de alta acima do strike.
Ou seja, por um lado, fortes altas do ativo subjacente (nesse caso, o ouro) limitam os ganhos do fundo. Por outro lado, a operação oferece uma certa proteção contra fortes quedas, pois receberá o prêmio da opção, ainda que as quedas do ouro ainda prejudiquem o fundo.
Segundo a gestora, o objetivo é entregar um rendimento de dividendos entre 1% e 1,2% ao mês.
Quais os diferenciais do AURO11 na comparação com outros ETFs de ouro?
AURO11 é o primeiro ETF que acompanha o preço do ouro e paga dividendos.
O GOLD11, por exemplo, segue o ouro via o fundo americano iShares Gold Trust (IAU), mas não paga dividendos. Tem exposição ao dólar.
Da mesma forma, o GLDX11 replica o ETF americano OUNZ (VanEck Merk Gold Trust), sem distribuição de rendimentos. Tem exposição ao dólar.
Já o GBTC11 tem uma proposta bem diferente, por envolver não só ouro, mas também bitcoin. O fundo oferece uma alocação dinâmica entre ouro e bitcoin, com a alocação entre os 2 ativos alterando conforme as suas volatilidades. Para entender o funcionamento do GBTC11, clique aqui. Tem exposição ao dólar.
Taxas do AURO11
A taxa de administração é de 0,98% ao ano.
Todos os ETFs do mercado são isentos de come-cotas (ou seja, isentos da antecipação do imposto semestral).
Os ganhos de capital do AURO11 são tributados à alíquota de 15%, independentemente do prazo de aplicação.
Vantagens e riscos do AURO11
Uma das principais vantagens do AURO11 é o pagamento de dividendos mensais gerados pelos prêmios da venda de opções de compra (covered call), ponto positivo para os investidores que gostam de ter dinheiro pingando na conta todo mês.
Além disso, essa estratégia oferece uma proteção moderada em cenários de queda do ouro: embora o valor do fundo acompanhe a commodity, o impacto é suavizado justamente pelos prêmios recebidos, o que ajuda a amortecer as perdas.
Entre os riscos do AURO11 estão a própria volatilidade do preço do ouro e a possibilidade de o fundo não ter demanda para a venda de opções de compra no mercado.
Como comprar o AURO11 na B3?
Para investir no ETF AURO11, basta pesquisar o nome do fundo na sua plataforma de negociação e definir a quantidade de cotas que deseja comprar.
AURO11 é uma boa alternativa de investimento?
Temos uma visão construtiva para o ouro neste momento devido ao aumento da demanda por ouro por parte dos bancos centrais (especialmente China) e pela diversificação da carteira em um contexto de tarifas e incertezas geopolíticas.
A China aumentou significativamente as suas reservas de ouro nos últimos anos, mas nota-se a desaceleração desse movimento nos últimos meses.

Outros bancos centrais também vêm comprando ouro, como a Polônia. No entanto, é importante ressaltar que o ouro está mais caro nesse momento, em razão das fortes altas apresentadas nos últimos anos.
Sendo assim, ainda temos uma visão construtiva para a commodity, mas atentamos para o grau de exposição na carteira.